ECOLOGIA ESPIRITUAL
A mania de juntar coisas daqui e dali
e formar outras faz parte de mim. Colares e pulseiras usados e que se espedaçam
logo viram qualquer outra coisa, até mesmo novos colares e pulseiras, refeitos,
recriados, reinaugurados. Com pensamentos e ideias que surgidas de outros ou de
minha própria reflexão, a tendência também tem a mesma direção - juntar a
outras e rever conceitos e entendimentos. Aglutinação, mistura, efervescência e
o que mais for, a serviço de revisões em função das incessantes buscas. Uma
mistura do vivido ao que chega sempre traz algo merecedor de ser olhado. Por
mim que seja. O movimento é espontâneo e sem pretensão. Se chega ao mundo é por
pura decorrência. Simplesmente acontece. A onda motriz vem de dentro e a
pretensão, ceio eu, é algum alívio para as contumazes incertezas
Hoje foi dia de um destes coquetéis.
Pela manhã o amigo Aloísio
Svaiter nos trouxe Mario Quintana
falando do entendimento/diálogo entre o autor e o leitor. Da fuga de um diante
do que o outro lhe apresenta. Diálogo entre seres com experiências e reflexões
que se cruzam no diálogo da escrita/leitura.
"O leitor que mais admiro é aquele que não chegou até a presente linha. Neste momento já interrompeu a leitura e está continuando a viagem por conta própria." Mario Quintana
E
agora à tardinha, com certeza para colorir os raios do final da tarde, tentando
atrair luz para retardar qualquer nuvem que pudesse antecipar desnecessariamente
a noite que se aproximava, o amigo Pedro envia um belíssimo número de
acrobacia, daqueles em que os chineses são mais do especializados (abaixo). Quando
dou por mim, ao admirar a arte que o treino excessivo provocou nos
malabaristas, perfeitos e surpreendentes em sua apresentação, percebo-me cumprindo
à risca o entendimento do Quintana e assistindo ao espetáculo circense, mas deixando-me
vagar pela minha vida e pelos treinos que recebi para ser uma mulher de um
determinado tipo. E o passeio que dou por minhas rememorações de vida deixam
nítido o tanto que descumpri a programação estabelecida para aquela mocinha do
interior que adolesceu em plena década de 60. Era para dançar na corda e nela
me equilibrar de maneira certeira? Pois o caminho por mim traçado teve um forte
desvio e equilibrar-me num único e rígido caminho foi o que menos soube fazer
enquanto vim até aqui.
Minhas
escolhas foram diversas e desde sempre fui resistindo à necessária disciplina
para os movimentos certos, adequados, esperados para aquele contexto.Treinada
para ser moça ajuizada em busca de jovem promissor para constituir casamento, não
por pensar e definir racionalmente, mas, na base da intuição, fui caminhando de
tentativa em tentativa até chegar aqui. Malabarista da própria vida, sigo
adiante, até onde tiver que ir. Rigidez, predeterminações e linearidade não me
comportam. Vivo, é bem verdade, a tentar sanar dúvidas e inquietações, mas são
elas que me movem e me sustentam. Viver pressupõe o desafio de tentar. O resto
é o resto.
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