RECADO AFETUOSO PARA A TÃO AMIGA E MEIGA KATIA SOARES
GODOY
10/7/2015
Você hoje nos trouxe, logo ao amanhecer, a poética fala
de Cecília Meireles, e eu logo tratei de incorporá-la ao meu íntimo para me
inspirar em meu início de dia. A poesia insiste em que as portas ou devem ser
abertas ou fechadas, entreabertas, jamais. Abrir portas, devo dizer, já é
tentativa antiga, que insisto em não me esquecer a cada dia, sempre buscando
viver, o que para mim é meio sinônimo de estar aberta ao novo. Não é simples, mas é tarefa de quem não quer morrer
em vida. Portas abertas: tudo bem! Quanto ao trancar de vez, ao evitar o
lusco-fusco da incerteza, do trancar de vez todas as portas, encerrar todos os
assuntos, concluir os antigos percursos, aí eu me penitencio, querida Katia.
Nem sempre tenho êxito nesse intento. Uma coisa é racionalmente pretender esse
encerramento, essa finalização, esse ponto final em coisas lá de trás. Mas, em
se tratando de sentimentos, há portas que não consigo cerrá-las por completo.
Não sei se é devido à qualidade da madeira, à teimosia trazida pelo vento
nordeste que as empurra vez por outra, ao modo como foram construídas pelo
artesão, há portas teimosas, ameaçadoras até, em seu caráter renitente e
portador de luzes que deveriam há muito estar de um outro lado, sem acesso ao
íntimo de minha casa de afetos.
De todo modo, foi muito bom e proveitoso ler a Cecília
trazida por você. Se a poeta diz e se você crê e ensina, é porque eu devo
continuar tentando...
Um beijo agradecido,
Carmen
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