21/02/2017
MINHA VIDA, MINHAS LINHAS
Sempre que se lê algo saído de algum autor, mesmo que no âmbito da ficção, quando de suas invencionices, especula-se sobre o caráter autobiográfico do material. Comigo nem é preciso supor tal gênese ou imaginar outra passibilidade para o que trago ao mundo com o que escrevo. Que quem lê nem se dê ao trabalho. Sempre tomo a mim mesma como a mais autêntica e indisfarçável fonte para o que saio por aí apregoando. Sou a origem de mim mesma no que projeto sobre o mundo e seus circunstantes. Só imagino reações e entendimentos de um jeito assim e não assado porque aquela seria a maneira como minha alma se comportaria numa encruzilhada da vida de mesmo tipo. Se imagino o oposto também sou a referência, aí já em oposição àquele que seria o meu jeito de pensar ou agir num determinado momento de vida.
Por isso, quando vejo e aprecio as belezas dos bordados e artes que bela e singelamente Luiza Sarmet faz com suas mãos tão abençoadas, eu olho com tanta admiração e imagino, além do que vejo, o seu avesso, imaginando-o limpo e perfeito. Um avesso que poderia ser o direito.
Meu avesso, quando ouso tecer uma arte como a de Luiza não é limpo nem suave. É tosco e remendado. Minha suavidade reside em outra esfera. Não duvidem dela. Pode estar até meio agoniada, desgovernada, sem pouso. Mas é uma minha fração que se expressa de outros modos. Tenho provas.
Bom dia!
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