Escrito originalmente em 2009 (*)
As empresas jornalísticas têm se empenhado de maneira especial para formar novos leitores, seja rejuvenescendo seus próprios veículos, criando seções e suplementos, seja desenvolvendo ações – de cunho mais nitidamente comercial ou não – para atrair o jovem leitor, levando jornais para escolas de suas regiões. São dezenas de empresas, associadas à Associação Nacional de Jornais (ANJ), que hoje mantêm os chamados programas de Jornal e Educação. É bem verdade que ultimamente tem havido um certo refluxo nesse processo, seja pela crise mais recente, seja pela invasão progressiva e avassaladora da leitura por meios digitais, que têm levado muitos desses projetos a se repensarem, realizando revisões de rota e estratégias, de modo a se abrirem para a interatividade e para a ampliação dos suportes que trazem a notícia, para além do jornal de papel.
Não pretendo aqui discutir – e haveria muita coisa a dizer, mas fica para uma próxima vez – a problemática da leitura de jornais por meios digitais quando reduzem ou excluem o jornal tradicionalmente formatado em paginas impressas, estes que permitem releituras e que, quando lidos criticamente, podem aproximar o leitor que se inicia da leitura em seu potencial mais amplo. Sem dúvida, o jornal impresso é facilitador de uma leitura mais aprofundada, necessária para que o leitor, principalmente aquele que ainda está se fazendo capaz de ler “para além da aparência”, se assenhore da informação que a imprensa transforma, a seu jeito, em notícia. Mas, como disse, isso é assunto para um outro momento.
O que pretendo enfatizar aqui, nas poucas linhas deste artigo, é o quanto o jornal, de papel ou não, e com todos os seus defeitos – e até mesmo, ou principalmente, em função deles – precisa estar na escola para ser lido pelos alunos, sob a orientação de professores que lhes auxiliem a destrinchar as informações. É na escola que os alunos podem embrenhar-se pelos caminhos da reflexão, tentando construir um novo conhecimento e avaliando o quanto a sua própria forma de ser sofre influência daquela maneira de contar a História que a imprensa produz e que tanto vai tracejando rotas que poderiam ser diferentes se a narrativa fosse outra e se a força da mídia não fosse tão eficaz perante nosso modo de pensar e agir. Coisa que ela, indubitavelmente, é.
Meu propósito, então, neste momento, é aproveitar e reafirmar as sábias palavras de nosso compositor Billy Blanco em seu CHORO CHORADO, quando diz que “o que dá para rir, dá para chorar”. É que estou convencida de que, se do ponto de vista empresarial é uma necessidade a criação de alternativas para levar jornais – seja em que suporte for - para as escolas, também do ponto de vista de uma educação que visa a humanização é urgente a imprensa ser lida sistematicamente por alunos e professores.
Aluno educado, principalmente nestes nossos dias, é aluno que avalia seus limites e possibilidades frente ao seu contexto, para pensar e agir em prol de um mundo diferente do que aí está. Quando o aluno começa a analisar e perceber a influência que sofre da mídia, ele vai conhecendo a si próprio, percebendo a gênese de seu modo de ser e as suas próprias condições de intervenção. Assim, quem sabe, não pode fazer escolhas melhores pela vida afora, pois que vai tenho maior clareza quanto aos seus limites e possibilidades? Não só em relação à leitura, mas em relação a tudo o mais. Sim, porque, se ele não entende a influência da mídia, ele desconhece a si próprio. Ou pode supervalorizar a sua autonomia frente ao quadro social ou pode tender ao contrário, e sentir a sociedade como extremamente determinada e sem chances de mudar.
Para tanto, para que tais conquistas se façam presentes, cada vez mais os professores precisam ser valorizados e contarem com espaços em suas próprias escolas para que debatam suas práticas. É nesse processo de trabalho coletivo que um conhecimento mais aprofundado sobre o sentido de uma leitura crítica pode ser desenvolvido. Afinal de contas, a presença do jornal na escola só tem sentido se for para que uma leitura crítica seja feita de suas notícias. É necessário, no entanto, reiterar: leitura crítica não pode ser confundida com uma simples opinião. A opinião não tem compromisso com a verdade, com a ciência. Podemos ter opiniões as mais diversas sobre quaisquer assuntos. Mas se nos dispomos a tentar entender uma determinada questão, não é mais uma simples opinião, surgida da vontade ou do gosto de cada um, que vai trazer esclarecimento. Indícios mais científicos precisam ser buscados. A opinião pode ser até uma questão de gosto. Pensamento crítico é outra coisa. Exige trabalho, estudo e, no caso da escola, exige gente reunida para conversar e aprender junto.
(*) Já publicado no Blog do Galeno.
Não pretendo aqui discutir – e haveria muita coisa a dizer, mas fica para uma próxima vez – a problemática da leitura de jornais por meios digitais quando reduzem ou excluem o jornal tradicionalmente formatado em paginas impressas, estes que permitem releituras e que, quando lidos criticamente, podem aproximar o leitor que se inicia da leitura em seu potencial mais amplo. Sem dúvida, o jornal impresso é facilitador de uma leitura mais aprofundada, necessária para que o leitor, principalmente aquele que ainda está se fazendo capaz de ler “para além da aparência”, se assenhore da informação que a imprensa transforma, a seu jeito, em notícia. Mas, como disse, isso é assunto para um outro momento.
O que pretendo enfatizar aqui, nas poucas linhas deste artigo, é o quanto o jornal, de papel ou não, e com todos os seus defeitos – e até mesmo, ou principalmente, em função deles – precisa estar na escola para ser lido pelos alunos, sob a orientação de professores que lhes auxiliem a destrinchar as informações. É na escola que os alunos podem embrenhar-se pelos caminhos da reflexão, tentando construir um novo conhecimento e avaliando o quanto a sua própria forma de ser sofre influência daquela maneira de contar a História que a imprensa produz e que tanto vai tracejando rotas que poderiam ser diferentes se a narrativa fosse outra e se a força da mídia não fosse tão eficaz perante nosso modo de pensar e agir. Coisa que ela, indubitavelmente, é.
Meu propósito, então, neste momento, é aproveitar e reafirmar as sábias palavras de nosso compositor Billy Blanco em seu CHORO CHORADO, quando diz que “o que dá para rir, dá para chorar”. É que estou convencida de que, se do ponto de vista empresarial é uma necessidade a criação de alternativas para levar jornais – seja em que suporte for - para as escolas, também do ponto de vista de uma educação que visa a humanização é urgente a imprensa ser lida sistematicamente por alunos e professores.
Aluno educado, principalmente nestes nossos dias, é aluno que avalia seus limites e possibilidades frente ao seu contexto, para pensar e agir em prol de um mundo diferente do que aí está. Quando o aluno começa a analisar e perceber a influência que sofre da mídia, ele vai conhecendo a si próprio, percebendo a gênese de seu modo de ser e as suas próprias condições de intervenção. Assim, quem sabe, não pode fazer escolhas melhores pela vida afora, pois que vai tenho maior clareza quanto aos seus limites e possibilidades? Não só em relação à leitura, mas em relação a tudo o mais. Sim, porque, se ele não entende a influência da mídia, ele desconhece a si próprio. Ou pode supervalorizar a sua autonomia frente ao quadro social ou pode tender ao contrário, e sentir a sociedade como extremamente determinada e sem chances de mudar.
Para tanto, para que tais conquistas se façam presentes, cada vez mais os professores precisam ser valorizados e contarem com espaços em suas próprias escolas para que debatam suas práticas. É nesse processo de trabalho coletivo que um conhecimento mais aprofundado sobre o sentido de uma leitura crítica pode ser desenvolvido. Afinal de contas, a presença do jornal na escola só tem sentido se for para que uma leitura crítica seja feita de suas notícias. É necessário, no entanto, reiterar: leitura crítica não pode ser confundida com uma simples opinião. A opinião não tem compromisso com a verdade, com a ciência. Podemos ter opiniões as mais diversas sobre quaisquer assuntos. Mas se nos dispomos a tentar entender uma determinada questão, não é mais uma simples opinião, surgida da vontade ou do gosto de cada um, que vai trazer esclarecimento. Indícios mais científicos precisam ser buscados. A opinião pode ser até uma questão de gosto. Pensamento crítico é outra coisa. Exige trabalho, estudo e, no caso da escola, exige gente reunida para conversar e aprender junto.
(*) Já publicado no Blog do Galeno.
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