MODOS DE AGIR SE APRENDEM PRESCINDINDO DE PALAVRAS
27/06/2015
As
especialidades do conhecimento humano são mais estapafúrdias do que se possa
imaginar. Eu até já supunha algo por aí, mas quando
fui apresentada à alentada obra História da Lágrima, por minha amiga Ana Chrystina
Mignot, vi mesmo que sempre tem alguém que se interessa pelas mais
diversas temáticas. Estuda-se de tudo. E, com isso, fico à vontade para expor minha inquietação do momento, imaginando que há de haver alguém capaz de me acudir: como se aprendem gestos, atitudes, sem
que nem família nem escola os incluam no rol das prioridades a serem
repassadas às futuras gerações?
A dúvida me chega justo agora que tenho visto
jogos e mais jogos da Copa do mundo e neles percebido o repetido gesto nos
momentos de êxito dos jogadores, independentemente de suas nacionalidades. No
momento após o gol, antes mesmo da comemoração de cada um ao seu próprio jeito,
é lançado um olhar para cima, ao alto das nuvens e do azul do céu. Algo a agradecer em direção ao alto?
Onde as pessoas aprenderam isso?
Por quê? Qual o sentido? Esse olhar contrito, agradecido - quem espalhou pelos
quatro cantos do mundo como o indicado ali naquele momento de alegria pela meta
alcançada? Que direção é essa? Para que ou para quem endereçam o seu olhar? Por
que não um um outro gesto, um som, um abraço em torno do próprio corpo em
momento de êxtase? Não. O gesto parece ser universal, direto a um mesmo ponto,
acima, com os braços estendidos, num diálogo silencioso com um outro tão
invisível quanto à espera do gesto que, com certeza, virá.
As palavras, ao que parece, não
são mesmo o instrumento mais indicado para atingir os corações aflitos e
aprendizes. Então, de onde vem a vocação amplamente praticada entre as pessoas
para expor-se num olhar como que de louvor para o infinito acima de si?
Alguém me ajuda? Pode ser com
palavras mesmo.