domingo, 19 de junho de 2016


Carmen – objeto de mim mesma

Um dia, brincando, transformei meu nome em verbo e deparei-me com carmear – que o Aurélio define como ação de desfazer os nós de algo ou de alguma coisa. Passado um tempo, nem sei por qual motivo nem em busca de quê, reencontrei essa anotação. Retornei, então ao Aurélio para estudar melhor o assunto. Sempre gosto de começar do começo, do que está posto, do que é, mesmo que ainda com chance de ser superado ou ultrapassado. E os dicionários nos ajudam nisso (Me parece).

Não vivo apregoando o quanto nossas subjetividades são marcadas pelas palavras ouvidas e pelos silêncios que as entremeiam, pela vida afora? Não teimo em tentar construir possibilidades de reflexões para que, junto comigo, uns e outros possam conquistar uma maior lucidez quanto às suas escolhas? Não sou eu quem quer porque quer que haja um amplo reencontro com a capacidade de sermos autores de nossos singulares modos de ler, interpretar, conhecer e interferir (o que também passa por nossas palavras?)

Pois aí é que vem a desilusão... Qual não foi a minha surpresa? Já estava tudo lá. Sim, no Aurélio. Pensava eu estar dirigindo minha própria vida, “sujeito desta grande oração”, tecendo redes, convocando cúmplices, entrelaçando vidas e rememorações... Qual nada! Em meu próprio nome feito verbo, já estava posta a tarefa. Apenas estou sendo atenta ao já disposto pela forma de carmen feita ação e dicionarizada. Foi só seguir a ordem. Sendo ordem do Aurélio, dá pra levar. E sentindo-me honrada, é bom que se diga.


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