quarta-feira, 5 de julho de 2017

ECOLOGIA ESPIRITUAL


A mania de juntar coisas daqui e dali e formar outras faz parte de mim. Colares e pulseiras usados e que se espedaçam logo viram qualquer outra coisa, até mesmo novos colares e pulseiras, refeitos, recriados, reinaugurados. Com pensamentos e ideias que surgidas de outros ou de minha própria reflexão, a tendência também tem a mesma direção - juntar a outras e rever conceitos e entendimentos. Aglutinação, mistura, efervescência e o que mais for, a serviço de revisões em função das incessantes buscas. Uma mistura do vivido ao que chega sempre traz algo merecedor de ser olhado. Por mim que seja. O movimento é espontâneo e sem pretensão. Se chega ao mundo é por pura decorrência. Simplesmente acontece. A onda motriz vem de dentro e a pretensão, ceio eu, é algum alívio para as contumazes incertezas
Hoje foi dia de um destes coquetéis. Pela manhã o amigo Aloísio Svaiter  nos trouxe Mario Quintana falando do entendimento/diálogo entre o autor e o leitor. Da fuga de um diante do que o outro lhe apresenta. Diálogo entre seres com experiências e reflexões que se cruzam no diálogo da escrita/leitura.


"O leitor que mais admiro é aquele que não chegou até a presente linha. Neste momento já interrompeu a leitura e está continuando a viagem por conta própria."                                                                                    Mario Quintana




E agora à tardinha, com certeza para colorir os raios do final da tarde, tentando atrair luz para retardar qualquer nuvem que pudesse antecipar desnecessariamente a noite que se aproximava, o amigo Pedro envia um belíssimo número de acrobacia, daqueles em que os chineses são mais do especializados (abaixo). Quando dou por mim, ao admirar a arte que o treino excessivo provocou nos malabaristas, perfeitos e surpreendentes em sua apresentação, percebo-me cumprindo à risca o entendimento do Quintana e assistindo ao espetáculo circense, mas deixando-me vagar pela minha vida e pelos treinos que recebi para ser uma mulher de um determinado tipo. E o passeio que dou por minhas rememorações de vida deixam nítido o tanto que descumpri a programação estabelecida para aquela mocinha do interior que adolesceu em plena década de 60. Era para dançar na corda e nela me equilibrar de maneira certeira? Pois o caminho por mim traçado teve um forte desvio e equilibrar-me num único e rígido caminho foi o que menos soube fazer enquanto vim até aqui.
Minhas escolhas foram diversas e desde sempre fui resistindo à necessária disciplina para os movimentos certos, adequados, esperados para aquele contexto.Treinada para ser moça ajuizada em busca de jovem promissor para constituir casamento, não por pensar e definir racionalmente, mas, na base da intuição, fui caminhando de tentativa em tentativa até chegar aqui. Malabarista da própria vida, sigo adiante, até onde tiver que ir. Rigidez, predeterminações e linearidade não me comportam. Vivo, é bem verdade, a tentar sanar dúvidas e inquietações, mas são elas que me movem e me sustentam. Viver pressupõe o desafio de tentar. O resto é o resto.





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