O QUE IMPEDE DE SE VER O QUE DE FATO
É?
10/06/2017
Surpreendeu-me sobremaneira durante
estes últimos dias, enquanto se desenrolava a votação da cassação da chapa
Dilma-Temer, no TSE, como foram feitas leituras enviesadas – e até desfocadas e
distorcidas – do que ali estava se passando e que acabou por ter o resultado
que teve. Não foi raro que nas redes sociais, aqui no Facebook em especial,
muitas pessoas tenham enfatizado que Dilma e Temer estavam sendo punidos e que
assim mesmo é que deveria ser: ambos corruptos, ambos enlameados até a alma
pelos tantos e tantos bilhões que abasteceram sua campanha ao Executivo
Nacional, em 2014 – que fossem postos fora de seus cargos de presidente e
vice-presidente da república, imediatamente! Certo. Irretocável. É assim mesmo
em toda e qualquer campanha e que sirva de lição para toda e qualquer eleição
daqui pra frente.
O apoio de vozes e mais vozes em suas
postagens era de que a punição deveria acontecer e, não raro, cheguei a ler
diversas delas aplaudindo a possibilidade de cassação da presidente Dilma. Não
juro, mas o nome que mais aparecia era o da ex-presidente. Também certo. Afinal
ela era a cabeça de chapa. O complemento até natural, diante dessa expectativa,
chegou quando foi anunciada a sentença de absolvição por 4x3, obtida com o já
esperado voto do presidente daquela Corte, o muito justamente execrado (de meu
ponto de vista) Gilmar Mendes.
Pelo andar das sessões e pelas falas
(história e forma de nomeação) dos ministros já podia ser antevisto o resultado
e de fato as vozes que pediam a condenação se frustraram. O empate de 3X3 que
foi sendo construído veio a ganhar o voto decisivo do presidente da Casa e
pronto!, a chapa Dilma-Temer foi absolvida de seu pecado de fazer campanha com
toda aquela incalculável dinheirama alheia. Gilmar Mendes não surpreendeu e
decidiu a questão. Fica Temer!
O que me surpreendeu nisso tudo? O
voto do Gilmar? Não. O voto dos dois nomeados pelo temerário? Também não. O da
Rosa? Quase não, só um cadinho. O do Fux? Também um pouco. A surpresa que me
faz arregalar olhos e me render diante do ponto a que chega vontade (ou
impossibilidade) de ver de algumas pessoas é o discurso de que ali foram
absolvidos Dilma e Temer.
Será que essas pessoas estão
dominadas pela informação tendenciosa, deturpada e equivocada?
Como assim, Dilma foi beneficiada e o
STE foi sujo, calhorda, corrupto, desqualificado por tê-la absolvido, meus
amigos? Que cegueira é essa? Dilma já está fora, minha gente! Vocês se
esqueceram de que bateram panela para ela cair e ser impedida? Ela já está
longe, lá em Porto Alegre, em seu apartamento e há mais de ano não é a nossa
presidente. A sentença de ontem só beneficiou a apenas uma pessoa (e às forças
que ela representa) – o golpista, o marido da moça bonita que recebe flores, o
amigo do “Edgard”, o todo poderoso do PMDB, cupincha do capo Cunha. Ele mesmo:
o chefe da quadrilha e que representa (espero que por poucos dias) todos os
interesses externos e internos que estão a reduzir o Brasil a pó de merda.
Não enxergar isso é se fazer de surdo, cego, no pior sentido de não conseguir perceber os cheiros e sons da podridão que nos avilta.
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