segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Diálogo virtual – novas aprendizagens
(Escrito em 7/11/2014)
Depois vocês não querem que eu ria... espalham que eu sou escandalosa, que meu riso é farto demais, que é culpa de papai e do exemplo a irmã mais velha, essas coisas que são pura maldade... Mas tudo isso é injustiça e fruto de um olhar caolho sobre o real. Só quem é pouco atento às coisas do mundo é que não há de me entender...
Vejam vocês: tendo eu aprendido há milhares de anos – e até exercitado, com um certo esforço – a arte de dialogar, ou seja, de esperar uma pergunta e responder, esforçando-me para não cortar o meu interlocutor, procurando ser atenta e ir, passinho a passinho, sem deixar que a converse se atropele, mas sempre procurando ir no ritmo cadenciado entre perguntas e respostas que se sucedem, cá estou eu, a esta altura da vida, tendo que reaprender a conversar.
Uzinha me ensinou assim. E não só ela. Isso vem de antes, da escola primária. Tenho até uma amiga, que foi aluna do Calomeni, que quando me manda uma mensagem e eu não respondo exatamente o que me perguntou, e saio por outras abas do assunto, ralha (palavrinha que não devia usar para não dar pinta que os 70 já estão já me dizendo “vem cá, minha garota!”) me exigindo que eu seja fiel ao que indagava. Depois disso, quando se trata de mensagens dela, copio e colo cada questão e vou respondendo, feito aqueles questionários de Geografia que, na verdade, só serviram para hoje aqui eu me lembrar deles e fazer piada...
Mas, enfim, e hoje, conversar pelo Messanger? O que me dizem? Será só comigo que acontece assim? Sem brincadeira, para mim, é caso de reaprendizado. O moço insistente, tentando ser sedutor, do outro lado, indaga algo. Mas, no intervalo da sua pergunta, você já pensou em outro tema e já lhe indagou sobre outro assunto. Ou simplesmente anunciou, sem nada perguntar. Aí, segue-se a resposta da pergunta (ou a afirmativa) referente ao assunto que ficou no ar há duas ou três falas atrás... A cada fala de um lado, a pessoa do outro tem que ler e reler os trechos anteriores para se localizar e entender. Sem falar do jogo de sedução que a tudo conduz e que determina também em grande medida a trama, feita em palavras, que vai se tecendo...E, assim, nossos neurônios, além de produzir respostas adequadas e interessantes, têm que que fazer o exercício de identificar a que o sujeito se refere quando diz algo que, à primeira vista, está totalmente inadequado ao que vc acabou de postar.
Uma escola de diálogo virtual, pelamordedeus!

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