quinta-feira, 15 de dezembro de 2016


A HISTÓRICA HISTÓRIA DE ANDAR NA CONTRAMÃO DA HISTÓRIA
(Escrito em 15/12/2016)

Quando ontem, 38 anos depois, ao escrever para Mari, eu relembrei e me dei conta de que até naquele momento - quando é comum vermos nos filmes e novelas e ouvir de amigas, quando do anúncio da gravidez, as mulheres serem as donas da situação - e eu, em minha condição de MULHER, não ter sido a atriz protagonista de uma história (mais minha do que de qualquer outra pessoa), dei de pensar, meio em estado de aparvalhamento. Foi o pai quem foi ao laboratório confirmar a hipótese de que eu seria mãe e foi o pai que me deu a notícia, num corredor de uma repartição pública, o quarto andar da Rua do Passeio, 62 (se bem me lembro o número), onde funcionava a secretaria de educação do Estado. Não posso jurar, mas, quase peço a bíblia para pôr sobre ela a minha mão envelhecida e garantir que devia estar saindo de alguma reunião para debater alguma medida para a educação que sempre foi devida - e cada vez mais o é - aos nossos alunos e alunas da escola pública. O coletivo a toda e o individual sequinho, sem poesia, pouco ou nada feminino.


Ando amarga. Muito amarga. Não sendo o delicioso que a gloriosa Celma faz na casa de Inesia Abreu, qualquer outro jiló perde de muito pra mim. A sensação é a de que não tive tempo para as maneirices de uma mulher que poderia gastar tempo para surpresinhas e arremedos de charme e poses sedutoras para o seu homem, até mesmo numa ocasião única na qual poderia aproveitar de sua privilegiada condição de ser mulher-mãe.


Creio que hoje à tarde, no meu pós-almoço, vou rever pela trigésima vez "Uma linda mulher", colocar-me a pensar em Richard Gere, imaginando-me a irresistível Julia Roberts. Na ficção eu sou uma diva. Dará certo?


Um pouco de alienação, por favor!

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Eu, a caminho do trabalho, no Rio, grávida de Mariana Lozza.


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