ESCAMBOS DE ESPERANÇAS
(Escrito em 12/12/2016)
Minha querida amiga, especial como ela só, Cecilia Goulart,
nos traz Quintana falando da fuga de casa de Tolstói, aos 80 anos, o que acaba
por levá-lo à morte. A beleza tão crua do que diz - "não são todos que
realizam os velhos sonhos da infância" - é retumbante. Sonhos são
imortais. E podem ou não ser frustrados ou postos em vida em qualquer tempo.
A fala do amigo na conversinha virtual do amanhecer falando do sofrimento que no momento acolhe
sua família também ecoa fundo em minha alma.
A minha agenda do dia, quando terei que me defrontar com a solução de uma situação
insolucionável, também me abate e faz engolir em seco, cavando da garganta
ressequida alguma saliva que me ajude a engolir o dia e suas aflições.
Tempos sombrios, lá e cá, antes e agora. O ano que termina sem trazer, como de hábito, uma certa
esperança quanto ao que virá. Pelo contrário.
Mas o mundo não é só buracos sem fundo. Ele tem janelas, e nem todas estão emperradas. Algumas se deixam abrir. Da minha, vejo a natureza me saudando solidária, presente,
realimentadora. Em sua natureza de natureza viva, desde que a ela fui
apresentada, me empurra da cama, me traz aqui e me leva a carmear meus nós.
Nada como um bom escambo de esperanças entre humanos amigos para nos fazer resistir e dar os
passos de que precisamos para corrigir traçados e aflições.
Na foto, um momento em que estive postada no chão para um registro. Um momento apenas...
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