sexta-feira, 2 de março de 2018

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OS INCÊNDIOS DE SÃO PAULO

2/3/2017

Ontem, mais um incêndio destruiu mais uma comunidade popular em São Paulo. Desta vez, uma enormidade de atingidos de Paraisópolis, cujas casas foram destruídas sob as câmeras da TV, como mórbido espetáculo, totalmente naturalizado. A NOTÍCIA tem mesmo compromisso é com a Imprensa como negócio. Atenção a pobre perdendo suas histórias e pertences não dá camisa a ninguém. Não é assim mesmo que  o enredo sugere que seja? Qual a surpresa? São ruelas, sem acesso a serviços, caminhão de bombeiro não entra mesmo... E só noticiar mesmo para mais uma vez ficar evidente como este povo é ignorante e teimoso, querem o que da vida?

Importante notar que tragédias que envolvam as camadas médias (Boite Kiss, Carnaval do Rio com acidentes) costumam gerar, pelo menos para dar alguma satisfação à opinião pública, protocolos para que não voltem a acontecer. Mas com favelas - nem isso. É esperar o próximo incêndio. É natural que venha, mais dia, menos dia.

O de ontem foi em plena quarta-feira de cinzas. Dia em que, não raro, uns e outros - de fora da favela, podem ter tido outro tipo de "problema": um mal estar, uma enxaqueca, totalmente previsível, para quem se excedeu muito além da conta bebendo algum whisky - dos bons -, só que além do limite. Esse, o do whisky, faz um pequeno resguardo, tira uma  soneca no dia seguinte, e está novo em folha para outra experiência em sua vida de quem gosta de whisky. Já o que perdeu a casa, procura um primo que mora numa outra favela que não pegou fogo (ainda), usa e abusa de sua hospitalidade por um dias, e só depois vai ver como recompor sua história, sua vida, contando com a sua força de trabalho para voltar à estaca zero. E faz isso, levando uma cesta básica que acaba de receber da prefeitura, fornecida por alguma empresa que, sabe-se lá  a que preço, ganhou a licitação para a prestação de tal serviço.

Está tudo certo. Nada a reclamar. E segue o baile porque este é o jogo e seus personagens no cenário em que vivem uns e outros.
Idiota foi quem inventou de colocar o nome de Paraisópolis num lugar que de Paraíso não tem nada. Aliás, fogo, pelo que nos ensinam por aí combina bem mais é com inferno.

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