A incompletude do discurso
9/11/2016
Ok, já aprendi a duras penas que as palavras têm seus limites para expressar ideias e coisas. Um amigo falando daqui, uma circunstância acontecendo de lá, um sentimento abafado no meu próprio peito surgindo acolá ... e fui sendo obrigada a perceber que vocábulo algum, em certas situações, dá conta de expressar certos momentos da vida. Nem luto nem festa, vez por outra, encontra similar, no âmbito do discurso, para ser dito. Vive-se a emoção e pronto. Nada de querer traduzir. Às vezes torna-se inviável.
Morte de filho, não creio haver palavra alguma para traduzir. Decepção com amigo mais que querido, também não. Primeiro beijo na boca no homem amado, impossível! Há outros impedimentos, mas esses três já ilustram bem e sintetizam a minha impossibilidade de falar sobre alguns acontecimentos aportados ao meu viver.
Sobre a desilusão com a possibilidade de o mundo ser menos desastroso para todos, até tento falar, mas não me vejo atendida em minha intenção de expor meu sofrimento diante da cassação do futuro que vem-se processando. De todo modo, uma amiga, a grande Leinha, falou hoje uma pequena palavra que estou acreditando que se aproxima - até quase alcançá-lo - do meu estado d'alma no dia de hoje:
TREVAS
TREVAS
TREVAS
TREVAS
TREVAS
TREVAS
TREVAS
TREVAS
TREVAS
TREVAS
TREVAS
TREVAS
TREVAS
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