HOJE, ONTEM, SEMPRE, QUANDO, AGORA
7/3/2017
Particularmente apropriada, poética, mesmo que dolorida, a imagem que a amiga Zulma Guimarães utiliza para descrever o envelhecimento - a perda de intimidade com a vida. Cá com minhas rugas, dou de pensar que ainda tem o fato da gente perder intimidade até com a gente mesma.
Sair para ir à ótica mandar fazer um par de óculos era só sair de casa para mandar fazer um par de óculos. Simples assim. Hoje em dia, a pessoa em processo de envelhecimento pode muito bem esquecer em casa a receita onde o tipo de lente e o grau dos benditos óculos estão descritos. E essa é ela, hoje, distanciada dela mesma e da sua super eficiência de antes. Em síntese: uma grande decepção (na intimidade ou no popular, uma merda mesmo)! Sorte se a pessoa se der conta na esquina de casa, ao vasculhar a bolsa. Se não, é viagem com perda total, o que eleva a frustração a uma potência bem mais elevada. E não venham me dizer que um bailinho da terceira idade dará uma aliviada na saudade de si mesma que a criatura passa a acalentar daí em diante. Argh!
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