Carmen – objeto de mim mesma
Um dia, brincando, transformei meu
nome em verbo e deparei-me com carmear – que o Aurélio define
como ação de desfazer os nós de algo ou de alguma coisa. Passado um tempo, nem
sei por qual motivo nem em busca de quê, reencontrei essa anotação. Retornei,
então ao Aurélio para estudar melhor o assunto. Sempre gosto de começar do
começo, do que está posto, do que é, mesmo que ainda com chance de ser superado
ou ultrapassado. E os dicionários nos ajudam nisso (Me parece).
Não vivo apregoando o quanto nossas
subjetividades são marcadas pelas palavras ouvidas e pelos silêncios que as
entremeiam, pela vida afora? Não teimo em tentar construir possibilidades de
reflexões para que, junto comigo, uns e outros possam conquistar uma maior
lucidez quanto às suas escolhas? Não sou eu quem quer porque quer que haja um
amplo reencontro com a capacidade de sermos autores de nossos singulares modos
de ler, interpretar, conhecer e interferir (o que também passa por nossas
palavras?)
Pois aí é que vem a desilusão... Qual
não foi a minha surpresa? Já estava tudo lá. Sim, no Aurélio. Pensava eu estar
dirigindo minha própria vida, “sujeito desta grande oração”, tecendo redes,
convocando cúmplices, entrelaçando vidas e rememorações... Qual nada! Em meu
próprio nome feito verbo, já estava posta a tarefa. Apenas estou sendo atenta
ao já disposto pela forma de carmen feita ação e dicionarizada. Foi só seguir a
ordem. Sendo ordem do Aurélio, dá pra levar. E sentindo-me honrada, é bom que
se diga.
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