sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

ATÉ QUANDO RESISTIREI?
17/02/2016

Há que se ter paciência e ir-se encontrando os jeitos de serem eliminadas as chaturas e ameaças que a comunicação virtual vive aprontando com a gente. Competindo com as mensagens mais que bem-vindas de amigos, com as cartas de amor mais que saborosas, com as imagens e canções super atrativas que uns e outros distribuem para nós, e com as tantas outras informações úteis e interessantes que nos chegam daqui e dali, há uma bobajada sem fim que, a cada dia, temos que limpar, antes da leitura propriamente dita, do que vale a pena e interessa ser sorvido com prazer.

Falo isso porque nem dá para contar o sem número de vezes que recebi mensagens tentando, de alguma maneira me enganar, para que eu abra algum anexo que, pelo que dizem os especialistas, encherá de vírus super poderosos e potencialmente destruidores da alma da minha máquina, capazes de causar os danos mais sinistros a toda a memória nela acumulada.  Diariamente a trama se repete e os apelos são os mais diferenciados: ou são fotos que eu não posso deixar de ver “daquela nossa festinha inesquecível”; ou é uma dívida que tenho que pagar urgentemente, sob o risco de ser severamente punida na forma da lei; ou é uma nota fiscal de um serviço qualquer que contratei e que devo salvar para providenciar a quitação; ou é qualquer cosia do gênero que vem como isca para ver se eu caio na conversa.

Mas hoje a coisa extrapolou: a mensagem era de uma senhora estrangeira, escrevendo com falhas, até mesmo pra comprovar a autenticidade de sua “missiva”, dizendo-se viúva de um senhor milionário que trabalhou no Kuwait e que deixou alguns milhões de dólares, tendo ela me escolhido para herdá-los. Não tem filhos e os familiares não são dignos de confiança... Basta a minha resposta e ela providenciará o repasse do “volume morto” que está num banco da Costa do Marfim, para que eu aplique em prol de viúvas, pobres, algo assim...

Sempre que bate em minha caixa de entrada esse tipo de coisa, eu fico imaginando o dia em que eu cairei na esparrela de acreditar. E me ponho a me perguntar, quietinha, para mim mesma, qual será o assunto que me levará a nocaute e que finalmente abrirá as portas para os inimigos ferozes que destruirão a minha história, aqui depositada neste instrumento de trabalho e de prazer, que é o meu computador (E lá se vão mais de 25 anos de doce e inconteste parceria...).

Sempre acho que não serei a única pessoa a sair ilesa desse tipo de ação criminosa e que um dia certamente vou me deixar enganar. E aí fico a imaginar: qual será a isca perfeita que um dia há de me seduzir irremediavelmente? É aí que fico imaginando que hão de me vencer pela boca.O anúncio de alguma receita mais que especial há de ser o “Abre-te Sésamo”  que me fará providenciar o download do que quer que seja.  Se for, então, algum mal intencionado que anuncie que irá me reapresentar ao sabor daquela maionese de camarão que conheci, há mais de 40 anos, no Hotel Palace, lá em Campos (nunca provei nem consegui fazer outra igual), caio que nem uma boba. Vírus surgirão de toda parte, farão um estrago tão inusitado que o fato corre o risco de virar notícia. Coisa para hackers mais que habilidosos serem chamados para dar conta da destruição. Eu, gulosa que só, estarei posta fora de combate, pois que minhas resistências cairão por terra, definitivamente. As lembranças permanecem com uma força descomunal dentro da gente. E a força delas está justamente, já disse alguém, na sua própria irrealidade.

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