Carmen e de quem era filha, João Pessanha
Esta era a pergunta mortal. Não há quem, nascido em Campos, lá pelos meados do século passado (Será assim ainda hoje?), não se lembre dela. Era só haver um novo amigo ou namorado a ser apresentado à família, que o indefectível fidiquem vinha certeiro, como incontestável instrumento separador de joios e trigos. Sim, porque se não se soubesse de quem era filho o candidato a entrar naquele novo terreno, toda a gama de preconceitos e temores era posta em ação contra o intruso que se pretendia digno de entrar naquela “nova morada”. Fosse filho de alguém conhecido, ótimo!, estava dada a senha para que a aceitação viesse pronta, assim como um simbólico cartão magnético capaz de abrir qualquer agência da instituição bancária da qual é correntista (Não deve ser à toa que o exemplo que me surge tem a ver com finanças...). Mas se o coitado não fosse filho de alguém conhecido, aí só o tempo diria se teria como adquirir o passaporte seguro para sua pretensão de ter direito a se chegar ao mundo dos que sabiam de antemão o poder de quem eram filhos. Na verdade, mais do que uma simples expressão típica do linguajar local, o fidiquem indicava um jeito extremamente conservador e segregacionista, indicado para manter “cada qual em seu lugar”, reduzindo as chances de uma interessante e democrática diversidade.