DIZER PRAIANO
(Escrito em 12/12/2015)
O muro é clarinho, clarinho, quase juro ser branco, caiado, como costuma ser por lá. Pro meu gosto, meio alto demais, já que nada permite ver do que lhe vai por dentro. Sem alternativa no âmbito da objetividade, do preto no branco, do que é visto por fora, dou de imaginar. Por trás dele, do muro, o quê? É como vício: começo a ver do visível. O que mostra dá chance de começar a ver? Muito bem. Não dá? Invento. Uma piscina, como muitos, esquecidos das maravilhas do banho de mar, andam fazendo por lá por Atafoninha? Um tanto de grama ou aquele delicioso tapete do praiano "mineirinho" se fazendo de gramado, e ótimo? Ha, já sei, aquela varanda com uma rede velhusca meio abandonada pelos donos que tardam mais do que o razoável a vir até aqui aproveitar das delícias dessa praia e de seus encantos? Ou não, não é nada disso, e é o costumeiro punhado de papoulas gigantes, em ala, encostadinho no muro ocultador, flores que tanto aprecio, maiores que minhas mãos abertas quando as coloco em exercício contra artrose? ... Ou...
Vá saber... De concreto, só fica mesmo a parede alta e clara. Mas, como a me cutucar para me fazer pensar por outro ângulo, já que por dentro dele nada consigo vislumbrar, leio a frase, escrita nele mesmo, por fora, frase com total sentido, escrita com letras bem escuras, a me provocar pensamentos e suposições as mais estapafúrdias: "CONVICÇÕES SÃO CÁRCERES." E, com ela, abre-se para mim o caminho de hipóteses, análises, questões, indagações, entendimentos e arrepios... O lado de dentro perdeu prioridade. O que está à vista já dá o que viver.
Desta vez, além do mar verde-cana num dia e dourado no outro, além do conforto espiritual pelas conversas com pessoas que amo profundamente, além dos prazeres da boa mesa e da boa cama, a minha Atafona vem comigo de volta pra casa, em dizeres a serem pensados e repensados à luz das crenças e entendimentos de uma vida inteira.
CONVICÇÕES SÃO CÁRCERES?
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