INVISIBILIDADES
(Brincando com a vida e suas "graças"...)
(Escrito em
5/11/2014)
Esta historinha tem pelo menos 50 anos. E é dela
que me lembro ao ler todos os comentários dirigidos a Luna na foto em que
aparece ao lado de Noah, o belíssimo caçula de nossos cães.
Eis que
estavam numa janela, lá em Campos, duas crianças, bem pequenas, acompanhando
sua avó, que ali estava, debruçada, a olhar o movimento da rua, num final de
tarde, aproveitando o fato de viver numa casa de face de rua, bem apropriada
para esse seu hábito vespertino, numa época em que os vizinhos paravam para
falar uns com os outros, sem grande pressa a lhe determinar prioridades
outras... A avó, uma simpática senhora, tinha de cada lado um neto, cada qual
mais gracioso do que o outro. Um braço/abraço para cada um. Uma metade afetiva
distribuída para cada menino ali postado vendo o que ia e vinha pela calçada...
Mas, a moça que passou pareceu não ter pensamento idêntico ao meu de considerar
ambas as crianças merecedoras de um afago e de um olhar especial. Mesmo
enxergando bem (não usava óculos), dirigiu-se a apenas uma delas e disse:
"Que lindo! Que sorriso! Lindo, Fulana, esse seu neto...!" E trocou
mais meia dúzia de palavras com a amiga, indo, em seguida, em direção à padaria
da esquina. A criança invisibilizada pelo comentário revelador da pouca
sensibilidade da passante virou-se para a avó e disse: "Ela não me viu
aqui, não, vó?" Ao que a simpática senhora tascou-lhe um beijo na testa e,
sabendo, talvez intuitivamente, que qualquer palavra dita ali, seria incapaz de
diluir a preferência demonstrada pela insensível criatura, apenas comentou:
"Será? Mas, você tão bonito aqui do meu lado? Talvez seja porque ela
prefira crianças morenas a ruivas..."
Pois é isso aí, Luna é tão iluminada e tão
expressiva, que consegue esconder Noah, imperial, grandalhão, garboso, ao seu
lado. E olhem que se for pelo tamanho, ele ganha longe.
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