POR QUE O SILÊNCIO?
ESTAREI NO CAMINHO DE DESCOBRIR?
7/5/2017
Pequena amostra do contexto...
A vizinha reclama da violência. A prima desanca a roubalheira, xinga seus autores e quer o "nosso" dinheiro de volta. O amigo estremece de ódio só de ouvir falar o nome do temer e de outros membros de sua tropa. A moça franzina puxa conversa no ônibus para falar do medo de andar na rua. A aposentada, pegando remédio na Farmácia Popular, diz que só pode tomar medicamentos gratuitos, os demais não tem como sustentar e sua saúde (precária) que aguente. O síndico se esgoela pelo atraso de alguns proprietários no pagamento do condomínio e tome de dispensar uns e outros funcionários para cortar custos. A madame arregala os olhos ao saber que o filho da empregada não tem mais como ir à escola sem condução gratuita e que a doméstica terá que trazê-lo ao trabalho pelo menos duas vezes por semana. O danado (e careiro) do dono do supermercado da vizinhança alega que está com as prateleiras pouco abastecidas porque a crise o deixou sem recursos para investir...
Esses são alguns dados empíricos, observados a olho nu sem grande esforço por qualquer um de nós, aqui perto ou mais adiante. E como eles, muitíssimos outros poderiam ser descritos como indícios da insatisfação desmedida reinante entre nós, brasileiros. É raiva, revolta e desgosto até dizer chega. Qualquer assunto descamba para o alto grau de maus sentimentos das pessoas com as quais convivemos, com maior ou menor proximidade.
Com um olho no padre, outro na missa, diante da situação constatada, a índole viciadamente inquiridora extrai do íntimo a indagação e me faz indagar: se assim é, se há praticamente um uníssono de desagrado, por que o silêncio no âmbito do coletivo? Por que só os resmungos ao pé do ouvido, as falações individualizadas que apenas aliviam na hora a ranhetice e não servem para nada que faça mudar substancialmente a realidade posta?
(Fundo musical de suspense)
Suspeito de que começo a ter uma resposta plausível a respeito e convido meus 25 seguidores a pensarem comigo...
Sabem o que pensei? Sabem porque só quem tem ido para a rua é a esquerda e quem é contra o golpe de abril de 2016?
Está me parecendo simples, límpido, translúcido: é porque cada qual prefere perder o que tiver que perder - a paz de espírito, a tranquilidade, a segurança financeira, e o que mais for - mas jamais abrir mão da situação de se sentir superior, diferenciado, privilegiado em relação ao conjunto dos mortais. É a velha lógica do matrimônio aplicada ao conjunto da vida em sociedade: "sou infeliz, mas tenho marido". Coisa de quem preza a aparência e o "sabe com quem está falando".
No dia em que aquele que se pretende e se vê como privilegiado perder a arrogância e olhar o outro como também um sujeito de direitos e estivermos juntos na mesma calçada da mesma rua... ah, o mundo, enfim, será um lugar respirável e de possibilidades de vida inteligente e fraterna. VIDA HUMANA.
Ah, Francisco, siga adiante, não desista, para que nossas vozes possam ser reunidas um dia num cântico em uníssono de louvor à justiça social e ao bem querer.
AMÉM!
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