Aqui há palavras que vão de mim para o mundo, esperando que voltem recriadas, junto a tantas outras, construídas por quem quiser compartilhar este espaço. Entendo ser este um ninho verbal, cujos galhos-palavras podem e devem acolher sentimentos, saberes, expectativas, percursos. O nome? Vem de CARMEAR, “ação de desfazer nós”. Caminhemos, pois. Carmeando.
segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018
TOTALIDADE
26/02/2018
A tática é sempre a velha tática, ela me acompanha, mais ainda, ela me integra, em minhas miradas e percepções envolvendo o mundo; e não só: ela também me abastece e direciona minha vida no trato com meu próprio corpo. Desde que ouvi “Um por todos, todos por um” - desde criança ainda, ouvi, gravei, aprendi. Com os filhos, vinda das vísceras, sem grandes reflexões, a mesma máxima sempre me guiava: “ou brincam todos ou não brinca ninguém” (e eles até hoje rememoram essa minha orientação para conduzir as desavenças ocorridas em seus jogos infantis). Hoje, é com minha saúde que vale “a união do todo para o bem estar da parte”. Daqui a um par de horas, todo o meu corpo estará atravessado por estranhas substâncias ditas curativas para que um pedaço meu - a mama, tão simbólica!!!! - fique apenas e simplesmente com esta cicatriz, que até já acho um charme, bonitinha que só. Verdade, parte minha, por você, meu peitão, meu corpo todo se oferece à cura global. É pra valer: “um por todos, todos por um e “ou brincam todos, ou não brinca ninguém”.
quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018
OLHOS NOS OLHOS? NÃO!
22/02/2018
Aí vc chega ao consultório médico e é atendida pela mesma recepcionista, é, aquela que vc conheceu da vez passada e pôs suas barbas de molho, a que fala sem cessar, aproveitando qualquer deixa de qualquer dos clientes que aguardam a vez.
Ela vê um muxoxo de alguém ao receber uma mensagem pelo celular, já engata uma primeira, especulando sobre as notícias que invadem nossa privacidade... É a outra que estava cochilando e abre os olhos? Lá vem ela a falar do desânimo que o verão traz pra cada um... Não há nada que lhe pegue desprevenida: qualquer gesto do público ali reunido serve de mote para a sua intervenção, boba, desnecessária, que não leva a nada.
Eu, que cada vez quero menos perder tempo com inutilidades, ajeito-me na cadeira como quem está por adentrar um campo de batalha: “como fazer pra não abrir o flanco para a criatura que quer passar seu tempo às custas de qualquer idiota que lhe abrir, sem querer, um novo tema adequado para um insosso trelelê?
Pra mim, alívio foi quando o filho chegou pra me buscar e eu lhe prestei contas: “Até agora, invicta! Nem por um átimo de segundo deixei meu olho cruzar com o da faladeira. Não me curvei à bobice. Ou bem eu gastava meu latim em vão ou bem eu gastava minha atenção em guardar meus olhos de um cruzamento inútil. Fiquei com a segunda opção. E resguardei meu olhar para encontros mais interessantes!
22/02/2018
Aí vc chega ao consultório médico e é atendida pela mesma recepcionista, é, aquela que vc conheceu da vez passada e pôs suas barbas de molho, a que fala sem cessar, aproveitando qualquer deixa de qualquer dos clientes que aguardam a vez.
Ela vê um muxoxo de alguém ao receber uma mensagem pelo celular, já engata uma primeira, especulando sobre as notícias que invadem nossa privacidade... É a outra que estava cochilando e abre os olhos? Lá vem ela a falar do desânimo que o verão traz pra cada um... Não há nada que lhe pegue desprevenida: qualquer gesto do público ali reunido serve de mote para a sua intervenção, boba, desnecessária, que não leva a nada.
Eu, que cada vez quero menos perder tempo com inutilidades, ajeito-me na cadeira como quem está por adentrar um campo de batalha: “como fazer pra não abrir o flanco para a criatura que quer passar seu tempo às custas de qualquer idiota que lhe abrir, sem querer, um novo tema adequado para um insosso trelelê?
Pra mim, alívio foi quando o filho chegou pra me buscar e eu lhe prestei contas: “Até agora, invicta! Nem por um átimo de segundo deixei meu olho cruzar com o da faladeira. Não me curvei à bobice. Ou bem eu gastava meu latim em vão ou bem eu gastava minha atenção em guardar meus olhos de um cruzamento inútil. Fiquei com a segunda opção. E resguardei meu olhar para encontros mais interessantes!
quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018
21/02/2017
MINHA VIDA, MINHAS LINHAS
Sempre que se lê algo saído de algum autor, mesmo que no âmbito da ficção, quando de suas invencionices, especula-se sobre o caráter autobiográfico do material. Comigo nem é preciso supor tal gênese ou imaginar outra passibilidade para o que trago ao mundo com o que escrevo. Que quem lê nem se dê ao trabalho. Sempre tomo a mim mesma como a mais autêntica e indisfarçável fonte para o que saio por aí apregoando. Sou a origem de mim mesma no que projeto sobre o mundo e seus circunstantes. Só imagino reações e entendimentos de um jeito assim e não assado porque aquela seria a maneira como minha alma se comportaria numa encruzilhada da vida de mesmo tipo. Se imagino o oposto também sou a referência, aí já em oposição àquele que seria o meu jeito de pensar ou agir num determinado momento de vida.
Por isso, quando vejo e aprecio as belezas dos bordados e artes que bela e singelamente Luiza Sarmet faz com suas mãos tão abençoadas, eu olho com tanta admiração e imagino, além do que vejo, o seu avesso, imaginando-o limpo e perfeito. Um avesso que poderia ser o direito.
Meu avesso, quando ouso tecer uma arte como a de Luiza não é limpo nem suave. É tosco e remendado. Minha suavidade reside em outra esfera. Não duvidem dela. Pode estar até meio agoniada, desgovernada, sem pouso. Mas é uma minha fração que se expressa de outros modos. Tenho provas.
Bom dia!
MINHA VIDA, MINHAS LINHAS
Sempre que se lê algo saído de algum autor, mesmo que no âmbito da ficção, quando de suas invencionices, especula-se sobre o caráter autobiográfico do material. Comigo nem é preciso supor tal gênese ou imaginar outra passibilidade para o que trago ao mundo com o que escrevo. Que quem lê nem se dê ao trabalho. Sempre tomo a mim mesma como a mais autêntica e indisfarçável fonte para o que saio por aí apregoando. Sou a origem de mim mesma no que projeto sobre o mundo e seus circunstantes. Só imagino reações e entendimentos de um jeito assim e não assado porque aquela seria a maneira como minha alma se comportaria numa encruzilhada da vida de mesmo tipo. Se imagino o oposto também sou a referência, aí já em oposição àquele que seria o meu jeito de pensar ou agir num determinado momento de vida.
Por isso, quando vejo e aprecio as belezas dos bordados e artes que bela e singelamente Luiza Sarmet faz com suas mãos tão abençoadas, eu olho com tanta admiração e imagino, além do que vejo, o seu avesso, imaginando-o limpo e perfeito. Um avesso que poderia ser o direito.
Meu avesso, quando ouso tecer uma arte como a de Luiza não é limpo nem suave. É tosco e remendado. Minha suavidade reside em outra esfera. Não duvidem dela. Pode estar até meio agoniada, desgovernada, sem pouso. Mas é uma minha fração que se expressa de outros modos. Tenho provas.
Bom dia!
sábado, 17 de fevereiro de 2018
EMBATES ÉTICOS
17/02/2016
Quando o meu pirão chega na frente, em caso de farinha pouca...
Tenho sossego não. Nem no ônibus, calada no meu canto, não deixo de ter um dilema para resolver. É de impressionar aos mais incrédulos! Tem horas que dá vontade de extrair todo e qualquer vestígio de pensamento crítico e atirar longe, pra lá do horizonte. Como um dardo lançado por um campeão olímpico. Ou como um longo suspiro de um iatista europeu quando se livrar das porcarias que se perpetuam na Baía, após a prova de fogo (e de água podre) enfrentada na próxima Olimpíada..
Meu caso é sem volta. Impossível viver de dúvida em dúvida, de desassossego em desassossego. Não dá nem para me deliciar com um cochilo ou com uma olhada para o lado para ver a nova propaganda da igreja por onde o ônibus passa ("Abaixo a violência em Itaipu!", o que já me faz pensar, pois que deixa implícito que se a violência for em Várzea das Moças ou no Engenho do Mato dá para aguentar...)... Não é brincadeira, não. São infinitos os chamados da vida para que eu reflita e decida. E eu não quero mais decidir nada, não. Quero ser uma maria-vai-com-as outras. Chega de ter senso e me exigir posições. Saco!
Hoje foi a mulher que entrou e me encontrou quieta, no banco do corredor, eu que, minutos antes, havia deixado a cadeira da janela pois lá batia sol e o calor era canicular. Só na volta é que peguei um ônibus "desenvolvido", com ar refrigerado... Mas o que conto foi na ida. Eu na sombra, a mulher paga sua passagem e vem em minha direção. Seu olhar chegou antes dela, anunciando sua disposição de estar ao meu lado na condução, o que já me colocou em alerta. Pronto! Acabou a paz! Aí vem mais uma coisinha do cotidiano para me pôr a pensar. Que faço eu? Vou pro sol e faço a gentileza de deixar a nova usuária do serviço de transporte ficar à sombra? Ou me faço de boba, mantenho-me calminha em meu canto, mais aprazível do que o que a espera, sob o sol ardente de três horas da tarde?
Foram segundos que tardaram horas. Eu ou ela? Quem fica com a melhor parte? Dou meu lugar? Ou sou a mais horrível das criaturas e afasto a minha perninha pro lado dando lugar para a moça ir ao encontro da solina sem fim?
Tenho uma conhecida que esteve lá em casa em Atafona numa certa ocasião e que, ao ver a saborosa fatia de melancia que coloquei para irmos beliscando, enquanto papeávamos, pegou a faca e cortou toda a parte vermelhinha de cima e me deixou a ver navios (ou melancia insossa, como queiram), ou seja, a procurar o que restava de doce na fruta, que não fosse aquela parte mais esbranquiçada, já perto da casca.
Assim foi hoje. Como decidir? Ficar com a parte doce da fruta ou a entregá-la à companheira de viagem? Se fosse para nós duas ficarmos na sombra, seria moleza. O diabo é quando se trata da escolha por si próprio ou pelo outro. Quando a sombra só dá para um. Aí é que a porca torce o rabo.
Muito feio dizer, mas eu cheguei ao meu destino fresquinha da silva. Pelo menos estou sendo sincera. E vim correndo escrever. Com certeza imaginando que a sinceridade serviria de atenuante para aliviar a culpa por meu egoísmo. Mas também, vamos e venhamos, a moça era bem mais jovem, ainda tem bem mais hormônios do que eu para serem derretidos pelo sol da tarde. A vez agora é dela. Mas, a verdade, é que nem assim, sossego. Na hora de reparar os outros, estou viva a verificar equívocos e manias. Mas, quando é comigo, deixo o altruísmo de lado e deixo pender para o meu lado, justificando-me pelo tanto que já caminhei, sob sol e sob chuva. Sem falar de intempéries outras, até mais castigantes.
(CREIO QUE JÁ PUBLIQUEI ISSO AQUI, SEI LÁ...)
PARTIÇÕES
17/02/2017
Sou mais compartimentada do que uma daquelas pinhas suculentas que brotavam lá no quintal da Beira Rio, é, aquelas mesmas que Maninho adorava enquanto eu preferia uma laranja lima, seguida de outra e mais algumas, sempre doces e amarelinhas das dezenas que papai trazia do Mercado.
O porquê da comparação é de fácil explicação, até meio bobinha, pra qualquer criança entender de primeira, sem auxílio dos recursos mais rebuscados do pensamento abstrato. Sou, sim, gominhos mais gominhos, vizinhos fraternos, até serem apartados pelo nosso desejo de aproveitar de seu sabor e gozo. Um simplesmente representa um doce sorriso que deixo escapar ante uma carta de amor endereçada à filha também por mim tão amada; outro, um duro golpe na boca do estômago pelo último gesto cínico de algum representante da banda fétida que faz de conta que nos governa enquanto ganha para si mais poder e benesses dos mais variados tipos; outro, o riso mais efusivo e desgovernado diante da última piada produzida pelo humor incansável e hilário que os brasileiros repartem entre si; mais um gomo, da saudade e das dores e alegrias que compõem nosso percurso pelas trilhas do viver; e por aí vai, ora mordiscando o gomo mais suculento, ora com alguma dificuldade de eliminar o caroço de maior porte, que teima em se apegar ao que de delicioso queremos sorver.
Não sei mesmo se a imagem é a melhor - Lulu, a pinha de uma manhã - mas fazer o quê quando me vejo repartida entre a mulher que ri, lamenta, espera, projeta e simplesmente quer escrever estas mal traçadas linhas antes de se por de pé e dar bom dia ao mundo?
sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018
ATÉ QUANDO RESISTIREI?
17/02/2016
Há que se ter paciência e ir-se encontrando os jeitos de serem eliminadas as chaturas e ameaças que a comunicação virtual vive aprontando com a gente. Competindo com as mensagens mais que bem-vindas de amigos, com as cartas de amor mais que saborosas, com as imagens e canções super atrativas que uns e outros distribuem para nós, e com as tantas outras informações úteis e interessantes que nos chegam daqui e dali, há uma bobajada sem fim que, a cada dia, temos que limpar, antes da leitura propriamente dita, do que vale a pena e interessa ser sorvido com prazer.
Falo isso porque nem dá para contar o sem número de vezes que recebi mensagens tentando, de alguma maneira me enganar, para que eu abra algum anexo que, pelo que dizem os especialistas, encherá de vírus super poderosos e potencialmente destruidores da alma da minha máquina, capazes de causar os danos mais sinistros a toda a memória nela acumulada. Diariamente a trama se repete e os apelos são os mais diferenciados: ou são fotos que eu não posso deixar de ver “daquela nossa festinha inesquecível”; ou é uma dívida que tenho que pagar urgentemente, sob o risco de ser severamente punida na forma da lei; ou é uma nota fiscal de um serviço qualquer que contratei e que devo salvar para providenciar a quitação; ou é qualquer cosia do gênero que vem como isca para ver se eu caio na conversa.
Mas hoje a coisa extrapolou: a mensagem era de uma senhora estrangeira, escrevendo com falhas, até mesmo pra comprovar a autenticidade de sua “missiva”, dizendo-se viúva de um senhor milionário que trabalhou no Kuwait e que deixou alguns milhões de dólares, tendo ela me escolhido para herdá-los. Não tem filhos e os familiares não são dignos de confiança... Basta a minha resposta e ela providenciará o repasse do “volume morto” que está num banco da Costa do Marfim, para que eu aplique em prol de viúvas, pobres, algo assim...
Sempre que bate em minha caixa de entrada esse tipo de coisa, eu fico imaginando o dia em que eu cairei na esparrela de acreditar. E me ponho a me perguntar, quietinha, para mim mesma, qual será o assunto que me levará a nocaute e que finalmente abrirá as portas para os inimigos ferozes que destruirão a minha história, aqui depositada neste instrumento de trabalho e de prazer, que é o meu computador (E lá se vão mais de 25 anos de doce e inconteste parceria...).
Sempre acho que não serei a única pessoa a sair ilesa desse tipo de ação criminosa e que um dia certamente vou me deixar enganar. E aí fico a imaginar: qual será a isca perfeita que um dia há de me seduzir irremediavelmente? É aí que fico imaginando que hão de me vencer pela boca.O anúncio de alguma receita mais que especial há de ser o “Abre-te Sésamo” que me fará providenciar o download do que quer que seja. Se for, então, algum mal intencionado que anuncie que irá me reapresentar ao sabor daquela maionese de camarão que conheci, há mais de 40 anos, no Hotel Palace, lá em Campos (nunca provei nem consegui fazer outra igual), caio que nem uma boba. Vírus surgirão de toda parte, farão um estrago tão inusitado que o fato corre o risco de virar notícia. Coisa para hackers mais que habilidosos serem chamados para dar conta da destruição. Eu, gulosa que só, estarei posta fora de combate, pois que minhas resistências cairão por terra, definitivamente. As lembranças permanecem com uma força descomunal dentro da gente. E a força delas está justamente, já disse alguém, na sua própria irrealidade.
17/02/2016
Há que se ter paciência e ir-se encontrando os jeitos de serem eliminadas as chaturas e ameaças que a comunicação virtual vive aprontando com a gente. Competindo com as mensagens mais que bem-vindas de amigos, com as cartas de amor mais que saborosas, com as imagens e canções super atrativas que uns e outros distribuem para nós, e com as tantas outras informações úteis e interessantes que nos chegam daqui e dali, há uma bobajada sem fim que, a cada dia, temos que limpar, antes da leitura propriamente dita, do que vale a pena e interessa ser sorvido com prazer.
Falo isso porque nem dá para contar o sem número de vezes que recebi mensagens tentando, de alguma maneira me enganar, para que eu abra algum anexo que, pelo que dizem os especialistas, encherá de vírus super poderosos e potencialmente destruidores da alma da minha máquina, capazes de causar os danos mais sinistros a toda a memória nela acumulada. Diariamente a trama se repete e os apelos são os mais diferenciados: ou são fotos que eu não posso deixar de ver “daquela nossa festinha inesquecível”; ou é uma dívida que tenho que pagar urgentemente, sob o risco de ser severamente punida na forma da lei; ou é uma nota fiscal de um serviço qualquer que contratei e que devo salvar para providenciar a quitação; ou é qualquer cosia do gênero que vem como isca para ver se eu caio na conversa.
Mas hoje a coisa extrapolou: a mensagem era de uma senhora estrangeira, escrevendo com falhas, até mesmo pra comprovar a autenticidade de sua “missiva”, dizendo-se viúva de um senhor milionário que trabalhou no Kuwait e que deixou alguns milhões de dólares, tendo ela me escolhido para herdá-los. Não tem filhos e os familiares não são dignos de confiança... Basta a minha resposta e ela providenciará o repasse do “volume morto” que está num banco da Costa do Marfim, para que eu aplique em prol de viúvas, pobres, algo assim...
Sempre que bate em minha caixa de entrada esse tipo de coisa, eu fico imaginando o dia em que eu cairei na esparrela de acreditar. E me ponho a me perguntar, quietinha, para mim mesma, qual será o assunto que me levará a nocaute e que finalmente abrirá as portas para os inimigos ferozes que destruirão a minha história, aqui depositada neste instrumento de trabalho e de prazer, que é o meu computador (E lá se vão mais de 25 anos de doce e inconteste parceria...).
Sempre acho que não serei a única pessoa a sair ilesa desse tipo de ação criminosa e que um dia certamente vou me deixar enganar. E aí fico a imaginar: qual será a isca perfeita que um dia há de me seduzir irremediavelmente? É aí que fico imaginando que hão de me vencer pela boca.O anúncio de alguma receita mais que especial há de ser o “Abre-te Sésamo” que me fará providenciar o download do que quer que seja. Se for, então, algum mal intencionado que anuncie que irá me reapresentar ao sabor daquela maionese de camarão que conheci, há mais de 40 anos, no Hotel Palace, lá em Campos (nunca provei nem consegui fazer outra igual), caio que nem uma boba. Vírus surgirão de toda parte, farão um estrago tão inusitado que o fato corre o risco de virar notícia. Coisa para hackers mais que habilidosos serem chamados para dar conta da destruição. Eu, gulosa que só, estarei posta fora de combate, pois que minhas resistências cairão por terra, definitivamente. As lembranças permanecem com uma força descomunal dentro da gente. E a força delas está justamente, já disse alguém, na sua própria irrealidade.
VIDA, E NA VEIA!
16/02/2018
Deu um dia, nada. Dois, três, quatro, o mesmo - total ausência de um tema, qualquer que fosse ele - uma banalidade, uma observação risível, um registro ou uma lembrança - que pudesse me instigar a escrever. Logo eu que sou movida a palavras e que, em jejum, a cada dia, faço da escrita o elemento vital capaz de abrir o traçado dos momentos pós-aurora em seus pigmentos, até disfarces. E é verdade, desde que soube da seriedade do tratamento a que me submeteria, emudeci. Não de imediato surgiu a consciência quanto ao silêncio recém instalado. A lucidez surgiu alguns dias depois da consulta ao oncologista, quando vim a saber da demorada sequência de sessões à qual terei que me submeter. Apenas percebi o tanto de dias sem escrever. Era como se, diante da ardilosa fase da vida que se impôs - e que eu tão bem vim respeitando e absorvendo, com meu bom humor sempre alerta - agora tenha sido introjetado de verdade o seu real percurso como fato consumado (e doído). A coisa é pra valer. E que, com isso, tenha sido expulso o meu, tão intrinsecamente meu, gosto pelas emoções do falar ao mundo pela via da escrita. Não bastou o naco de mim levado ao lixo hospitalar no dia 8 de dezembro. A história vai além, não para aí é faz pensar...
Estarei expulsando as emoções que me fazem pulsar diante da vida para que o organismo faça uma certa abstinência para receber um outro tipo de química, curativa mas arrasadora? O motivo do engasgo no palavrório virá com o tempo, imagino. Por enquanto, apenas a surpreendente constatação. Emudeci. E hoje, desperta deste tempo tão quieto, vi-me impelida a falar do meu silêncio, tão raro.
Que minha aparência se altere! Que minha vaidade se aquiete! Que minha química com as palavras tire seu merecido ano sabático! Eu me enquadro, vá lá. Mas que seja breve! Não há salvação fora do prazer. Pelo menos assim aprendi até os tempos em que a supresa de um câncer - e no coração da minha feminilidade - veio me tombar diante da fragilidade de pretensiosos planos de viver sem esse tipo de surpresa, maligna. Com certeza, eu estava carecendo desta lição de humildade. Somos, sim, ínfimos insetos com pouca margem de manobra diante dos temporais mais avassaladores postos no caminho.
Que venha o líquido restaurador e prometidamente eliminador de riscos! Em minhas veias já corre vida suficiente para receber essa influência - que guarda tanto mistério e poder! Da nova mistura injetada hão de advir novos delírios, sonhos e constatações. E palavras, por suposto. É o que espero. E faço isso, em estado de total ignorância quanto a efeitos e bizarras especulações, abrindo meu corpo ao que virá e abrindo mão, por um tempo, de minhas palavras de pensamento e emoção.
Apronto-me, sem mais dizeres, se esta parece ser a primeira regra do jogo. Desprendo-me de dizeres. Entrego-me ao novo e ao medo que ele apregoa, mesmo sem nenhum anúncio explícito. Pago o preço! É vida. Vamos a ela!
16/02/2018
Deu um dia, nada. Dois, três, quatro, o mesmo - total ausência de um tema, qualquer que fosse ele - uma banalidade, uma observação risível, um registro ou uma lembrança - que pudesse me instigar a escrever. Logo eu que sou movida a palavras e que, em jejum, a cada dia, faço da escrita o elemento vital capaz de abrir o traçado dos momentos pós-aurora em seus pigmentos, até disfarces. E é verdade, desde que soube da seriedade do tratamento a que me submeteria, emudeci. Não de imediato surgiu a consciência quanto ao silêncio recém instalado. A lucidez surgiu alguns dias depois da consulta ao oncologista, quando vim a saber da demorada sequência de sessões à qual terei que me submeter. Apenas percebi o tanto de dias sem escrever. Era como se, diante da ardilosa fase da vida que se impôs - e que eu tão bem vim respeitando e absorvendo, com meu bom humor sempre alerta - agora tenha sido introjetado de verdade o seu real percurso como fato consumado (e doído). A coisa é pra valer. E que, com isso, tenha sido expulso o meu, tão intrinsecamente meu, gosto pelas emoções do falar ao mundo pela via da escrita. Não bastou o naco de mim levado ao lixo hospitalar no dia 8 de dezembro. A história vai além, não para aí é faz pensar...
Estarei expulsando as emoções que me fazem pulsar diante da vida para que o organismo faça uma certa abstinência para receber um outro tipo de química, curativa mas arrasadora? O motivo do engasgo no palavrório virá com o tempo, imagino. Por enquanto, apenas a surpreendente constatação. Emudeci. E hoje, desperta deste tempo tão quieto, vi-me impelida a falar do meu silêncio, tão raro.
Que minha aparência se altere! Que minha vaidade se aquiete! Que minha química com as palavras tire seu merecido ano sabático! Eu me enquadro, vá lá. Mas que seja breve! Não há salvação fora do prazer. Pelo menos assim aprendi até os tempos em que a supresa de um câncer - e no coração da minha feminilidade - veio me tombar diante da fragilidade de pretensiosos planos de viver sem esse tipo de surpresa, maligna. Com certeza, eu estava carecendo desta lição de humildade. Somos, sim, ínfimos insetos com pouca margem de manobra diante dos temporais mais avassaladores postos no caminho.
Que venha o líquido restaurador e prometidamente eliminador de riscos! Em minhas veias já corre vida suficiente para receber essa influência - que guarda tanto mistério e poder! Da nova mistura injetada hão de advir novos delírios, sonhos e constatações. E palavras, por suposto. É o que espero. E faço isso, em estado de total ignorância quanto a efeitos e bizarras especulações, abrindo meu corpo ao que virá e abrindo mão, por um tempo, de minhas palavras de pensamento e emoção.
Apronto-me, sem mais dizeres, se esta parece ser a primeira regra do jogo. Desprendo-me de dizeres. Entrego-me ao novo e ao medo que ele apregoa, mesmo sem nenhum anúncio explícito. Pago o preço! É vida. Vamos a ela!
quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018
Com o sonho de hoje, pelo menos 1 ano sem nenhum exercício físico. Pelo menos isso!
Caminhada confusa e longa demais
15/02/2014
Já escrevi sobre isto – não paro de sonhar. A cada noite os sonhos proliferam e são todos muito especiais. Farto material para minha terapia. Não estou é com tempo de dedilhá-los, mas o desta noite é impossível não registrar, por mais rapidamente que seja.
Eu passeava, creio que com mamãe, sim, com mamãe, pelo Pontal, em Atafona e me deparo com uma casa feita à beira do rio, com um desvio que impedia o livre trânsito das pessoas que quisessem caminhar por ali. Havia que se dar a volta. Passamos por trás do muro, longe do rio, portanto, e depois de passar voltei a olhar e a família já não estava mais banhando-se no rio, como estava antes, mas sentados numa poltrona ao ar livre vendo um filme por um telão dentro do rio. Antes, eles se banhavam em ondas artificiais provocadas por uma máquina, um tipo de ventilador gigante. Eu volto e brigo com eles, falo da ilegalidade do que fizeram, minha voz se faz ouvir e eles, me parece, são expulsos dali. Mas a barbaridade continua. Deparo-me com toda a beira do rio fechada. Agora eu estou caminhando pela beira do rio e não consigo atravessar para o outro lado, o lado do mar. Ou bem mar, ou bem rio. Liberdade de ir e vir, não! Havia uma barreira de casas, sem nenhum intervalo entre elas, uma barreira mesmo, fechando a passagem. Entro numa das casas e passo para o outro lado por um janelão aberto. Vou seguindo, há uma escadaria imensa para se chegar ao mar. Subo por ela. E, partir daí, vira pesadelo. Quem aparece? Edson Lobão, a quem detesto, pois ele aparece dentro de uma das casas, com seus cabelinhos horrorosos pintados e era o responsável por aquela obra de privatização nojenta que impedia o livre acesso de um lado a outro. Grito com ele e brigamos feio. Parece que eu sonhei para brigar. Ele tinha um jornal em suas mãos. Eu queria mudar alguma coisa que estava no jornal a respeito do assunto, como se com minha ação eu pudesse mudar alguma coisa da realidade e ele fica tentando me impedir.
Não sei como termina, mas foi incrível. Dava um filme. Ah, uma hora, já no final da “história”, eu olhei por uma janela de uma das casas toscas por onde passava e vi que o mar não era mais o de Atafona, estava calminho. É quando alguém me informa que já estávamos em Araruama. E eu me sinto morta de cansada. E acordo. Muito além do meu horário normal de despertar. Pode???????????
Caminhada confusa e longa demais
15/02/2014
Já escrevi sobre isto – não paro de sonhar. A cada noite os sonhos proliferam e são todos muito especiais. Farto material para minha terapia. Não estou é com tempo de dedilhá-los, mas o desta noite é impossível não registrar, por mais rapidamente que seja.
Eu passeava, creio que com mamãe, sim, com mamãe, pelo Pontal, em Atafona e me deparo com uma casa feita à beira do rio, com um desvio que impedia o livre trânsito das pessoas que quisessem caminhar por ali. Havia que se dar a volta. Passamos por trás do muro, longe do rio, portanto, e depois de passar voltei a olhar e a família já não estava mais banhando-se no rio, como estava antes, mas sentados numa poltrona ao ar livre vendo um filme por um telão dentro do rio. Antes, eles se banhavam em ondas artificiais provocadas por uma máquina, um tipo de ventilador gigante. Eu volto e brigo com eles, falo da ilegalidade do que fizeram, minha voz se faz ouvir e eles, me parece, são expulsos dali. Mas a barbaridade continua. Deparo-me com toda a beira do rio fechada. Agora eu estou caminhando pela beira do rio e não consigo atravessar para o outro lado, o lado do mar. Ou bem mar, ou bem rio. Liberdade de ir e vir, não! Havia uma barreira de casas, sem nenhum intervalo entre elas, uma barreira mesmo, fechando a passagem. Entro numa das casas e passo para o outro lado por um janelão aberto. Vou seguindo, há uma escadaria imensa para se chegar ao mar. Subo por ela. E, partir daí, vira pesadelo. Quem aparece? Edson Lobão, a quem detesto, pois ele aparece dentro de uma das casas, com seus cabelinhos horrorosos pintados e era o responsável por aquela obra de privatização nojenta que impedia o livre acesso de um lado a outro. Grito com ele e brigamos feio. Parece que eu sonhei para brigar. Ele tinha um jornal em suas mãos. Eu queria mudar alguma coisa que estava no jornal a respeito do assunto, como se com minha ação eu pudesse mudar alguma coisa da realidade e ele fica tentando me impedir.
Não sei como termina, mas foi incrível. Dava um filme. Ah, uma hora, já no final da “história”, eu olhei por uma janela de uma das casas toscas por onde passava e vi que o mar não era mais o de Atafona, estava calminho. É quando alguém me informa que já estávamos em Araruama. E eu me sinto morta de cansada. E acordo. Muito além do meu horário normal de despertar. Pode???????????
quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018
14/02/2014
Entristecer-se com a morte do Santiago é uma coisa. Sentir-se culpado por ela é outra, antagônica. E olhar em torno e por dentro das nossas atuais circunstâncias históricas, é obrigação. O momento é grave.
Com a realidade dando pinotes e os de sempre aproveitando-se dos novos fatos para semearem consensos que lhes são favoráveis, no jogo de poder instalado, quase colocando no colo de quem reivindica nas ruas a pecha de "assassino coletivo" do repórter da Band, cuja morte nos comove a todos, encontro um pequeno texto meu aqui, escrito há mais de uma década. Será que ainda vale alguma coisa?
SOBRE PERGUNTAS E RESPOSTAS
em março de 2002
Ouvir e fazer perguntas não significa negar o passado e suas respostas. Significa, sim, saber que esse passado é sempre relativo e está sempre diante de novas perguntas. São tais perguntas que condicionam a forma como vamos recortá-lo para entender as perguntas que incessantemente não param de surgir...
Tomar por referência a prática – e suas perguntas – não significa – nem poderia significar – cada um de nós se esvaziar de experiências e ideias anteriores para olhar a vida e viver cada um de seus momentos. Pelo contrário, toda a nossa história interfere na nossa maneira de observar e compreender a vida. O que não devemos – e até devemos insistir em lutar contra dentro de nós mesmos – é buscar modelos (esses, sim, ideais) para comparar com os fatos que se apresentam, no nosso dia-a-dia (vistos como imperfeitos, incompletos, equivocados se não corresponderem ao modelo ideal). Lidar com o que está posto concretamente é até mais sábio do que “dar murro em ponta de faca”, querendo mudar o que existe, sem levar em conta as circunstâncias.
Acreditamos que, para quem quer melhorar o mundo, para quem insiste em querer contribuir para a construção de um mundo mais humanizado e justo, diferente do que está aí, a necessidade de tomar a prática como referência é até mais premente. Quando olhamos com mais atenção para o jeito de ser das coisas é que podemos perceber com maior clareza suas fragilidades e pontos de maior resistência, quem é aliado, quem não é, quais as características mais e menos aparentes de cada situação, como cada fato se liga com o seu contexto, essas coisas... Se ficarmos presos ao modelo ideal de sociedade e quisermos moldar o cotidiano a ele, a tendência é o fracasso.
A forma idealizada de perceber o mundo, não raras vezes, faz com que cada um de nós se sinta desanimado de tentar mudar as coisas diante da forma como elas se apresentam. Sem sabermos olhar bem como as coisas funcionam, sem compreendermos bem o porquê da relação dos homens e mulheres entre si e deles com a natureza ser como é, tentamos mudar e, não raras vezes, fracassamos. Ora aumentamos desmedidamente as nossas possibilidades como sujeitos da História (imaginamos que tudo podemos e, como não podemos, de fato, desistimos e tornamo-nos pessimistas e desesperançados). Outras vezes, nem tentamos nada ou quase nada porque julgamos que somos vítimas de um contexto perverso, e nada ou quase nada podemos contra os poderosos e contra as forças constituídas.
Pois bem: nem vítimas nem sujeitos – idealizados e a qualquer custo – da História! Seremos sujeitos da História, de verdade, se olharmos bem como esta História se desenrola, suas forças, seus personagens, seu movimento, suas tendências, suas versões, seus discursos, sua multiplicidade... Aí, sim, com base nos nossos sonhos, poderemos – e sempre coletivamente – ir transformando o status quo, estruturando uma nova forma de viver, melhor para cada um e para todos.
Entristecer-se com a morte do Santiago é uma coisa. Sentir-se culpado por ela é outra, antagônica. E olhar em torno e por dentro das nossas atuais circunstâncias históricas, é obrigação. O momento é grave.
Com a realidade dando pinotes e os de sempre aproveitando-se dos novos fatos para semearem consensos que lhes são favoráveis, no jogo de poder instalado, quase colocando no colo de quem reivindica nas ruas a pecha de "assassino coletivo" do repórter da Band, cuja morte nos comove a todos, encontro um pequeno texto meu aqui, escrito há mais de uma década. Será que ainda vale alguma coisa?
SOBRE PERGUNTAS E RESPOSTAS
em março de 2002
Ouvir e fazer perguntas não significa negar o passado e suas respostas. Significa, sim, saber que esse passado é sempre relativo e está sempre diante de novas perguntas. São tais perguntas que condicionam a forma como vamos recortá-lo para entender as perguntas que incessantemente não param de surgir...
Tomar por referência a prática – e suas perguntas – não significa – nem poderia significar – cada um de nós se esvaziar de experiências e ideias anteriores para olhar a vida e viver cada um de seus momentos. Pelo contrário, toda a nossa história interfere na nossa maneira de observar e compreender a vida. O que não devemos – e até devemos insistir em lutar contra dentro de nós mesmos – é buscar modelos (esses, sim, ideais) para comparar com os fatos que se apresentam, no nosso dia-a-dia (vistos como imperfeitos, incompletos, equivocados se não corresponderem ao modelo ideal). Lidar com o que está posto concretamente é até mais sábio do que “dar murro em ponta de faca”, querendo mudar o que existe, sem levar em conta as circunstâncias.
Acreditamos que, para quem quer melhorar o mundo, para quem insiste em querer contribuir para a construção de um mundo mais humanizado e justo, diferente do que está aí, a necessidade de tomar a prática como referência é até mais premente. Quando olhamos com mais atenção para o jeito de ser das coisas é que podemos perceber com maior clareza suas fragilidades e pontos de maior resistência, quem é aliado, quem não é, quais as características mais e menos aparentes de cada situação, como cada fato se liga com o seu contexto, essas coisas... Se ficarmos presos ao modelo ideal de sociedade e quisermos moldar o cotidiano a ele, a tendência é o fracasso.
A forma idealizada de perceber o mundo, não raras vezes, faz com que cada um de nós se sinta desanimado de tentar mudar as coisas diante da forma como elas se apresentam. Sem sabermos olhar bem como as coisas funcionam, sem compreendermos bem o porquê da relação dos homens e mulheres entre si e deles com a natureza ser como é, tentamos mudar e, não raras vezes, fracassamos. Ora aumentamos desmedidamente as nossas possibilidades como sujeitos da História (imaginamos que tudo podemos e, como não podemos, de fato, desistimos e tornamo-nos pessimistas e desesperançados). Outras vezes, nem tentamos nada ou quase nada porque julgamos que somos vítimas de um contexto perverso, e nada ou quase nada podemos contra os poderosos e contra as forças constituídas.
Pois bem: nem vítimas nem sujeitos – idealizados e a qualquer custo – da História! Seremos sujeitos da História, de verdade, se olharmos bem como esta História se desenrola, suas forças, seus personagens, seu movimento, suas tendências, suas versões, seus discursos, sua multiplicidade... Aí, sim, com base nos nossos sonhos, poderemos – e sempre coletivamente – ir transformando o status quo, estruturando uma nova forma de viver, melhor para cada um e para todos.
segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018
QUERO MINHA INFÂNCIA DE VOLTA (E OLHE QUE NÃO FOI DAS MAIS TRANQUILAS COM "SEU" JOÃO COMO DONO DE MEU DESTINO) !
12/2/2017
Em menos de 6 horas, vivi duas situações que me deixaram perplexa, inconformada, desalentada, com a minha hérnia de hiato gritando escandalosamente como uma louca desvairada aqui na frente, se espichando tanto que quase dava para dar as mãos à sua amiguinha lá de trás, a hérnia de disco que se estende por meu tronco calejado de vida (leiam-se muitas alegrias também, felizmente, ao lado das aporrinhações do cotidiano):
- Fato 1 - ouvir de uma pessoa de quem gosto muito que Dilma e Temer são farinha do mesmo saco. Sim, Dilma, a mulher a quem admiro, aquela mesma que, mesmo sob tortura manteve-se digna e respeitável;
- Fato 2 - ir a uma festinha e ver a babá de uma criança se acercar da mesa de doces e quase "furtar" uma brigadeiro, tamanha a falta de jeito com que pegou aquele docinho e o levou à boca, mastigando-o disfarçadamente. Ela sabia que não era para ela. Não é só a piscina de um filme (Que horas ela volta?) que tem gente certa para dela se servir. Pra que meus olhos bateram nela justo naquele momento? A vontade foi de lhe servir outros. E não o fiz. Fiquei foi embasbacada mesmo. Covardemente omissa.
Quero minha inocência de volta!
12/2/2017
Em menos de 6 horas, vivi duas situações que me deixaram perplexa, inconformada, desalentada, com a minha hérnia de hiato gritando escandalosamente como uma louca desvairada aqui na frente, se espichando tanto que quase dava para dar as mãos à sua amiguinha lá de trás, a hérnia de disco que se estende por meu tronco calejado de vida (leiam-se muitas alegrias também, felizmente, ao lado das aporrinhações do cotidiano):
- Fato 1 - ouvir de uma pessoa de quem gosto muito que Dilma e Temer são farinha do mesmo saco. Sim, Dilma, a mulher a quem admiro, aquela mesma que, mesmo sob tortura manteve-se digna e respeitável;
- Fato 2 - ir a uma festinha e ver a babá de uma criança se acercar da mesa de doces e quase "furtar" uma brigadeiro, tamanha a falta de jeito com que pegou aquele docinho e o levou à boca, mastigando-o disfarçadamente. Ela sabia que não era para ela. Não é só a piscina de um filme (Que horas ela volta?) que tem gente certa para dela se servir. Pra que meus olhos bateram nela justo naquele momento? A vontade foi de lhe servir outros. E não o fiz. Fiquei foi embasbacada mesmo. Covardemente omissa.
Quero minha inocência de volta!
sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018
O que é céu mesmo?
9/2/308
Ah, que inveja eu tenho de quem ou vê preto, ou vê branco; ou julga uma atitude certa ou a julga errada; ou sabe logo, logo, dizer sim – ou não –, diante de um convite ou possibilidade...
Como o assunto me parece complexo, escondo-me de mim mesma e de meu lado que adora um preâmbulo, e vou direto ao ponto, antes que comece a fazer aquelas elucubrações que gastam a metade do texto antes de entrar no assunto propriamente dito. Desta vez, não dá. A coisa é séria demais e dissemina-se nas conversas e especulações em cada canto deste país. Tudo me parece grave demais!
O que me conclama hoje a pensar e pensar e pensar... e dizer, é o dilema entre DILMA/PT/CORRUPÇÃO, de um lado, e os interesses da direita e do capitalismo internacional, de outro. Esse é o tema. Essa é a conversa. Esse é o drama. O “escândalo da PETROBRAS” é apenas o elemento visível (e que elemento!), mas o determinante é bem outro, bem mais além das nossas águas profundas, e tem a ver com os grandes interesses do atual momento do capitalismo internacional.
Como seria simples acusar um e absolver o outro! Independente de qual seja o lado que se escolha, mas como seria, até mais rápido e menos conflitivo dizer sim a um e dizer não ao outro. Como seria simples anunciar que “O PT é uma quadrilha que se apoderou do aparelho de Estado e todos que o acusam estão carregados de razão”. Ou, de modo similar, como também poderia ser fácil concordar em que “há interesses internacionais em jogo em querer acabar com o pré-sal e em querer dar chance às empresas multinacionais desmoralizando as empresas nacionais, e o PT é vítima do quarto poder, que representa tais interesses e joga na sua destruição”. Ah, como seria simples endeusar um e demonizar o outro. Como no poema, tb não seria uma solução. E nem ao menos rima.
Mas, assim como a mentira, também esse pender para um ou para o outro lado, sem uma análise mais ampla, tem pernas – e argumentos – curtos... Como essa caolhice nos faz vítimas de uma atitude simplista e enganosa! Fazer pender a varinha de condão da fada boa que escolhe um lado e o eleva aos céus e deixar que a bruxa má jogue o outro no fogo do inferno, é um ledo engano, é de uma parcialidade sem fim, é de uma capenguice total no modo de ver e analisar a vida e suas tramas.
Como seria adequado, simples, até mesmo elegantemente aceito, pender para um lado OU para o outro. Mas, mesmo sabendo que a verdade é uma utopia quase inalcançável, que a luta se faz no sentido de buscá-la, mesmo sabendo-a permanentemente em xeque e em processo, o compromisso com um olhar indagativo diante dos fatos deve ser sempre norteado pelo compromisso com a busca da verdade da História ...
Abrir mão do “vício” de duvidar, de questionar, de olhar para os vários ângulos e facetas de uma dada circunstância história é abrir mão do compromisso com a verdade dos fatos e se apegar a uma visão unilateral, parcial, pequena, mais transitória do que o próprio tempo...
Há momentos em que quase rogo por ter de volta o pensamento aprendido na infância, no colo da Igreja que separa o joio do trigo, o céu do inferno, o certo do errado, os bons dos maus, a pureza do pecado. Como seria menos traumático. Mas, isso é tolice, é apenas uma rota de fuga, sem efeito, sem raízes em minha alma de quem quer viver o que tem que ser vivido, sem enganos ou meias verdades... Tendo o questionamento por método, a dúvida por inspiração, a totalidade como jeito de perceber a mim, ao outro, ao mundo, sou forçada a ver cada lado com suas nuances, cada banda com suas incompletudes, cada instância com seus percalços, essas coisas que não nos fazem chegar a um único posicionamento, fechado, sem tonalidades, sem nuances, sem certezas...
Desse modo, pelo que ando lendo e estudando, e conversando, e tornando a ler e a estudar... há uma grandíssima intenção de derrubar os interesses nacionais. Estivesse o inesquecível Leonel ainda por aqui, estaria a bradar mais uma vez contra as perdas internacionais... pois bem, mas isso é um lado. Aliás, o que considero o mais relevante. É o que faz mais brasileiros perderem com o desgaste a que está submetida a PETROBRAS, como símbolo inconteste de nossa voz terceiromundista (Deixe-me falar à moda antiga, que ainda vale neste mar de lágrimas e de desigualdades!). Decepcionou-me ver que o PT, meu antigo partido, o que iria mudar métodos e costumes de se fazer política, ter-se deixado invadir pelas antigas e tradicionais práticas de “fazer andar” a política, mediante o toma-lá-dá-cá que sempre nos caracterizou... Ah, isso é de matar, isso me dói, isso me envergonha, isso me entristece, isso me deixa politicamente sem pai nem mãe, isso é um golpe mortal para nossos sonhos... Mas, eu não posso me deixar enganar e ver o quanto a continuidade da corrupção em nosso país está servindo a interesses distantes do Partido, interesses totalmente antidemocráticos e que nada mais pretendem do que aprofundar a distância entre pobres e ricos, que, em última instância, é o que define o lado contra o qual devemos pender. Não me importa se o PT, via de regra, fez caixa não para indivíduos enriquecerem, mas para fazer campanha e garantir determinados ideais. Não seria igualando-se aos demais que a luta poderia avançar. Até porque, não duvido de que haja militantes, até por uma ausência de firmeza maior de sua formação, tenham-se deixado levar e entendido que nada era para mudar mesmo... No meu ponto de vista, aliás, estamos vendo os resultados. Todos os poderosos contra. E o povo descrente, vivendo a pior das ilusões – a de que o poder corrompe, independente de qual seja o partido no poder. Isso é o que há de pior! Quando a população voltará a ter esperança? Os fins não justificavam os meios! Não mesmo! Os resultados estão aí.
Isso é um lado: o erro do Partido em ter agido com agiu, aprimorando as práticas de corrupção de antes. Mas, olhar esse ângulo, não nos pode impedir de ver o outro, o do grande capital. Até imagino (Imaginação é comigo mesma!), em banquetes muito bem servidos, em mansões de alto luxo (que aliás, que eu saiba José Genuíno não tem!), quantos brindes têm sido lançados ao ar, em meio a estridentes gargalhadas, pelo erro estratégico do PT e do quanto ele vem servindo aos poderosos e a seus intentos criminosos de fazer permanecer e aprofundar as dores do povo mais sofrido e menos aquinhoado, que, espero, nunca deixe de nos emocionar e de nos colocar a seu lado, em prol de sua humanização e dignidade.
Como sempre, a aparência é apenas uma parte da realidade, o mais está por ela mesma escondido ou disfarçado... Ou, em bom português, no bom popular, que sempre nos ensina: por baixo do angu tem carne. E quanta! E para quão poucos!
9/2/308
Ah, que inveja eu tenho de quem ou vê preto, ou vê branco; ou julga uma atitude certa ou a julga errada; ou sabe logo, logo, dizer sim – ou não –, diante de um convite ou possibilidade...
Como o assunto me parece complexo, escondo-me de mim mesma e de meu lado que adora um preâmbulo, e vou direto ao ponto, antes que comece a fazer aquelas elucubrações que gastam a metade do texto antes de entrar no assunto propriamente dito. Desta vez, não dá. A coisa é séria demais e dissemina-se nas conversas e especulações em cada canto deste país. Tudo me parece grave demais!
O que me conclama hoje a pensar e pensar e pensar... e dizer, é o dilema entre DILMA/PT/CORRUPÇÃO, de um lado, e os interesses da direita e do capitalismo internacional, de outro. Esse é o tema. Essa é a conversa. Esse é o drama. O “escândalo da PETROBRAS” é apenas o elemento visível (e que elemento!), mas o determinante é bem outro, bem mais além das nossas águas profundas, e tem a ver com os grandes interesses do atual momento do capitalismo internacional.
Como seria simples acusar um e absolver o outro! Independente de qual seja o lado que se escolha, mas como seria, até mais rápido e menos conflitivo dizer sim a um e dizer não ao outro. Como seria simples anunciar que “O PT é uma quadrilha que se apoderou do aparelho de Estado e todos que o acusam estão carregados de razão”. Ou, de modo similar, como também poderia ser fácil concordar em que “há interesses internacionais em jogo em querer acabar com o pré-sal e em querer dar chance às empresas multinacionais desmoralizando as empresas nacionais, e o PT é vítima do quarto poder, que representa tais interesses e joga na sua destruição”. Ah, como seria simples endeusar um e demonizar o outro. Como no poema, tb não seria uma solução. E nem ao menos rima.
Mas, assim como a mentira, também esse pender para um ou para o outro lado, sem uma análise mais ampla, tem pernas – e argumentos – curtos... Como essa caolhice nos faz vítimas de uma atitude simplista e enganosa! Fazer pender a varinha de condão da fada boa que escolhe um lado e o eleva aos céus e deixar que a bruxa má jogue o outro no fogo do inferno, é um ledo engano, é de uma parcialidade sem fim, é de uma capenguice total no modo de ver e analisar a vida e suas tramas.
Como seria adequado, simples, até mesmo elegantemente aceito, pender para um lado OU para o outro. Mas, mesmo sabendo que a verdade é uma utopia quase inalcançável, que a luta se faz no sentido de buscá-la, mesmo sabendo-a permanentemente em xeque e em processo, o compromisso com um olhar indagativo diante dos fatos deve ser sempre norteado pelo compromisso com a busca da verdade da História ...
Abrir mão do “vício” de duvidar, de questionar, de olhar para os vários ângulos e facetas de uma dada circunstância história é abrir mão do compromisso com a verdade dos fatos e se apegar a uma visão unilateral, parcial, pequena, mais transitória do que o próprio tempo...
Há momentos em que quase rogo por ter de volta o pensamento aprendido na infância, no colo da Igreja que separa o joio do trigo, o céu do inferno, o certo do errado, os bons dos maus, a pureza do pecado. Como seria menos traumático. Mas, isso é tolice, é apenas uma rota de fuga, sem efeito, sem raízes em minha alma de quem quer viver o que tem que ser vivido, sem enganos ou meias verdades... Tendo o questionamento por método, a dúvida por inspiração, a totalidade como jeito de perceber a mim, ao outro, ao mundo, sou forçada a ver cada lado com suas nuances, cada banda com suas incompletudes, cada instância com seus percalços, essas coisas que não nos fazem chegar a um único posicionamento, fechado, sem tonalidades, sem nuances, sem certezas...
Desse modo, pelo que ando lendo e estudando, e conversando, e tornando a ler e a estudar... há uma grandíssima intenção de derrubar os interesses nacionais. Estivesse o inesquecível Leonel ainda por aqui, estaria a bradar mais uma vez contra as perdas internacionais... pois bem, mas isso é um lado. Aliás, o que considero o mais relevante. É o que faz mais brasileiros perderem com o desgaste a que está submetida a PETROBRAS, como símbolo inconteste de nossa voz terceiromundista (Deixe-me falar à moda antiga, que ainda vale neste mar de lágrimas e de desigualdades!). Decepcionou-me ver que o PT, meu antigo partido, o que iria mudar métodos e costumes de se fazer política, ter-se deixado invadir pelas antigas e tradicionais práticas de “fazer andar” a política, mediante o toma-lá-dá-cá que sempre nos caracterizou... Ah, isso é de matar, isso me dói, isso me envergonha, isso me entristece, isso me deixa politicamente sem pai nem mãe, isso é um golpe mortal para nossos sonhos... Mas, eu não posso me deixar enganar e ver o quanto a continuidade da corrupção em nosso país está servindo a interesses distantes do Partido, interesses totalmente antidemocráticos e que nada mais pretendem do que aprofundar a distância entre pobres e ricos, que, em última instância, é o que define o lado contra o qual devemos pender. Não me importa se o PT, via de regra, fez caixa não para indivíduos enriquecerem, mas para fazer campanha e garantir determinados ideais. Não seria igualando-se aos demais que a luta poderia avançar. Até porque, não duvido de que haja militantes, até por uma ausência de firmeza maior de sua formação, tenham-se deixado levar e entendido que nada era para mudar mesmo... No meu ponto de vista, aliás, estamos vendo os resultados. Todos os poderosos contra. E o povo descrente, vivendo a pior das ilusões – a de que o poder corrompe, independente de qual seja o partido no poder. Isso é o que há de pior! Quando a população voltará a ter esperança? Os fins não justificavam os meios! Não mesmo! Os resultados estão aí.
Isso é um lado: o erro do Partido em ter agido com agiu, aprimorando as práticas de corrupção de antes. Mas, olhar esse ângulo, não nos pode impedir de ver o outro, o do grande capital. Até imagino (Imaginação é comigo mesma!), em banquetes muito bem servidos, em mansões de alto luxo (que aliás, que eu saiba José Genuíno não tem!), quantos brindes têm sido lançados ao ar, em meio a estridentes gargalhadas, pelo erro estratégico do PT e do quanto ele vem servindo aos poderosos e a seus intentos criminosos de fazer permanecer e aprofundar as dores do povo mais sofrido e menos aquinhoado, que, espero, nunca deixe de nos emocionar e de nos colocar a seu lado, em prol de sua humanização e dignidade.
Como sempre, a aparência é apenas uma parte da realidade, o mais está por ela mesma escondido ou disfarçado... Ou, em bom português, no bom popular, que sempre nos ensina: por baixo do angu tem carne. E quanta! E para quão poucos!
terça-feira, 6 de fevereiro de 2018
QUAL SAÍDA? E HÁ?
7/2/2014
A cabeça ferve, a alma pena. Não tem escapatória quando me vejo diante de uma notícia ruim que me abala. O ansiado equilíbrio nunca se diz presente e a angústia chega certeira, com intimidade, sabendo que meu peito é berço esplêndido com o qual troca figurinhas amiúde.
Eduardo Coutinho morre. Da forma que morre. Como um raio, a sensação que me arrebata é a de sempre: sentir-me o próprio penitente, imaginar suas dores, ver-me em sua fisionomia crispada a olhar, incrédulo, sofrido, impactado, a imagem de quem lhe tira a vida. Sim, aquele a quem ele mesmo a deu, há umas tantas décadas atrás. Terá partido com um olhar de pavor a lhe compor dramaticamente a fisionomia? Não me parece possível ser diferente! E tome de pensar no sofrimento alheio, quase me deixando sufocar pelo que me traz.
Por que não ser diferente? Não foi isso que aprendi na escola. O que me foi sendo cravado na consciência – religião faz dessas coisas – é que , diante da desgraça alheia temos que rezar um pouquinho para que o sofredor se alivie, se for amigo a gente deve dar um socorro presencial, mas não devemos nunca nos esquecer de que temos que nos aliviar e agradecer por não ter sido conosco. Tomada tal providência, dentro de nós mesmos, em silêncio, conversa íntima de filho de Deus diretamente com Ele, é hora de lembrar do quanto somos privilegiados: graças a deus não tenho um filho esquizofrênico, graças a deus não fui eu quem caiu na rua (tenho uma amiga que se espatifou na praia de Icaraí por descuido dos responsáveis pelos orelhões, que retirou um deles do lugar mas deixou aquela pedra “sinalizadora” da sua presença no local, a qual, sem ele, tornou-se a legítima pedra no meio do caminho para tombar – e arrebentar – uns e outros. E se minha amiga caísse de lado? Ou num grau um pouco mais à esquerda ou à direita que fizesse com que as leis da Física a levassem a ter ferido seu crânio e não a face??????????)
Então, por que eu não aprendi a ser uma católica com maior teor de fé e maior nível de fidelidade às regras que devem orientar o procedimento humano diante de si e do próximo????????? Por que, ao invés de agradecer e me sentir eleita para não ter passado por aquele sofrimento eu sofro junto com o outro? Eu não poderia evitar o ocorrido, não dependeu de mim o ocorrido, por que me sentir assim? Por que me ver uma vez mais acometida por inútil e conflituoso sofrimento diante da dor alheia. devo ser presunçosa, achando que posso mais do que realmente posso. Falta-me humildade, é isso.
O pior é que só sobra o inútil sofrimento mesmo. Nada posso fazer. Nada poderia ter feito. Nada poderei fazer. Não há tempo de verbo que atribua a mim a menor possibilidade de reconstruir o fato já levado a cabo.
Por que sentir a dor alheia como minha? E só sentir que o nó que está agarrado na garganta não se dissolve? Nem quando eu venho me utilizar das mesmas velhas, companheiras e ineficazes palavras eu resolvo meu conflito. Nem resolvo o problema do outro, nem o meu. Por quais motivos vejo-me tão contaminada pelos rios pelos quais passei em minha vida, para me dar tão insistentemente a inutilidades?
O jogo não era para ser jogado assim, pela vida adentro – naquela base do “alivie-se, amiga, você vai reclamar de quê? Tanta gente em situação pior e você sofrendo à toa? Falta-lhe fé , para dizer o mínimo, filha ingrata!”
Vou mesmo correr pra minha adorável terapeuta (argentina, não poderia ser diferente!). Mas não creio haver jeito. A briga interna é sexagenária. Nem dá mais tempo de pacificar essas partes em contenda.
7/2/2014
A cabeça ferve, a alma pena. Não tem escapatória quando me vejo diante de uma notícia ruim que me abala. O ansiado equilíbrio nunca se diz presente e a angústia chega certeira, com intimidade, sabendo que meu peito é berço esplêndido com o qual troca figurinhas amiúde.
Eduardo Coutinho morre. Da forma que morre. Como um raio, a sensação que me arrebata é a de sempre: sentir-me o próprio penitente, imaginar suas dores, ver-me em sua fisionomia crispada a olhar, incrédulo, sofrido, impactado, a imagem de quem lhe tira a vida. Sim, aquele a quem ele mesmo a deu, há umas tantas décadas atrás. Terá partido com um olhar de pavor a lhe compor dramaticamente a fisionomia? Não me parece possível ser diferente! E tome de pensar no sofrimento alheio, quase me deixando sufocar pelo que me traz.
Por que não ser diferente? Não foi isso que aprendi na escola. O que me foi sendo cravado na consciência – religião faz dessas coisas – é que , diante da desgraça alheia temos que rezar um pouquinho para que o sofredor se alivie, se for amigo a gente deve dar um socorro presencial, mas não devemos nunca nos esquecer de que temos que nos aliviar e agradecer por não ter sido conosco. Tomada tal providência, dentro de nós mesmos, em silêncio, conversa íntima de filho de Deus diretamente com Ele, é hora de lembrar do quanto somos privilegiados: graças a deus não tenho um filho esquizofrênico, graças a deus não fui eu quem caiu na rua (tenho uma amiga que se espatifou na praia de Icaraí por descuido dos responsáveis pelos orelhões, que retirou um deles do lugar mas deixou aquela pedra “sinalizadora” da sua presença no local, a qual, sem ele, tornou-se a legítima pedra no meio do caminho para tombar – e arrebentar – uns e outros. E se minha amiga caísse de lado? Ou num grau um pouco mais à esquerda ou à direita que fizesse com que as leis da Física a levassem a ter ferido seu crânio e não a face??????????)
Então, por que eu não aprendi a ser uma católica com maior teor de fé e maior nível de fidelidade às regras que devem orientar o procedimento humano diante de si e do próximo????????? Por que, ao invés de agradecer e me sentir eleita para não ter passado por aquele sofrimento eu sofro junto com o outro? Eu não poderia evitar o ocorrido, não dependeu de mim o ocorrido, por que me sentir assim? Por que me ver uma vez mais acometida por inútil e conflituoso sofrimento diante da dor alheia. devo ser presunçosa, achando que posso mais do que realmente posso. Falta-me humildade, é isso.
O pior é que só sobra o inútil sofrimento mesmo. Nada posso fazer. Nada poderia ter feito. Nada poderei fazer. Não há tempo de verbo que atribua a mim a menor possibilidade de reconstruir o fato já levado a cabo.
Por que sentir a dor alheia como minha? E só sentir que o nó que está agarrado na garganta não se dissolve? Nem quando eu venho me utilizar das mesmas velhas, companheiras e ineficazes palavras eu resolvo meu conflito. Nem resolvo o problema do outro, nem o meu. Por quais motivos vejo-me tão contaminada pelos rios pelos quais passei em minha vida, para me dar tão insistentemente a inutilidades?
O jogo não era para ser jogado assim, pela vida adentro – naquela base do “alivie-se, amiga, você vai reclamar de quê? Tanta gente em situação pior e você sofrendo à toa? Falta-lhe fé , para dizer o mínimo, filha ingrata!”
Vou mesmo correr pra minha adorável terapeuta (argentina, não poderia ser diferente!). Mas não creio haver jeito. A briga interna é sexagenária. Nem dá mais tempo de pacificar essas partes em contenda.
quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018
Enquanto é tempo...
1/02/2017
Eu inventei uma neta pra mim. Ainda não chegaram os rebentos que vêm de pedaços de mim? Sem problema. Eu espero, mas vou dando uma adiantada por aqui com filhos de uma barriga meio filha também mas que vem lá da Bahia e das Minas Gerais, sem nem sonhar com a planície goitacá ou terras patagônicas. Pois foi isto mesmo: não perdi tempo. Enquanto seu lobo não vem, à luta, companheira! Se está difícil confirmar que sou sujeito da História, historicamente falando, aqui no pessoal, sou dona do meu chão e planto o diamante que eu quiser. Sei lá quanto tempo ainda tenho por estas bandas daqui... Vamos adiantar esta avozice que eu quero é viver o amor na sua mais intensa integralidade.
Alguns plantam diamantes abaixo do chão. Nem sei bem para quê. Já perdi tempo pensando na utilidade de tal plantio e não consegui decifrá-lo. Mas que esses cultivadores de inutilidades existem, está cada vez mais público e notório. Não sei em que escola aprenderam tal asneira. Diamantes abaixo do chão... vejam que inutilidade... Deve ter sido numa aula antes ou depois daquela outra onde se ensina a banhar dinheiro vivo no mar. Tudo tão inadequado que nem sei por onde começar a lamentar tais equívocos e compreender sua finalidade.
Outros, e cá estou eu a provar, deixam-se brotar fazendo-se sementes que viram relações de amor, entendendo serem estas as pedras preciosas que trazem brilhos insuspeitáveis à alma e que devem ser cultivados pela entrega afetiva que humaniza e floresce em gestos da mais viva emoção.
Luna chegou a este mundo. Pequenina, deixava-se ficar em meu colo. Mas, quando os olhos deram de ver, não queria saber de mim e olhava-me desconfiada. Até chorava sem me querer por perto. Mas, minha paixão foi tão arrebatadora (fosse espírita entenderia por outras vias...) que me fiz daquele personagem bobinho de telenovela de quinta, que julga que seu amor basta para os dois, diante da indiferença da mocinha, e investi na conquista de minha neta, escolhida por mim como tal. Fiz de tudo em forma de artimanhas de conquista. Não gosta de mim por causa do cabelo branco? Vai um chapéu na cabeça. Não quer meu colo porque estou de cara limpa, sem problema: maquiagem completa para receber Luna. Mais o quê? Perfume? Roupa nova? O que for. À conquista.
E Luna ganhou um espaço dela aqui em casa. Ganho o coração da avó inventante de neta, o mais foi consequência: uma mesa, reformada e pintada de branco, livros, papel, tintas, um banquinho feito por mim, brinquedos improvisados, bonecas que foram de Mariana, bugigangas as mais diversas, prontinhas para virar outras coisas por nossas brincadeiras. E, óbvio: eu, inteirinha, na minha total disponibilidade quando Lu Luciana Farias Sampaio ou Zeca Zeca Azevedo anunciam que ela virá. É tomar banho e me entregar ao que iremos inventar no tempo em que estiver aqui.
No dia em que essa figurinha, ao me ver chegar junto a um grupo de pessoas queridas, e veio correndo em minha direção, na ponta dos pés, correndo, rindo incontida, eu entendi o que é a felicidade.
Vamos em frente, Luninha! Viver é alegria! Você é a minha pedra preciosa. Lapidemo-nos pelo amor! Isso vale.
1/02/2017
Eu inventei uma neta pra mim. Ainda não chegaram os rebentos que vêm de pedaços de mim? Sem problema. Eu espero, mas vou dando uma adiantada por aqui com filhos de uma barriga meio filha também mas que vem lá da Bahia e das Minas Gerais, sem nem sonhar com a planície goitacá ou terras patagônicas. Pois foi isto mesmo: não perdi tempo. Enquanto seu lobo não vem, à luta, companheira! Se está difícil confirmar que sou sujeito da História, historicamente falando, aqui no pessoal, sou dona do meu chão e planto o diamante que eu quiser. Sei lá quanto tempo ainda tenho por estas bandas daqui... Vamos adiantar esta avozice que eu quero é viver o amor na sua mais intensa integralidade.
Alguns plantam diamantes abaixo do chão. Nem sei bem para quê. Já perdi tempo pensando na utilidade de tal plantio e não consegui decifrá-lo. Mas que esses cultivadores de inutilidades existem, está cada vez mais público e notório. Não sei em que escola aprenderam tal asneira. Diamantes abaixo do chão... vejam que inutilidade... Deve ter sido numa aula antes ou depois daquela outra onde se ensina a banhar dinheiro vivo no mar. Tudo tão inadequado que nem sei por onde começar a lamentar tais equívocos e compreender sua finalidade.
Outros, e cá estou eu a provar, deixam-se brotar fazendo-se sementes que viram relações de amor, entendendo serem estas as pedras preciosas que trazem brilhos insuspeitáveis à alma e que devem ser cultivados pela entrega afetiva que humaniza e floresce em gestos da mais viva emoção.
Luna chegou a este mundo. Pequenina, deixava-se ficar em meu colo. Mas, quando os olhos deram de ver, não queria saber de mim e olhava-me desconfiada. Até chorava sem me querer por perto. Mas, minha paixão foi tão arrebatadora (fosse espírita entenderia por outras vias...) que me fiz daquele personagem bobinho de telenovela de quinta, que julga que seu amor basta para os dois, diante da indiferença da mocinha, e investi na conquista de minha neta, escolhida por mim como tal. Fiz de tudo em forma de artimanhas de conquista. Não gosta de mim por causa do cabelo branco? Vai um chapéu na cabeça. Não quer meu colo porque estou de cara limpa, sem problema: maquiagem completa para receber Luna. Mais o quê? Perfume? Roupa nova? O que for. À conquista.
E Luna ganhou um espaço dela aqui em casa. Ganho o coração da avó inventante de neta, o mais foi consequência: uma mesa, reformada e pintada de branco, livros, papel, tintas, um banquinho feito por mim, brinquedos improvisados, bonecas que foram de Mariana, bugigangas as mais diversas, prontinhas para virar outras coisas por nossas brincadeiras. E, óbvio: eu, inteirinha, na minha total disponibilidade quando Lu Luciana Farias Sampaio ou Zeca Zeca Azevedo anunciam que ela virá. É tomar banho e me entregar ao que iremos inventar no tempo em que estiver aqui.
No dia em que essa figurinha, ao me ver chegar junto a um grupo de pessoas queridas, e veio correndo em minha direção, na ponta dos pés, correndo, rindo incontida, eu entendi o que é a felicidade.
Vamos em frente, Luninha! Viver é alegria! Você é a minha pedra preciosa. Lapidemo-nos pelo amor! Isso vale.
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