quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Chegada iluminada
Há pouco mais de três décadas, uma hora destas, eu estava "comunistando", como diz minha amiga Dorinha Dora Henrique da Costa, no mais alto estilo. Se o povo tinha filhos pelo INSS, por que não? E lá estava eu, no Hospital Santa Cruz dando à luz a minha primogênita, pelas mãos de um lindo acadêmico de medicina, moreno, bastante bom de ver para me distrair um pouco das contrações que se intensificavam. Durante a noite, quando as cólicas apertaram, chamei a enfermeira que me tranquilizou dizendo-me que era assim mesmo, era questão de esperar... Mais "pão-pão-queijo-queijo" nunca vi. Filho vem com dores. Guenta firme, minha filha. Quer ser melhor do que as outras? Espere a hora.
Amanheceu, fui examinada por um médico - dr. Daniel, se não me falha a memória - e me foi anunciado que era chegado o grand finale. E lá fui eu andando para a ante-sala do centro cirúrgico, sem nenhum fricote de maca e beijinho de boa sorte de marido ou parente mais próximo, como dizem os manuais quanto à hora da chegada do príncipe ou da princesa. Ali, era eu e Deus. Nascimento de plebeu mesmo. Plebeia, saberia eu dali a poucos minutos, pois que naquele tempo não havia ultrassom. E a mãe, toda feliz da vida, rica de emoção e plena de vontade de conhecer o seu bebê. Pelo que me anunciaram antes, nada se concretizou, foram totalmente suportáveis as dores do parto. Quanto pensei que se continuasse como estava eu iria sofrer, a minha filha já se fez presente. Uma enfermeira ajudou colocando todo o seu peso sobre mim, pediu que eu me esforçasse ao máximo e foi quando Mariana me foi apresentada, toda cor de rosa, mais linda do que eu poderia imaginar... Meio magrinha, é verdade, afinal de contas veio bem antes da hora...
Quando pedi para que o orgulhoso pai fosse avisado, a resposta é que eles só se comunicavam com as famílias em caso de óbito. Nem reclamei. Vira essa boca pra lá! Afinal, era momento de luz e de esperança, de alegria e emoção, totalmente nova. Às duas horas da tarde, quando Juan Carlos chegou para me visitar, encontrou duas mulheres... e ele, coitado, sem saber que já era pai, me trouxe para ler "China, o nordeste que deu certo", crente que eu teria tempo de ler enquanto aguardava a chegada da nossa abençoada filha.
Quanta alegria recordar isso tudo! Nascimento mais cercado de amor, impossível! Sem falar da companhia de minha irmã Inesia Abreu e seu marido Vitor, que nos levaram para o hospital na véspera. Pura dedicação! Quanto a você, Che, uma palavra de total reverência. É inesquecível o seu amor naquele momento em que pusemos nossa menina no mundo.
VIVA MARIANA!

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