DA ORDEM DAS INVISIBILIDADES
(Escrito em junho de 2014 -dias após o meu aniversário)
Uma velha amiga numa sua postagem lembra de uma outra, já falecida, reafirmando o quanto ela está presente em nossas vidas, do que eu não duvido e dou testemunho. E essas calas - caídas, murchas, sem vida – do que dão testemunho? O que há nelas de luz, de vida, de perenidade? O que, no morto, é vida no sentido mais concreto do vivido? O que, no passado, morto e enterrado, há de vida, tal qual erva daninha no meio do canteiro das belas roseiras cultivadas, aparentemente dissipadas, revelando que as chuvinhas ou as borrascas (essa veio das redações do Calomeni!) sempre são capazes de desenterrar o que deixou raízes?
As calas dão vivas à vida! Nelas estão perpetuados todos os mimos que recebi há uma semana, no domingo que já está riscado no calendário. Cada sorriso, cada brincadeira, cada frase de amor, cada gesto de acolhimento – tudo, tudo, mesmo já sendo passado, está vivinho como a imagem das calas quando vivas, alvas, supreendentes.
Hoje não consegui passar por elas, já em estado de despedida da sala que as acolheu por uns dias, sem louvar tudo que fica após ter sido, não só do domingo mais recente, mas de todos os dias que já viraram passado. Não será isso a eternidade?
Em tudo que está visível, sinto que há o que se esconde, mas vive, mesmo discretamente, como o que vivi nesses dias que, salvo as lágrimas furtivas, de saudade, que me chegaram vez por outra, sob o agasalho da cama - e da rede - "calentitas". Não fossem elas, era como se as calas – e os amores – já tivessem ficado em tempos pretéritos, sem vestígios.
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