terça-feira, 7 de novembro de 2017

ÁGUAS MALDOSAS
7/11/2016

Ando enjoada de mim. A repetição se tornou minha vestimenta de todo dia. Uniforme que não mais suporto vestir para proteger minha alma inquieta. É que nada mais faço do que olhar, ver e reclamar. Repudiar mesmo. A sensação é mais ou menos esta: parecia haver um contingente descomunal de maldades, todas elas comprimidas, enclausuradas – e por longo tempo – e eis que cada uma delas, por força de algum fenômeno surpreendente e preciso – dá de escapar de sua prisão imaginária e se lança país adentro, tomando orlas e interiores, planícies e pântanos, cidades e campos, mangues e morros, dia após dia, todas elas vorazes e sanguinárias. Desenfreadas.
Não há um dia sequer, de uns tempos pra cá, em que não sejamos tomados por algum nefasto sentimento diante de mais um horror, em geral lançado insensivelmente contra as pessoas menos aquinhoadas na escala social em que se postam, doloridamente assujeitadas.
Poucos são os políticos que escapam da pecha de oportunista, desonesto e aproveitador (pra dizer o mínimo), cujo compromisso, via de regra, se estabelece com o capital e contra os trabalhadores. Alguns, mais cínicos, até disfarçam, mas sempre se acovardam e votam mesmo em prol de si mesmos. Daí decorre a série de políticas, estratégias, medidas, vindas das várias instâncias e setores, sempre em prejuízo da maioria da população.  Presas por longo tempo,  parecem águas represadas saindo furiosas à cata de novas vítimas.
É inacreditável o rol de circunstâncias criminosas, truculentas, acirradoras de desigualdades que se vêm observando no país.  Decretos, emendas, portarias, discursos, comissões, pecs, acordos e tudo o mais só fazem lançar mais e mais insegurança e perspectiva de vida com redução de direitos.
Cá de minha roça, vou me exasperando e não faço outra coisa a não ser repetir, e repetir e repetir falas pouco efetivas contra a insanidade de tudo isso. “Guento” mais não. Enjoei. Por inutilidade de minhas palavras. Mudanças? Estas virão mesmo - ardentes e produtivas -  dos jovens, em luta. Que saibamos ser dignos coadjuvantes destes belos protagonistas!

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