segunda-feira, 10 de julho de 2017


RECADO AFETUOSO PARA A TÃO AMIGA E MEIGA KATIA SOARES GODOY
10/7/2015
Você hoje nos trouxe, logo ao amanhecer, a poética fala de Cecília Meireles, e eu logo tratei de incorporá-la ao meu íntimo para me inspirar em meu início de dia. A poesia insiste em que as portas ou devem ser abertas ou fechadas, entreabertas, jamais. Abrir portas, devo dizer, já é tentativa antiga, que insisto em não me esquecer a cada dia, sempre buscando viver, o que para mim é meio sinônimo de estar aberta ao novo. Não é simples, mas é tarefa de quem não quer morrer em vida. Portas abertas: tudo bem! Quanto ao trancar de vez, ao evitar o lusco-fusco da incerteza, do trancar de vez todas as portas, encerrar todos os assuntos, concluir os antigos percursos, aí eu me penitencio, querida Katia. Nem sempre tenho êxito nesse intento. Uma coisa é racionalmente pretender esse encerramento, essa finalização, esse ponto final em coisas lá de trás. Mas, em se tratando de sentimentos, há portas que não consigo cerrá-las por completo. Não sei se é devido à qualidade da madeira, à teimosia trazida pelo vento nordeste que as empurra vez por outra, ao modo como foram construídas pelo artesão, há portas teimosas, ameaçadoras até, em seu caráter renitente e portador de luzes que deveriam há muito estar de um outro lado, sem acesso ao íntimo de minha casa de afetos.
De todo modo, foi muito bom e proveitoso ler a Cecília trazida por você. Se a poeta diz e se você crê e ensina, é porque eu devo continuar tentando...
Um beijo agradecido,
Carmen


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