POR QUE O SILÊNCIO?
ESTAREI NO CAMINHO DE DESCOBRIR?
7/5/2017
Pequena amostra do contexto...
A vizinha reclama da violência. A prima desanca a roubalheira, xinga seus autores e quer o "nosso" dinheiro de volta. O amigo estremece de ódio só de ouvir falar o nome do temer e de outros membros de sua tropa. A moça franzina puxa conversa no ônibus para falar do medo de andar na rua. A aposentada, pegando remédio na Farmácia Popular, diz que só pode tomar medicamentos gratuitos, os demais não tem como sustentar e sua saúde (precária) que aguente. O síndico se esgoela pelo atraso de alguns proprietários no pagamento do condomínio e tome de dispensar uns e outros funcionários para cortar custos. A madame arregala os olhos ao saber que o filho da empregada não tem mais como ir à escola sem condução gratuita e que a doméstica terá que trazê-lo ao trabalho pelo menos duas vezes por semana. O danado (e careiro) do dono do supermercado da vizinhança alega que está com as prateleiras pouco abastecidas porque a crise o deixou sem recursos para investir...
Esses são alguns dados empíricos, observados a olho nu sem grande esforço por qualquer um de nós, aqui perto ou mais adiante. E como eles, muitíssimos outros poderiam ser descritos como indícios da insatisfação desmedida reinante entre nós, brasileiros. É raiva, revolta e desgosto até dizer chega. Qualquer assunto descamba para o alto grau de maus sentimentos das pessoas com as quais convivemos, com maior ou menor proximidade.
Com um olho no padre, outro na missa, diante da situação constatada, a índole viciadamente inquiridora extrai do íntimo a indagação e me faz indagar: se assim é, se há praticamente um uníssono de desagrado, por que o silêncio no âmbito do coletivo? Por que só os resmungos ao pé do ouvido, as falações individualizadas que apenas aliviam na hora a ranhetice e não servem para nada que faça mudar substancialmente a realidade posta?
(Fundo musical de suspense)
Suspeito de que começo a ter uma resposta plausível a respeito e convido meus 25 seguidores a pensarem comigo...
Sabem o que pensei? Sabem porque só quem tem ido para a rua é a esquerda e quem é contra o golpe de abril de 2016?
Está me parecendo simples, límpido, translúcido: é porque cada qual prefere perder o que tiver que perder - a paz de espírito, a tranquilidade, a segurança financeira, e o que mais for - mas jamais abrir mão da situação de se sentir superior, diferenciado, privilegiado em relação ao conjunto dos mortais. É a velha lógica do matrimônio aplicada ao conjunto da vida em sociedade: "sou infeliz, mas tenho marido". Coisa de quem preza a aparência e o "sabe com quem está falando".
No dia em que aquele que se pretende e se vê como privilegiado perder a arrogância e olhar o outro como também um sujeito de direitos e estivermos juntos na mesma calçada da mesma rua... ah, o mundo, enfim, será um lugar respirável e de possibilidades de vida inteligente e fraterna. VIDA HUMANA.
Ah, Francisco, siga adiante, não desista, para que nossas vozes possam ser reunidas um dia num cântico em uníssono de louvor à justiça social e ao bem querer.
AMÉM!
Carmen Carmeadora
Aqui há palavras que vão de mim para o mundo, esperando que voltem recriadas, junto a tantas outras, construídas por quem quiser compartilhar este espaço. Entendo ser este um ninho verbal, cujos galhos-palavras podem e devem acolher sentimentos, saberes, expectativas, percursos. O nome? Vem de CARMEAR, “ação de desfazer nós”. Caminhemos, pois. Carmeando.
segunda-feira, 7 de maio de 2018
quinta-feira, 3 de maio de 2018
DA ORDEM DAS INUTILIDADES
EXERCÍCIO DO PENSAR
2/5/2016
(Só perca tempo lendo esta bobice se estiver totalmente à toa)
Leio por aqui uma gentil mensagem vinda de algum dos inúmeros membros desta rede, repassando a seguinte ideia: “faça de você mesmo o centro de seu dia”. Chamamento perfeito para mim, que vivo insistentemente em busca de mim mesma, de minha integralidade. Estava dada a chave irresistível para abrir as minhas primeiras especulações neste novo amanhecer.
Ponho-me em alerta e começo a entrar na trama dessas palavras, em seus sentidos e no que está a propor o conjunto delas, que deve trazer um bom conselho.
Anunciando-se como premissa do que estava posto na superfície das palavras, encontro a proposição de que a mim mesma cabe a ação. Está dado o primeiro passo. Em termos lúdicos, andei uma casa. O fazer é meu e se eu fizer de mim mesma o centro de meu dia, isso será bom. Bom? Onde está escrito isso? Não, aí já é um passo adiante, metendo o bedelho por trás das palavras. Ora, ninguém iria propor um caminho sem saber onde quer chegar. Se não, para que o conselho? A ideia de que devo fazer de mim mesma o centro do mundo só pode ter a sustentá-la a perspectiva de que vale a pena agir assim, o final do dia deve me trazer algo desejável, saboroso, agradável, de algum ponto de vista. Deve, pois, valer a pena. Certamente, o autor propôs tal direção tendo em mente um caminho para algo de bom para cada um. Se não, para quê? Há, pois, imagino, um bom resultado para quem se dispuser a ser o centro de si mesmo.
Continuo minhas especulações, quem sabe dá certo? Imagino que se está postado aqui, é uma proposta que não surgiu assim, assim, do nada. Alguém pensou, imaginou, juntou alhos com bugalhos, e chegou à assertiva que gerou essa sugestão que está correndo mundo, alcançando uns e outros, onde me incluo.
Avanço, então, mais um tanto, já me enlaçando nas palavras do outro e me vejo diante de mais um acréscimo que me levou a entender melhor o que acabava de ler. E, aí, a ideia se amplia e fica mais ou menos assim: “se quer encontrar uma situação de prazer, de realização, no mundo, seja o centro de sua vida”. Ou, dito de outro jeito: “Para se sentir bem no mundo, aja na vida tendo você como o centro de seus dias, começando pelo dia de hoje”.Ou, ainda, numa outra maneira de escrever: “o êxito de seu dia depende de você ao agir como o centro das horas que o compõem”.
Posto isso, no percurso de entendimento que me dispus a traçar, era chegada a hora de enfrentar o cerne da questão: o que pode significar, para mim, fazer de mim mesma o cento de minha vida? Como entender minha individualidade para que ela seja o centro que possa conter a gênese na qual eu possa buscar os elementos para fazer de mim mesma o centro de mim mesma para obter um sentimento de realização pessoal ao final das horas do dia?
Aí é que surgiu a pedra do meio do meu caminho. Frustração das brabas. Danou-se! A boniteza toda dessa “instrução para o bem viver” não serve pra mim. Eu não sou só eu. Em mim há o mundo todo. Eu ser o centro do meu dia envolve a mim mesma na relação com o mundo. Não sou só. Minha individualidade se faz no convívio com as gentes e as coisas do mundo.
Aí fica difícil. Impossível, chego a pensar. Fosse eu cartesiana, pudesse repartir o que só eu sou e o que é só o outro, dava para seguir io conselho alheio. Não sendo assim, resta-me prosseguir convivendo com todas as contradições de todos que se entrecruzam. O centro de meu dia, para ser fiel a mim mesma, contém bem mais do que me deliciar com 6 pães de queijo acompanhados de um capuccino bem cremoso no Café da esquina. Isso, sim, seria só meu, sozinha.
Cá da minha poltroninha gostosa, já com os pés mais protegidos diante da nova temperatura, fico mesmo é querendo que o conselheiro que me inspirou tenha também o entendimento de que não dá para separar o que a natureza e a cultura juntaram para sempre: o cada um e o outro, reciprocamente acolhidos um no âmago do outro. Inseparáveis.
EXERCÍCIO DO PENSAR
2/5/2016
(Só perca tempo lendo esta bobice se estiver totalmente à toa)
Leio por aqui uma gentil mensagem vinda de algum dos inúmeros membros desta rede, repassando a seguinte ideia: “faça de você mesmo o centro de seu dia”. Chamamento perfeito para mim, que vivo insistentemente em busca de mim mesma, de minha integralidade. Estava dada a chave irresistível para abrir as minhas primeiras especulações neste novo amanhecer.
Ponho-me em alerta e começo a entrar na trama dessas palavras, em seus sentidos e no que está a propor o conjunto delas, que deve trazer um bom conselho.
Anunciando-se como premissa do que estava posto na superfície das palavras, encontro a proposição de que a mim mesma cabe a ação. Está dado o primeiro passo. Em termos lúdicos, andei uma casa. O fazer é meu e se eu fizer de mim mesma o centro de meu dia, isso será bom. Bom? Onde está escrito isso? Não, aí já é um passo adiante, metendo o bedelho por trás das palavras. Ora, ninguém iria propor um caminho sem saber onde quer chegar. Se não, para que o conselho? A ideia de que devo fazer de mim mesma o centro do mundo só pode ter a sustentá-la a perspectiva de que vale a pena agir assim, o final do dia deve me trazer algo desejável, saboroso, agradável, de algum ponto de vista. Deve, pois, valer a pena. Certamente, o autor propôs tal direção tendo em mente um caminho para algo de bom para cada um. Se não, para quê? Há, pois, imagino, um bom resultado para quem se dispuser a ser o centro de si mesmo.
Continuo minhas especulações, quem sabe dá certo? Imagino que se está postado aqui, é uma proposta que não surgiu assim, assim, do nada. Alguém pensou, imaginou, juntou alhos com bugalhos, e chegou à assertiva que gerou essa sugestão que está correndo mundo, alcançando uns e outros, onde me incluo.
Avanço, então, mais um tanto, já me enlaçando nas palavras do outro e me vejo diante de mais um acréscimo que me levou a entender melhor o que acabava de ler. E, aí, a ideia se amplia e fica mais ou menos assim: “se quer encontrar uma situação de prazer, de realização, no mundo, seja o centro de sua vida”. Ou, dito de outro jeito: “Para se sentir bem no mundo, aja na vida tendo você como o centro de seus dias, começando pelo dia de hoje”.Ou, ainda, numa outra maneira de escrever: “o êxito de seu dia depende de você ao agir como o centro das horas que o compõem”.
Posto isso, no percurso de entendimento que me dispus a traçar, era chegada a hora de enfrentar o cerne da questão: o que pode significar, para mim, fazer de mim mesma o cento de minha vida? Como entender minha individualidade para que ela seja o centro que possa conter a gênese na qual eu possa buscar os elementos para fazer de mim mesma o centro de mim mesma para obter um sentimento de realização pessoal ao final das horas do dia?
Aí é que surgiu a pedra do meio do meu caminho. Frustração das brabas. Danou-se! A boniteza toda dessa “instrução para o bem viver” não serve pra mim. Eu não sou só eu. Em mim há o mundo todo. Eu ser o centro do meu dia envolve a mim mesma na relação com o mundo. Não sou só. Minha individualidade se faz no convívio com as gentes e as coisas do mundo.
Aí fica difícil. Impossível, chego a pensar. Fosse eu cartesiana, pudesse repartir o que só eu sou e o que é só o outro, dava para seguir io conselho alheio. Não sendo assim, resta-me prosseguir convivendo com todas as contradições de todos que se entrecruzam. O centro de meu dia, para ser fiel a mim mesma, contém bem mais do que me deliciar com 6 pães de queijo acompanhados de um capuccino bem cremoso no Café da esquina. Isso, sim, seria só meu, sozinha.
Cá da minha poltroninha gostosa, já com os pés mais protegidos diante da nova temperatura, fico mesmo é querendo que o conselheiro que me inspirou tenha também o entendimento de que não dá para separar o que a natureza e a cultura juntaram para sempre: o cada um e o outro, reciprocamente acolhidos um no âmago do outro. Inseparáveis.
sábado, 28 de abril de 2018
DA ORDEM DE "A SAÍDA É PELO RISO" (*)
28/04/2016
Esta eu soube agora cedo. E, como soe acontecer, venho contar pra quem quiser saber. É porque não adianta, já desisti de lutar contra mim mesma. Não consigo ser diferente. Fazer o quê? Cismei que meu papel no mundo passa pelo uso das palavras, seja para debater ideias sérias sobre a politica e o cotidiano, seja para rir e fazer rir. E, aí, escrevo, escrevo, escrevo.
Escrever em minha vida exerce, como na própria escrita, o papel de uma vírgula, de um ponto e vírgula ou de um ponto entre um parágrafo e outro. Até a história terminar e chegar o momento do inexorável ponto final. Vou vivendo, dando conta dos meus dias, tenham eles a cor que tiverem, mas, de um intervalinho, de uma pausa, maior ou menor, eu não posso abrir mão. Já é o normal: posso estar no meio da mais rebuscada ou simples tarefa, quando bate a necessidade de escrever, é parar e cumprir "a missão". Isso só não vale para momentos totalmente avessos à possibilidade de dar vida ao desejo, seja por estar acompanhada, no cinema, na rua,... Aí, é anotar no tablet para não esquecer e, logo que possível, escrever.
A historinha de hoje não precisou esperar. Me alcançou ainda na cama, quando começava a dedilhar o celular para trocar teleafetos com aquelas pessoas com quem converso antes mesmo de tomar o meu indispensável Tecta. Então, foi viver o diálogo e vir direto contar aqui.
Quem me contou foi a sobrinha querida. Uma explicação prévia, no entanto, se faz necessária. A criatura vive num luto doentio por conta de um antigo amor e todos nós, que gostamos dela, tentamos de todo modo tirá-la dessa mania de viver deste passado já morto e enterrado. Mas tem sido difícil. Até o momento, tarefa inglória.
Mas, vamos à historinha. Ela me conta que uma sua amiga lhe mandou uma destas mensagens inspiradas que servem de ajuda para quem estiver precisando, seja seu problema de que tipo for. A mensagem, ela me repassou, trazia uma texto bem poético que terminava exatamente assim: "aprenda que você não pode controlar o que acontece com você, mas pode treinar a forma de reagir diante do que lhe acontece."
Pois ela não perdeu tempo. Rindo-se do seu próprio enredo, mais que depressa respondeu ao conselho, dizendo apenas assim:
"Hoje comecei a treinar, com fé, a forma de reagir diante do que me acontece. Veja se assim está bem:
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Agora é só ficar repetindo isso o dia inteiro. Creio que desta vez eu me curo. Dará certo? Estou confiante!"
Tinha eu, com esta mania de escrever, não registrar esta pérola?
(*) Politicamente, claro que é pela esquerda!
28/04/2016
Esta eu soube agora cedo. E, como soe acontecer, venho contar pra quem quiser saber. É porque não adianta, já desisti de lutar contra mim mesma. Não consigo ser diferente. Fazer o quê? Cismei que meu papel no mundo passa pelo uso das palavras, seja para debater ideias sérias sobre a politica e o cotidiano, seja para rir e fazer rir. E, aí, escrevo, escrevo, escrevo.
Escrever em minha vida exerce, como na própria escrita, o papel de uma vírgula, de um ponto e vírgula ou de um ponto entre um parágrafo e outro. Até a história terminar e chegar o momento do inexorável ponto final. Vou vivendo, dando conta dos meus dias, tenham eles a cor que tiverem, mas, de um intervalinho, de uma pausa, maior ou menor, eu não posso abrir mão. Já é o normal: posso estar no meio da mais rebuscada ou simples tarefa, quando bate a necessidade de escrever, é parar e cumprir "a missão". Isso só não vale para momentos totalmente avessos à possibilidade de dar vida ao desejo, seja por estar acompanhada, no cinema, na rua,... Aí, é anotar no tablet para não esquecer e, logo que possível, escrever.
A historinha de hoje não precisou esperar. Me alcançou ainda na cama, quando começava a dedilhar o celular para trocar teleafetos com aquelas pessoas com quem converso antes mesmo de tomar o meu indispensável Tecta. Então, foi viver o diálogo e vir direto contar aqui.
Quem me contou foi a sobrinha querida. Uma explicação prévia, no entanto, se faz necessária. A criatura vive num luto doentio por conta de um antigo amor e todos nós, que gostamos dela, tentamos de todo modo tirá-la dessa mania de viver deste passado já morto e enterrado. Mas tem sido difícil. Até o momento, tarefa inglória.
Mas, vamos à historinha. Ela me conta que uma sua amiga lhe mandou uma destas mensagens inspiradas que servem de ajuda para quem estiver precisando, seja seu problema de que tipo for. A mensagem, ela me repassou, trazia uma texto bem poético que terminava exatamente assim: "aprenda que você não pode controlar o que acontece com você, mas pode treinar a forma de reagir diante do que lhe acontece."
Pois ela não perdeu tempo. Rindo-se do seu próprio enredo, mais que depressa respondeu ao conselho, dizendo apenas assim:
"Hoje comecei a treinar, com fé, a forma de reagir diante do que me acontece. Veja se assim está bem:
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Agora é só ficar repetindo isso o dia inteiro. Creio que desta vez eu me curo. Dará certo? Estou confiante!"
Tinha eu, com esta mania de escrever, não registrar esta pérola?
(*) Politicamente, claro que é pela esquerda!
quinta-feira, 26 de abril de 2018
Dos olhos para a garganta – novo movimento dos sentires maternos
26/04/2014
Quem lê o que vez por outra escrevo já se deparou com minhas insistentes confissões do quanto não sei coisas. Já até pôde ler a relação dos meus especialistas-amigos de plantão que me socorrem para me abastecer das respostas que não sei sobre como lidar com o dia-a-dia, desde a febre do filho pequeno até a melhor maneira de guardar mantimentos ou fazer o acabamento de uma costura em ponto de cruz. Não é falha do mundo, não. A incapacidade nasceu comigo e, pelo andar da carruagem, comigo seguirá até o fim. Mas há uma coisinha ou outra sobre a qual eu julgo ter algum pequeno comentário a fazer. Em outras palavras e sem medo de errar, posso garantir que sobre uma experiência ou outra, bem que eu tenho alguma coisa a ensinar, um pouquinho que seja... Em geral, é sobre coisas do sentimento, daquilo que fere a alma e espeta o peito. Não é ser dramática, não, mas uma delas é sobre a dor de perder um filho. Felizmente, não por vivê-la, na própria carne, mas por ver minha mãe perder aquele que era um seu filho, além de jovenzinho, muito particularmente adorado. Aliás, Maninho tinha um fascínio especial ao qual nos dobrávamos, ela e eu. Então, ver uma mãe, a minha mãe, sofrer a dor da perda de um filho, eu vi e trago comigo o que vi e senti. E lá se vão muitos e muitos anos. Foram meses acamada, conosco em torno, ela sem conseguir voltar à realidade, tomada por um pranto interminável, até mesmo às vezes transformado num riso descontrolado que a nós deixava perplexos e atormentados. Seus olhos e possibilidades de viver realmente custaram muito a retomarem a cor novamente...
Por que penso nisso há alguns dias? Por um motivo que se banaliza entre nós e que me ensina que em cinquenta anos a dor de perder filhos tem outras formas de se manifestar. Hoje em dia, torna-se cada vez mais corriqueiro as mães que perdem filhos não terem sequer tempo de chorar. A dor tem outras formas de sair para o mundo: mal recebem a notícia, os olhos não são mais os portadores das lágrimas que tentam aliviar a dor que atinge em cheio o coração materno. É a garganta o novo órgão capaz de expressar a dor que não se explica. É por meio dos incessantes gritos de pedido de justiça que a dor escapa. Se é que escapa... Ou seja: nem de lágrimas as mães de hoje em dia podem se servir para lavar seu sentimento de fracasso e a interrupção de um caminho comum com aquele com quem vinha dividindo o mundo. A antiga sensação – coisa instintiva mesmo – de chorar apenas por total impossibilidade de se servir de outro recurso que não o choro – foi superado pelas novas circunstâncias históricas. Perder filhos exige frieza e bons pulmões para se fazer ouvir. E sem certeza NENHUMA do resultado que virá.
Estou ficando amarga. Amigos, precisamos nos juntar de algum modo. Sozinhos, nem lágrimas nem gritos serão jamais ouvidos.
26/04/2014
Quem lê o que vez por outra escrevo já se deparou com minhas insistentes confissões do quanto não sei coisas. Já até pôde ler a relação dos meus especialistas-amigos de plantão que me socorrem para me abastecer das respostas que não sei sobre como lidar com o dia-a-dia, desde a febre do filho pequeno até a melhor maneira de guardar mantimentos ou fazer o acabamento de uma costura em ponto de cruz. Não é falha do mundo, não. A incapacidade nasceu comigo e, pelo andar da carruagem, comigo seguirá até o fim. Mas há uma coisinha ou outra sobre a qual eu julgo ter algum pequeno comentário a fazer. Em outras palavras e sem medo de errar, posso garantir que sobre uma experiência ou outra, bem que eu tenho alguma coisa a ensinar, um pouquinho que seja... Em geral, é sobre coisas do sentimento, daquilo que fere a alma e espeta o peito. Não é ser dramática, não, mas uma delas é sobre a dor de perder um filho. Felizmente, não por vivê-la, na própria carne, mas por ver minha mãe perder aquele que era um seu filho, além de jovenzinho, muito particularmente adorado. Aliás, Maninho tinha um fascínio especial ao qual nos dobrávamos, ela e eu. Então, ver uma mãe, a minha mãe, sofrer a dor da perda de um filho, eu vi e trago comigo o que vi e senti. E lá se vão muitos e muitos anos. Foram meses acamada, conosco em torno, ela sem conseguir voltar à realidade, tomada por um pranto interminável, até mesmo às vezes transformado num riso descontrolado que a nós deixava perplexos e atormentados. Seus olhos e possibilidades de viver realmente custaram muito a retomarem a cor novamente...
Por que penso nisso há alguns dias? Por um motivo que se banaliza entre nós e que me ensina que em cinquenta anos a dor de perder filhos tem outras formas de se manifestar. Hoje em dia, torna-se cada vez mais corriqueiro as mães que perdem filhos não terem sequer tempo de chorar. A dor tem outras formas de sair para o mundo: mal recebem a notícia, os olhos não são mais os portadores das lágrimas que tentam aliviar a dor que atinge em cheio o coração materno. É a garganta o novo órgão capaz de expressar a dor que não se explica. É por meio dos incessantes gritos de pedido de justiça que a dor escapa. Se é que escapa... Ou seja: nem de lágrimas as mães de hoje em dia podem se servir para lavar seu sentimento de fracasso e a interrupção de um caminho comum com aquele com quem vinha dividindo o mundo. A antiga sensação – coisa instintiva mesmo – de chorar apenas por total impossibilidade de se servir de outro recurso que não o choro – foi superado pelas novas circunstâncias históricas. Perder filhos exige frieza e bons pulmões para se fazer ouvir. E sem certeza NENHUMA do resultado que virá.
Estou ficando amarga. Amigos, precisamos nos juntar de algum modo. Sozinhos, nem lágrimas nem gritos serão jamais ouvidos.
REPUGNÂNCIA
26/04/2017
(Chegando de Atafona)
Voltar à casa e sentir-se desconfortável. Estranhamento diante do que sempre foi berço. Remexer-se dentre de si mesma para ver se a alma se ajeita no interior do corpo e não encontrar o emparelhamento do invólucro com as entranhas. Esquisitice no sentir e no reencontro com o que sempre foi familiar e escolha.
Tudo no lugar e tudo em desacerto. A beleza e o que sempre quis está aqui. O que antes vim escolhendo pela vida afora e colocando em cada canto – tudo em ordem: do galinho colorido que veio da terra portuguesa à minha foto com Luna na cabeceira. Tudo tão o mesmo quanto pouco íntimo e receptivo.
Que sensação será esta?
Verdade: desta vez não teve mergulho nas “minhas” águas douradas, aquelas que me reabastecem para a volta ao ambiente de seguir em frente. Na calha da minha parca vontade diante da mãe natureza, em Atafona os dias foram de alguma ou muita chuva e de mais acolhida familiar-afetiva em torno de intermináveis trocas do que de sol e conversas à beira mar e mergulhos. O corpo não vagou por entre as ondas de águas tíbias, como soe acontecer anos a fio, na minha medicalização particular de resistência às agruras da vida.
Volto. Cá estou. Meu quarto, meu espaço mais íntimo, meu delicioso ninho me acolhem. A tarde é sonolenta e de readaptação à rotina e a seus cheiros, cores e plasticidade. Me ajeito, me banho, me situo. Mas...
Sei não, mas toda a construção de uma vida inteira que me rodeia em minha deliciosa casa de viver e toda a restauração que sempre veio da praia da infância em seus véus de proteção estão fora de prumo. Onde a esperança? Quando a possibilidade? De onde o movimento de construção do novo? Por que o desconforto?
Tempo de pensar. Intervalo na escrita. Busca. Reflexão.
Uma hipótese (a que me vem e me domina): só eu sei o que significou a desorientação de que fui acometida, em meio à pureza da fé daquelas pessoas simples com quem reencontro a cada ano na Festa da Penha, na interação com a santa de sua fé. É, talvez seja isto: como me fez o peito apertar de mágoa, em plena missa campal, em que meu olhar e meu coração se abastecem não propriamente da religião ali professada, mas das vivas imagens de crença e piedade do arrebatamento dos fieis, ouvir ser anunciada ao microfone a presença de um profissional da política sem nenhum vínculo com aquela terra e aquele trecho de mar tão especial e sofrido onde o Paraíba do Sul despeja o que lhe resta de vida. Um estranho no ninho plantando alguma sórdida semente em busca de alguns votinhos por lá quando se fizer a hora?
Ah, Atafona..., foi realmente lamentável. Mas, felizmente, por mais que essa seja a fétida mistura que muitos e muitos estejam espalhando diante de nossos narizes, há um outro movimento que já consegue vislumbrar as intenções desprezíveis escondidas por trás dessas fisionomias que de cristãs não têm nem a sombra projetada no chão cru das areias por onde pisam.
Dê meia volta e pegue a estrada de volta, meu senhor! O "negócio" aqui é outro e dele sua alma pragmática não parece entender. Sinceramente, creio que não lhe diz respeito.
26/04/2017
(Chegando de Atafona)
Voltar à casa e sentir-se desconfortável. Estranhamento diante do que sempre foi berço. Remexer-se dentre de si mesma para ver se a alma se ajeita no interior do corpo e não encontrar o emparelhamento do invólucro com as entranhas. Esquisitice no sentir e no reencontro com o que sempre foi familiar e escolha.
Tudo no lugar e tudo em desacerto. A beleza e o que sempre quis está aqui. O que antes vim escolhendo pela vida afora e colocando em cada canto – tudo em ordem: do galinho colorido que veio da terra portuguesa à minha foto com Luna na cabeceira. Tudo tão o mesmo quanto pouco íntimo e receptivo.
Que sensação será esta?
Verdade: desta vez não teve mergulho nas “minhas” águas douradas, aquelas que me reabastecem para a volta ao ambiente de seguir em frente. Na calha da minha parca vontade diante da mãe natureza, em Atafona os dias foram de alguma ou muita chuva e de mais acolhida familiar-afetiva em torno de intermináveis trocas do que de sol e conversas à beira mar e mergulhos. O corpo não vagou por entre as ondas de águas tíbias, como soe acontecer anos a fio, na minha medicalização particular de resistência às agruras da vida.
Volto. Cá estou. Meu quarto, meu espaço mais íntimo, meu delicioso ninho me acolhem. A tarde é sonolenta e de readaptação à rotina e a seus cheiros, cores e plasticidade. Me ajeito, me banho, me situo. Mas...
Sei não, mas toda a construção de uma vida inteira que me rodeia em minha deliciosa casa de viver e toda a restauração que sempre veio da praia da infância em seus véus de proteção estão fora de prumo. Onde a esperança? Quando a possibilidade? De onde o movimento de construção do novo? Por que o desconforto?
Tempo de pensar. Intervalo na escrita. Busca. Reflexão.
Uma hipótese (a que me vem e me domina): só eu sei o que significou a desorientação de que fui acometida, em meio à pureza da fé daquelas pessoas simples com quem reencontro a cada ano na Festa da Penha, na interação com a santa de sua fé. É, talvez seja isto: como me fez o peito apertar de mágoa, em plena missa campal, em que meu olhar e meu coração se abastecem não propriamente da religião ali professada, mas das vivas imagens de crença e piedade do arrebatamento dos fieis, ouvir ser anunciada ao microfone a presença de um profissional da política sem nenhum vínculo com aquela terra e aquele trecho de mar tão especial e sofrido onde o Paraíba do Sul despeja o que lhe resta de vida. Um estranho no ninho plantando alguma sórdida semente em busca de alguns votinhos por lá quando se fizer a hora?
Ah, Atafona..., foi realmente lamentável. Mas, felizmente, por mais que essa seja a fétida mistura que muitos e muitos estejam espalhando diante de nossos narizes, há um outro movimento que já consegue vislumbrar as intenções desprezíveis escondidas por trás dessas fisionomias que de cristãs não têm nem a sombra projetada no chão cru das areias por onde pisam.
Dê meia volta e pegue a estrada de volta, meu senhor! O "negócio" aqui é outro e dele sua alma pragmática não parece entender. Sinceramente, creio que não lhe diz respeito.
quinta-feira, 22 de março de 2018
AULA DE HISTÓRIA
(Uma versão plausível para os meus netos)
Era uma vez um país que estava se tornando mundialmente reconhecido, até provocando um certo alvoroço junto aos elementos centrais do capitalismo, até mesmo por criar mecanismos alternativos de integração econômica (os BRICS) frente aos tradicionais imperadores dominantes, e até gerando um certo incômodo por seu enorme potencial frente ao mercado mundial. Internamente, a sua população, que convivia, historicamente, com inúmeras dificuldades, notadamente em relação aos atendimentos de saúde e de educação, sempre bastante precários, neste novo tempo, por força de algumas políticas sociais que passaram a ser adotadas pelos governantes de então, obteve proezas de grande vulto: teve a sua parcela mais sacrificada excluída da zona de miséria mais aguda, deixando de estar na Zona de Pobreza Extrema, índice aferido pela ONU, o que se constituiu num feito admirável; segmentos carentes da sociedade passaram a ser beneficiados como nunca e algumas mudanças passaram a ser visíveis em termos de acesso aos bens culturais, antes exclusivos das camadas mais abastadas – o acesso à Universidade, por exemplo, a saúde descentralizada a seu alcance, o usufruto de viagens dentro e fora do país, a realização de viagens de estudo para fora do país em centros de excelência acadêmica, dentre outros.
O seu governante, um operário de pouca instrução, passou a ser internacionalmente aclamado como um líder de rara competência política e dezenas de Universidade e outras instituições similares a ele atribuíram títulos e honrarias jamais atribuídos a quaisquer outros presidentes daquele Estado em todos os tempos.
De repente, tudo começou a mudar e o país entrou numa crise sem precedentes, trazendo consequências inimagináveis para seu povo e suas lideranças que, mesmo que ainda aclamadas por grande parte da população, caíram em desgraça. Cientistas, chamados dos mais afamados centros de pesquisa foram reunidos, passaram a estudar o fenômeno e desenvolveram esforços amplos e profundos para compreender o ocorrido.
Empiricamente, o renomado grupo reuniu os seguintes dados e sobre eles tem-se debruçado para buscar alguma explicação plausível para o ocorrido e já começa a especular a possibilidade de ter havido uma ação de âmbito internacional para desestabilizar o país, enfraquecendo seu moral e economia internos, abrindo suas portas para o grande capital, num gesto maquinado pelo Império em seu desejo de garantir e ampliar seu espaço no mundo globalizado dos negócios, até mesmo pelo crescimento que a China nas últimas décadas. São eles:
• O primeiro – a PETROBRAS, destacadíssima empresa do ramo petrolífero em termos mundiais, passou a contar com uma campanha jamais vista de desmoralização, em função da qual enfrentou uma difamação por força da denúncias de antigos e enraizados processos de corrupção que passaram a ser divulgados ininterruptamente, como se fosse um processo iniciado no governo que promoveu as mudanças no país. Tal estratégia abriu à opinião pública o aceite de que empresas estrangeiras passassem a explorar o pré-sal, riqueza inestimável que vinha sendo saudada internacionalmente como um capital de valor incalculável, recém descoberto pela empresa. E o capital internacional passou a explorar as riquezas petrolíferas do país, já que a PETROBRAS estava moralmente desqualificada e indefensável perante quem que quer fosse.
• O momento seguinte trouxe a desmoralização das maiores empresas de engenharia do país, que passaram a ser destruídas, também por força de denúncias de corrupção que as obrigou praticamente a interromper suas atividades, demitindo milhares de funcionários. Obras foram interrompidas e tais empresas viram suas atividades paralisadas, deixando regiões e mais regiões em estado de abandono e famílias em situação de extrema precariedade, com a elevação dos índices de desemprego a níveis alarmantes. O país ganha destaque em todo o mundo pela corrupção que grassa em seu interior e sua credibilidade cai, não só perante organismos financeiros internacionais como perante a opinião pública mundial. Importantes filhos de seu solo o abandonam e passam a entender que o lugar em que nasceram é intrinsecamente desonesto e genuinamente incapaz de ser um bom abrigo para os seus. A entrega dos bens nacionais a estrangeiros passa a ser vista até como desejável, já que internamente não há capacidade nem de gestão nem de produção eficaz.
• Recentemente, um ataque inesperado e injusto teve por foco as maiores empresas exportadoras de carne do país, que passaram por um vexame em rede nacional, de imediata e drástica repercussão planetária, sendo acusadas de corrupção e imundícies sem precedentes, na produção de seus produtos, fazendo com que o mercado internacional passasse a cancelar encomendas dos frigoríficos nacionais. O mercado externo se beneficia, os competidores internacionais crescem diante da infame propaganda anti-nacional que a todos surpreendeu, dentro e fora do país.
Não sei se faz sentido, mas de minha parte eu recomendaria aos cientistas que desistissem de ir adiante. Só esses três acontecimentos parecem gerar uma versão bastante lógica para se pensar que há uma orquestração vinda de outras bandas, com cúmplices dentro do próprio país para fazê-lo vir ao chão. Afinal de contas, o que lá sucedeu é mais inexplicável, inconcebível mesmo, do que a construção das pirâmides do Egito e a existência das Linhas de Nazca, no Peru.
(Uma versão plausível para os meus netos)
Era uma vez um país que estava se tornando mundialmente reconhecido, até provocando um certo alvoroço junto aos elementos centrais do capitalismo, até mesmo por criar mecanismos alternativos de integração econômica (os BRICS) frente aos tradicionais imperadores dominantes, e até gerando um certo incômodo por seu enorme potencial frente ao mercado mundial. Internamente, a sua população, que convivia, historicamente, com inúmeras dificuldades, notadamente em relação aos atendimentos de saúde e de educação, sempre bastante precários, neste novo tempo, por força de algumas políticas sociais que passaram a ser adotadas pelos governantes de então, obteve proezas de grande vulto: teve a sua parcela mais sacrificada excluída da zona de miséria mais aguda, deixando de estar na Zona de Pobreza Extrema, índice aferido pela ONU, o que se constituiu num feito admirável; segmentos carentes da sociedade passaram a ser beneficiados como nunca e algumas mudanças passaram a ser visíveis em termos de acesso aos bens culturais, antes exclusivos das camadas mais abastadas – o acesso à Universidade, por exemplo, a saúde descentralizada a seu alcance, o usufruto de viagens dentro e fora do país, a realização de viagens de estudo para fora do país em centros de excelência acadêmica, dentre outros.
O seu governante, um operário de pouca instrução, passou a ser internacionalmente aclamado como um líder de rara competência política e dezenas de Universidade e outras instituições similares a ele atribuíram títulos e honrarias jamais atribuídos a quaisquer outros presidentes daquele Estado em todos os tempos.
De repente, tudo começou a mudar e o país entrou numa crise sem precedentes, trazendo consequências inimagináveis para seu povo e suas lideranças que, mesmo que ainda aclamadas por grande parte da população, caíram em desgraça. Cientistas, chamados dos mais afamados centros de pesquisa foram reunidos, passaram a estudar o fenômeno e desenvolveram esforços amplos e profundos para compreender o ocorrido.
Empiricamente, o renomado grupo reuniu os seguintes dados e sobre eles tem-se debruçado para buscar alguma explicação plausível para o ocorrido e já começa a especular a possibilidade de ter havido uma ação de âmbito internacional para desestabilizar o país, enfraquecendo seu moral e economia internos, abrindo suas portas para o grande capital, num gesto maquinado pelo Império em seu desejo de garantir e ampliar seu espaço no mundo globalizado dos negócios, até mesmo pelo crescimento que a China nas últimas décadas. São eles:
• O primeiro – a PETROBRAS, destacadíssima empresa do ramo petrolífero em termos mundiais, passou a contar com uma campanha jamais vista de desmoralização, em função da qual enfrentou uma difamação por força da denúncias de antigos e enraizados processos de corrupção que passaram a ser divulgados ininterruptamente, como se fosse um processo iniciado no governo que promoveu as mudanças no país. Tal estratégia abriu à opinião pública o aceite de que empresas estrangeiras passassem a explorar o pré-sal, riqueza inestimável que vinha sendo saudada internacionalmente como um capital de valor incalculável, recém descoberto pela empresa. E o capital internacional passou a explorar as riquezas petrolíferas do país, já que a PETROBRAS estava moralmente desqualificada e indefensável perante quem que quer fosse.
• O momento seguinte trouxe a desmoralização das maiores empresas de engenharia do país, que passaram a ser destruídas, também por força de denúncias de corrupção que as obrigou praticamente a interromper suas atividades, demitindo milhares de funcionários. Obras foram interrompidas e tais empresas viram suas atividades paralisadas, deixando regiões e mais regiões em estado de abandono e famílias em situação de extrema precariedade, com a elevação dos índices de desemprego a níveis alarmantes. O país ganha destaque em todo o mundo pela corrupção que grassa em seu interior e sua credibilidade cai, não só perante organismos financeiros internacionais como perante a opinião pública mundial. Importantes filhos de seu solo o abandonam e passam a entender que o lugar em que nasceram é intrinsecamente desonesto e genuinamente incapaz de ser um bom abrigo para os seus. A entrega dos bens nacionais a estrangeiros passa a ser vista até como desejável, já que internamente não há capacidade nem de gestão nem de produção eficaz.
• Recentemente, um ataque inesperado e injusto teve por foco as maiores empresas exportadoras de carne do país, que passaram por um vexame em rede nacional, de imediata e drástica repercussão planetária, sendo acusadas de corrupção e imundícies sem precedentes, na produção de seus produtos, fazendo com que o mercado internacional passasse a cancelar encomendas dos frigoríficos nacionais. O mercado externo se beneficia, os competidores internacionais crescem diante da infame propaganda anti-nacional que a todos surpreendeu, dentro e fora do país.
Não sei se faz sentido, mas de minha parte eu recomendaria aos cientistas que desistissem de ir adiante. Só esses três acontecimentos parecem gerar uma versão bastante lógica para se pensar que há uma orquestração vinda de outras bandas, com cúmplices dentro do próprio país para fazê-lo vir ao chão. Afinal de contas, o que lá sucedeu é mais inexplicável, inconcebível mesmo, do que a construção das pirâmides do Egito e a existência das Linhas de Nazca, no Peru.
quarta-feira, 21 de março de 2018
O RISCO DE SER ABERTA A PORTEIRA DO ARBÍTRIO
21/03/2016
(sem fazer prosa bonitinha, só pensando alto)
Se por um acaso nós, brasileiros, permitirmos que a Constituição Federal, a nossa Carta Magna, seja desrespeitada, em qualquer de suas determinações, estaremos chancelando, avalizando, autorizando as seguintes situações como totalmente possíveis, razoáveis, aceitas:
- o vizinho neurótico pretender mudar a convenção do prédio para impedir crianças, em plena luz do dia, de transitarem pelos corredores, fazendo ruídos, como crianças que são;
- a mãe preconceituosa sugerir à diretora de escola que "dê um jeitinho" para não matricular crianças "diferentes" para não atrapalhar o ritmo da maioria, os ditos "normais";
- a vizinha de porta dar queixa ao síndico porque teve que dividir o elevador com a diarista negra que chegava ao trabalho e tinha ares de "metida";
- a mãe moralista ir pedir mudanças na escola de sua filha de 3 anos pelo fato de a professora ter brincado com a turma, dando um gostoso banho de mangueira, com os pequenos de calcinha e cueca, quando o calor mostrava-se insuportável no meio da manhã;
- a síndica, arbitrariamente, ter a si própria e a seus próprios valores e crenças, como referência para determinar o que pode e o que não pode no cotidiano da comunidade;
- o diretor de escola dividir as turmas por aproveitamento, sem "misturar" quem quer que seja, para "dar no couro dos melhores" e estes terem sucesso no ENEM e serem propaganda viva e gratuita da instituição...
Se a Lei Maior é desrespeitada, o vale-tudo se instala. As regras, quaisquer delas, em qualquer espaço coletivo, poderão ser manipuladas, contornadas, adaptadas para agrado de uns e outros. E aí, não serão apenas os pobres que perderão (estes quase sempre já perdem), mas é o neto autista do cunhado, a prima de meu colega, a minha filha, o seu afilhado, todos nós: eu, tu, ele, nós, vós, eles.
E ATENÇÃO! EM CADA HIPÓTESE QUE EU LEVANTEI, VOCÊ PODE SER O LADO FRACO DA HISTÓRIA (a mãe do menino autista, o pai do menino que não foi selecionado para a turma dos "bons", ou seja, o lado prejudicado da história...)
21/03/2016
(sem fazer prosa bonitinha, só pensando alto)
Se por um acaso nós, brasileiros, permitirmos que a Constituição Federal, a nossa Carta Magna, seja desrespeitada, em qualquer de suas determinações, estaremos chancelando, avalizando, autorizando as seguintes situações como totalmente possíveis, razoáveis, aceitas:
- o vizinho neurótico pretender mudar a convenção do prédio para impedir crianças, em plena luz do dia, de transitarem pelos corredores, fazendo ruídos, como crianças que são;
- a mãe preconceituosa sugerir à diretora de escola que "dê um jeitinho" para não matricular crianças "diferentes" para não atrapalhar o ritmo da maioria, os ditos "normais";
- a vizinha de porta dar queixa ao síndico porque teve que dividir o elevador com a diarista negra que chegava ao trabalho e tinha ares de "metida";
- a mãe moralista ir pedir mudanças na escola de sua filha de 3 anos pelo fato de a professora ter brincado com a turma, dando um gostoso banho de mangueira, com os pequenos de calcinha e cueca, quando o calor mostrava-se insuportável no meio da manhã;
- a síndica, arbitrariamente, ter a si própria e a seus próprios valores e crenças, como referência para determinar o que pode e o que não pode no cotidiano da comunidade;
- o diretor de escola dividir as turmas por aproveitamento, sem "misturar" quem quer que seja, para "dar no couro dos melhores" e estes terem sucesso no ENEM e serem propaganda viva e gratuita da instituição...
Se a Lei Maior é desrespeitada, o vale-tudo se instala. As regras, quaisquer delas, em qualquer espaço coletivo, poderão ser manipuladas, contornadas, adaptadas para agrado de uns e outros. E aí, não serão apenas os pobres que perderão (estes quase sempre já perdem), mas é o neto autista do cunhado, a prima de meu colega, a minha filha, o seu afilhado, todos nós: eu, tu, ele, nós, vós, eles.
E ATENÇÃO! EM CADA HIPÓTESE QUE EU LEVANTEI, VOCÊ PODE SER O LADO FRACO DA HISTÓRIA (a mãe do menino autista, o pai do menino que não foi selecionado para a turma dos "bons", ou seja, o lado prejudicado da história...)
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