sexta-feira, 28 de abril de 2017


DA ORDEM DE "A SAÍDA É PELO RISO"
28/04/2016


Esta eu soube agora cedo. E, como soe acontecer, venho contar pra quem quiser saber. É porque não adianta, já desisti de lutar contra mim mesma. Não consigo ser diferente. Fazer o quê? Cismei que meu papel no mundo passa pelo uso das palavras, seja para debater ideias sérias sobre a política e o cotidiano, seja para rir e fazer rir. E, aí, escrevo, escrevo, escrevo.
Escrever em minha vida exerce, como na própria escrita, o papel de uma vírgula, de um ponto e vírgula ou de um ponto entre um parágrafo e outro. Até a história terminar e chegar o momento do inexorável ponto final. Vou vivendo, dando conta dos meus dias, tenham eles a cor que tiverem, mas, de um intervalinho, de uma pausa, maior ou menor, eu não posso abrir mão. Já é o normal: posso estar no meio da mais rebuscada ou simples tarefa, quando bate a necessidade de escrever, é parar e cumprir "a missão". Isso só não vale para momentos totalmente avessos à possibilidade de dar vida ao desejo, seja por estar acompanhada, no cinema, na rua,... Aí, é anotar no tablet para não esquecer e, logo que possível, escrever.
A historinha de hoje não precisou esperar. Me alcançou ainda na cama, quando começava a dedilhar o celular para trocar teleafetos com aquelas pessoas com quem converso antes mesmo de tomar o meu indispensável Tecta. Então, foi viver o diálogo e vir direto contar aqui.
Quem me contou foi a sobrinha querida. Uma explicação prévia, no entanto, se faz necessária. A criatura vive num luto doentio por conta de um antigo amor e todos nós, que gostamos dela, tentamos de todo modo tirá-la dessa mania de viver deste passado já morto e enterrado. Mas tem sido difícil. Até o momento, tarefa inglória.
Mas, vamos à historinha. Ela me conta que uma sua amiga lhe mandou uma destas mensagens inspiradas que servem de ajuda para quem estiver precisando, seja seu problema de que tipo for. A mensagem, ela me repassou, trazia um texto bem poético que terminava exatamente assim: "aprenda que você não pode controlar o que acontece com você, mas pode treinar a forma de reagir diante do que lhe acontece."
Pois ela não perdeu tempo. Rindo-se do seu próprio enredo, mais que depressa respondeu ao conselho, dizendo apenas assim:
"Hoje comecei a treinar, com fé, a forma de reagir diante do que me acontece. Veja se assim está bem:
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Agora é só ficar repetindo isso o dia inteiro. Creio que desta vez eu me curo. Dará certo? Estou confiante!"
Tinha eu, com esta mania de escrever, não registrar esta pérola?


quarta-feira, 12 de abril de 2017


NÃO SOU E NEM NINGUÉM É DE FERRO.
RINDO DE MIM MAIS UMA VEZ...
12/04/2017

Tenho alguns conhecidos e amigos que têm o hábito de me enviar mensagens positivas, destas produzidas com arte, bonitinhas e meigas, muitas de caráter religioso, para saudar cada novo dia que chega. Não é do meu feitio, mas bem que gosto do ânimo que provocam, do carinho que a elas subjaz, e sempre agradeço, sincera. O dia de ontem não fugiu à regra e recebi logo cedo, de uma querida amiga, a seguinte mensagem, que reproduzo aqui, dando por autor Caio Fernando Abreu: “Todos os dias, logo cedo, dou uma piscadinha pra Deus e peço: ‘tomara que as nossas vontades coincidam. E se não coincidirem, que a sua prevaleça.’”
Com estou para ir passar o período da Festa da Penha em casa justamente dessa amiga e, como sempre que lá estou, ela, cuidadosa, eu sei, costuma controlar a minha ingestão de açúcares, por conta do meu diabetes – que, do meu ponto de vista, é assim, um tantinho de nada acima do desejável – , eu logo interpretei a sua fala a meu favor e fui logo respondendo (juro que é verdade!): “A minha vontade é uma só, a de que quando eu chegar a Atafona você não controle a quantidade de doces que eu quero comer. Que bom que vc pensa assim! Estou aliviada. Vou poder comer as delícias daí – bombocado, fatia da Lulu, bolo de banana e banacaxi à vontade, e com queijo de São João da Barra!”
Postei, rindo de mim mesma e cá do meu lado, fiquei ansiosa, aguardando a resposta que imaginei viria “quente” em cima de mim, quebrando a minha vontade ali registrada, e previamente, para não haver equívocos. Afinal de contas, eu estava pretendendo uma garantia a priori de um direito que julgava totalmente razoável. Mas, esperei, esperei, e nada da danada me responder... Horas a fio e nem sinal de vida. Chegou mensagem até do meu dentista e da sobrinha grávida dando conta de que a espera por seu bebê segue bem ... e a “assistente de minha saúde” não deu nem um alô.  
Como Jesus Cristo é meu chapinha, me veio um impulso – certamente enviado por ele – de voltar à mensagem recebida da amiga, e a reler. A criatura estava on line e nada de dar o ar da graça? Algo havia de estranho naquele silêncio...
Pra quê? Minha releitura me fez inteligente. Parecia mentira! Quase caí da cadeira: aconteceu comigo o que tantas vezes já vivi com alunos em sala de aula: faltou uma relida no texto para obter o devido entendimento. Quem disse que ela se dirigia a mim em sua oração da manhã? De onde tirei que a SUA vontade a que ela se referia era a minha?????
Foi quando me dei conta de um simples e decisivo detalhe que aparecia no texto, que havia passado totalmente despercebido na leitura inicial – o final pedia que, caso as vontades não coincidissem a Sua deveria prevalecer.  Como eu, idiota e apressadamente, não percebi aquela inicial maiúscula, indicando com quem ela falava? Ela conversa com Deus e eu me intrometo no assunto. E mais: me colocando em Seu lugar!!!
Estou quase procurando um padre aqui por perto de casa e indo ao confessionário, como em tempos dantanho, para obter o perdão de haver me imaginado Deus. Mas eu tenho a explicação real e digna de perdão instantâneo: nada mais, nada menos do que a minha volúpia por doces é que foi, de verdade, o motivo de eu haver entendido tão erradamente o pedido de minha amiga. Isso posto, tenho fé de que o sacerdote me absolve. Com certeza!
Mas, o “pecado” e o imaginado perdão não é nada. O pior de tudo é que vou pra praia para enfrentar a mesma contenção de sempre – bolo, uma única fatia no café da manhã (Tomara que pelo menos não seja servido nenhum quentinho, saído do forno!); sobremesa após o almoço – uma porção pequena ou fatia fina, sem direito a repetição; no lanche, uma fatia até farta, mas de bolo diet; e no jantar, nadica de nada que tenha açúcar.
Nossa Senhora da Penha, me salve!

domingo, 9 de abril de 2017


PERDEU, DONA, PERDEU!
9/4/2017
É a exata sensação ao acordar neste domingo meio chocho de claridade vinda de fora. O sol tarda, talvez fazendo preparações gloriosas para as tardes de maio em que ele se põe majestoso, com raios que, passo a acreditar, talvez precisem de ensaios num amanhecer como o de hoje. Fosse apenas ele... mas a falta de luz também se anuncia de dentro, da alma ferida, perplexa ante as decepções com a vida.
Perdeu, dona, perdeu! – como um moleque sobrevivente poderia me dizer num assalto à mão armada em qualquer esquina da cidade, é o que a vida parece me dizer nesta manhã. Dedo em riste, esnoba minha tentativa de viver sem metas financeiras e anuncia cheia de certeza a minha qualidade de perdedora diante da vida.
Nem vim direto à máquina, creio que querendo evitar a exposição desta minha sensação de perdedora, talvez pretendendo jogar pras beiradas a necessidade de tecer este desabafo em palavras. Até já me distraí com trabalhos domésticos, mas, nada feito. Ao subir e novamente me deparar com o aconchego de meu quarto – a cama ainda em desalinho e a máquina ociosa, corri para a minha costumeira forma de desanuviar as dores que me tombam a cada dia – escrever. E acredito que hoje com menos peias na língua.
Para muitos, as redes sociais parecem ser janelas onde expõem conquistas, belezuras e a porção mais suave do cotidiano. Outros tantos fazem por elas as suas denúncias, encarando-as como um palco para uma saudável e potente militância em torno de suas ideias e convicções. Há aqueles que mandam recados enviesados para uns e outros. Eu mesma já tive que amargar calada a explosão de raiva de um ex-companheiro quando associou meu sobrenome à venenosa peçonha de alguns animais perigosos (E cá estou eu dando meu recadinho agora. Qua qua qua).
Na verdade há um sem fim de formas de as pessoas utilizarem a comunicação virtual. Eu as uso a meu bel prazer. Ela é o que eu quiser que seja. Depende exclusivamente da minha necessidade do momento. Basicamente, é um veículo de luta política, é verdade, mas não só. Filhos brigam porque me exponho, mas já não obedeço a mais ninguém. Deu vontade, escrevo. E escrevendo, posto. O mundo que faça o que quiser ou não faça nada diante do que escrevo. Os efeitos do que escrevo não me pertencem. E ponto final.
Hoje, depois de tantos rodeios, vou ao ponto. E do que quero falar é da nítida sensação quanto ao recado que a vida me dá, friamente, de que eu sou uma perdedora diante de suas manobras e consensos. Os caminhos pelos quais trilhei estavam todos equivocados.
Nunca sequer pensei em construir patrimônio – azar o meu!
Nunca me preocupei em acumular bens – azar o meu!
Nunca deixei de comprar um doce caro ou uma fruta fora da estação para não gastar – azar o meu!
Nunca deixei de viajar para guardar dinheiro – azar o meu!
Nunca olhei para a condição de nenhum dos maridos como condição facilitadora para a relação – azar o meu!
Nunca pensei que no futuro eu precisaria mais do que meus salários (proventos) de professora do Estado e da União – azar o meu!
Nunca avaliei que uma parte de meu orçamento seria gasta com remédios na velhice – azar o meu!
Nunca deixei de comprar as roupas, acessórios e joias que quis nos tempos em que tive excelente receita mensal, no auge de minha carreira profissional – azar o meu!
Nunca deixei de presentear um filho quando podia arcar com a despesa no satisfação do desejo ou necessidade de cada um – azar o meu!
Nunca valorizei convenientemente o meu gosto por escrever – azar o meu!
Nunca avaliei as dificuldades que poderia ter no futuro e sempre me abasteci das circunstâncias do presente – azar o meu!
Nunca deixei de seguir minha intuição e abandonei situações que poderiam no futuro ser rentáveis para mim – azar o meu!
Nunca orientei os filhos a seguirem profissões rentáveis, apenas acolhi suas definições profissionais – azar o meu!
Tenho apenas a minha casa e nada mais – azar o meu!
E hoje, recebo críticas de todos os lados por não ter sido previdente – azar o meu!
Perdeu, dona Carmen, perdeu!
 (*) Joias valiosas, inúmeras, tão lindas, todas afanadas num assalto à minha antiga casa, junto com tudo o mais  de valor que havia lá.

DA ORDEM DA IRONIA SARCÁSTICO-LÚDICA
EDUARDO CUNHA, PRESIDENTE DO BRASIL
9/4/2016
Sem mais saber o que fazer para que fique claro para onde caminhamos caso o impeachment da presidente Dilma seja aprovado, mudei radicalmente de tática. Não quero mais fazer discursos tortos que não vão direto ao ponto. Sem mais bla bla bla! A partir de agora, eu me dedicarei a empreender um tratamento de choque com relação ao nosso momento político.
Basta de panos quentes! Sem mais delongas! Estão querendo o impeachment da Presidente? Não percam tempo! Sigam meu exemplo e não disfarcemos mais. O que entendemos ser o bem do Brasil pode ser facilmente resumido: EDUARDO CUNHA, PRESIDENTE DO BRASIL! 1, 2, 3, 4, 5, 1000. EDUARDO CUNHA, PRESIDENTE DO BRASIL!
Endosso, então, o que acabo de ler de minha amiga Ana Chrystina Mignot. Vejam só:
"Car@s amig@s contrári@s ao golpe, 
 Durante a leitura do parecer do relator da Comissão de Ética, começou a cair minha ficha sobre a saída desta crise, mas ela só caiu mesmo com uma mensagem na qual o Presidente da Câmara mostra mais uma vez que vai infernizar o governo até o fim dos dias, como vendeta. 
Dilma não está conseguindo governar porque esta oposição irresponsável não deixa. Temer não manda em nada. Sempre foi decorativo, como ele mesmo reconhece, naquela cartinha horrorosa que escreveu. Não tem liderança no seu partido, que diz que saiu do governo, mas ninguém obedece (nem ele mesmo) e lá permanecem os ministros nos cargos. Sua ponte para o futuro é uma furada. É a famosa ponte que caiu. Só tem 1% de intenção de votos, numa possível eleição presidencial. É um nada, cercado de nada por todos os lados...
Amig@s, vamos logo pular esta etapa. 
Deixemos a única pessoa que manda neste país, graças à incompetência da esquerda, esperteza da direita e interesses espúrios em jogo, assumir, de fato, a Presidência da República: Eduardo Cunha!!! 
Vamos logo superar esta crise. Passemos a faixa presidencial para ele, o réu vingativo, o manda-chuva do Brasil !!!
PS: Só quero ver a cara destes golpistas quando ele aparecer na TV plim plim, dando bom dia brasileiros e brasileiras, com aquele sorrizinho infalível de canto de boca."
Você está certa, Ana! Como não pensei nisso antes?
Ave, Cunha e sua moral "filha das unha"(*)!
(*) Gostou desse palavrão, "seu" João Pessanha? Esse era dos seus preferidos.

 BERLINDA
9/4/2016

No meu longínquo tempo de infância, era um tal de brincar de BERLINDA que não acabava mais. Um disse que você vai para a berlinda porque gosta de fulano, outro disse que você vai para a berlinda porque é guloso, outro disse que é porque você é chato, outro disse que é porque é bonita... e assim dizia-se o que se queria dizer sem cerimônia, sob o véu da permissão que o jogo dava a cada um.
De lá pra cá não foi só o telefone preto de discar preso na parede que mudou para o celular mais modernoso. As mudanças nos alcançam dos mais variados modos. Basta dizer que em tempos de processo de impedimento da presidente (dela mesma, a que, no mar de lama de corruptos nascidos em penca, não tem contra si nenhuma acusação do gênero), nestes tempos de jogo aberto, sem máscaras, a berlinda é bem outra:
Um disse que Dilma vai pra berlinda porque Lula traiu os petistas de fé;
Outro disse que é porque a corrupção não é mais suportável entre nós;
Outro disse que é porque todos são ladrões;
Outro disse que é porque Dilma é dura, antipática;
Outro disse que é porque ela não tem carisma e não tem o dom da palavra;
Outro disse que é porque a sua popularidade é baixa demais;
Outro disse que é porque a mulher de Michel Temer é que é bonita...
O que tenho ouvido a respeito da possibilidade de saída da presidente está mais misturado do que água de foz de rio quando se encontra com o mar...
Muitos não estão percebendo que o jogo está sendo jogado para parecer que a batalha é uma que não é.
Alôô: o julgamento da Dilma não é por nada disso (e muito mais) que temos ouvido. Vamos nos informar por outros meios que não seja a TV GLOBO, meus amigos?
Só pra começo de conversa: o que está sendo julgado no momento contra a presidente Dilma passa ao largo de qualquer processo de corrupção. É outra coisa. E sobre a acusação real da Janaína, Bicudo e Reale, a que está sendo analisada, nada se diz. Nada mesmo! Só que isso não é brincadeira de criança. É jogo pra valer, a interferir na vida de todos nós. Sem que a maioria perceba! Inacreditável!!!!!


CADA TEMPO COM SEU PRÊMIO
9/4/2016
Na Ditadura torturava-se em busca de delações. O Estado torturador buscava a delação para calar, extirpar do cenário nacional, a possibilidade de surgimento de uma sociedade igualitária. O torturado delatava ou não, em função de sua força - física e emocional - perante o projeto político com o qual tinha compromisso. Coisa de comunista. Sonho coletivo e coisa e tal...
Na nossa frágil Democracia, as delações são negociadas, dispensando -se a tortura. O Estado busca a delação para extirpar do cenário nacional a corrupção endêmica. O candidato a delator delata ou não em função do seu temor -maior ou menor - de perder as vantagens individuais que tem, asseguradas pelo dinheiro. Coisa de egoísta. Meta de sucesso individual e coisa sempre passível de ser comprada.
Cada tempo com seus valores... E assim, já que "a casa caiu", viemos do "todos juntos somos fortes" para o "cada um por si e o deus (dinheiro) para os mais sabidos".
Ando muito fora de moda...



sábado, 8 de abril de 2017

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 HOJE, ONTEM E AMANHà

(sobre as minhas perenes dúvidas sobre nós e o nosso existir)

(13/6/2014)

13 de junho é apenas o dia seguinte a 12 de junho.
O sol, que haveria de vir, veio.
Se fosse chuva que tivesse que vir, viria também.
Tudo chega como teria que chegar.
Tudo parte como teria que partir.
Tudo sucede como teria que suceder.
Essa é a lei.
Essa é a regra.
Essa é a vida.

No meio da tarde de ontem, como foi simbólica aquela imensidão de campo de futebol, com sobra de cores e com tão nítida escassez de gente! Tinha que ser e foi. A vida não conseguiu trair a vida que vinha vindo de antes. E veio: faltando quem historicamente sempre faltou.
 

O povo vendo pela TV a Copa, mesmo sendo em seu país? O que de diferente nisso? Nadica de nada! Confere. Podemos ticar!

Recebendo a noite paulistano-internacional, o jogo também foi como tinha que ser, dando chance a que continuemos com fama de que sempre damos um jeitinho. E logo por seu intermédio, Fred, tão lindo e tão “oportunista”, como hoje é jargão elogioso no meio esportivo, contrariando o sentido original do termo. Era preciso dar um jeitinho. E ele deu!

O moço Oscar – tão competente – fazer um terceiro gol, fazendo desaparecer de nossa memória a “semgracisse” pelo pênalti ilegal? Perfeito! Memória curta sempre foi uma boa tática para tudo seguir “bem”. Avante, Pátria!

Os croatas quebraram o vestiário? Sim, mas não seria preciso extravasar a raiva? Pois que se extravasasse! Não seria o esperado? Pois foi realizado. Vida que segue. Valeu a pena. A vitória brasileira paga o prejuízo. Nada demais. Tudo certo!

Dilma ofendida? Ok. Tiremos da lista. Dito e feito! Quem duvidaria disso? Afinal, quem estava mesmo no estádio?

Tudo como a vida foi desenhando.

Os jornais dando ênfase ao que quiseram nesta manhã seguinte ao início da Copa? Previsível e executado conforme. Nada de novo!

UMA CONCLUSÃO TRAZIDA PELA PRÓPRIA VIDA NESTA MANHÃ SEGUINTE

O dia seguinte nada mais é do que o dia seguinte e tudo tem a ver com tudo – e essa a lição que veio do meu pé de maracujá quando o encontrei lá fora quando fui molhar as plantas: o maracujazão grandão, que mais de uma vez foi por mim fotografado, continua lá no pé, crescendo e ainda silencioso. Agarradinho no galho. Quem foi que surpreendeu? O vizinho dele, um maracujá menor, mas que hoje amanheceu no chão. Ou seja: a vida segue em seu poder supremo de ir decidindo o que virá. A gente até ajeita o terreno, faz empadinha de queijo para beliscar com cerveja enquanto a bola rola na estreia do Brasil. Mas, o que tinha que vir, veio, com sua autonomia, colocando-nos em nosso devido lugar. Meras formigas (com asas) – imitando o título de uma bela crônica de nossa inesquecível Divoca.

Será que viver é mais é do que irmos negociando com o que vem chegando, diante das possibilidades trazidas pela vida naquele momento e ante o que temos de humano dentro de nós?



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RODOVIÁRIA DE CAMPOS




HISTORIETA COM SABOR DE CANA DE AÇÚCAR
RECEPÇÃO AMIGA
78/4/2015
Parece que minha terra natal me reconheceu e já me deu as boas vindas com um entusiasmo muito acima do esperado. E olhe que quando eu me fui daqui, há sei lá quantos anos, eu não fui muito contente com a dita cuja, em tempos em que mais valia uma falsa moral posta em evidência do que uma atitude sincera, mas questionável, ante os valores que aqui faziam seu ninho.
A grata surpresa chegou com o primeiro contato da sola de meu sapato macio e claro com o rústico piso da rodoviária local. Ali mesmo, de pronto, a Planície me recebeu fazendo-me um agrado de fazer gosto. O caso é que, como vim para um par de dezenas de dias, trouxe comigo uma bagagem um tanto volumosa. Como vim para trabalhar, caminhar e dar uns bons mergulhos, variados itens enchiam a mala e a frasqueira, sem falar do material do trabalho a ser concluído, que deixou repleta uma valise vermelha, já meio antiga, também grandota. Descendo, então, do ônibus, saio em busca de um carrinho. Sem ele, parecia-me impossível chegar até o ponto de táxi. Muito peso.
Dirijo-me ao primeiro funcionário que passa e pergunto onde posso conseguir o tal carrinho que solucionaria o meu problema de não ser uma centopeia. Dois braços, aliados ao meu pouco preparo físico, exigiam aquele recurso. O moço olha pr'um lado, olha pro outro e decepcionado, me diz: "Hi, minha senhora, nós temos, sim, mas é só um, e deve estar ocupado, pois não o vejo por aqui." "Um, só um?" - indago, espantada. Mas pra que ter um?" Mais não disse, mas pensei que mais adequado seria não ter nenhum. Pra que um único carrinho? Expectativa por parte da administração, de instigar alguma briga de foice entre 2 ou 3 passageiros, de preferência no meio da noite, puxa pra cá, puxa pra lá, o carrinho é meu, não, é meu, eu vi primeiro, antes mesmo do ônibus estacionar... Seria isso?
Nada disso importa! Todo o mérito da história está em que tudo isso se fez apenas para a minha terra de nascença me colocar para fazer uma forcinha inesperada logo de saída. Estava ali o álibi - só quem ama muito para criá-lo - e perfeito!, para que eu fique pelo menos dois dias sem realizar nenhum esforço, por menor que seja. O peso que carreguei ali, até um jovem senhor vir em meu auxílio, me deixa sem nenhum compromisso com nada que me obrigue a ficar ofegante nem por um segundo.
Obrigada, Campos!

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Maio/2015



Dia de renovar passaporte, me empeteco toda para a foto que virá, coisa discreta, claro, mas produzindo o devido realce nos olhos, estes mesmos que andam teimando em se esconder sob a pálpebra preguiçosa, pela mania estranha dessa traiçoeira de cair e fazer, dos meus já pequenos olhos, duas continhas vagabundas, menores do que aqueles grãos que, na história infantil, ficaram sob o colchão da princesa e que, mesmo ínfimos, foram por ela descobertos, tamanha o conforto que conhecia, como filha dileta do rei.

Junior me pega em casa, como é de praxe quando é o caso de haver muitas atividades seguidas uma da outra.Daí, sentindo-me com possibilidades de não fazer feio perante a máquina digital que viria a fixar minha imagem por mais uns tantos anos no livrinho verde que me abre as portas do mundo (se eu tiver alguns euros acumulados, evidentemente...), e lá vamos nós... E vamos, atualizando nossas novidades, amigos que já nos tornamos pelos anos de vai-lá-vem-cá, ele dirigindo e eu ao lado, a caminho de algum canto. Até a Campos ele já foi me buscar numa das vezes em que peguei o rumo de minha casa de origem, desistindo de ser amada-cotidiana-amante, pelas extremas dificuldades que vi, vejo e verei no indecifrável ofício de ser esposa. Baixou a "neura", liguei e, em poucas horas, lá estava ele para me resgatar...

Interrompendo nossa animada conversa, eis que atendo ao telefonema matinal da filha querida, quando nos abençoamos com nosso amor recíproco e com alguma ordem que ela me dá, e que eu cumpro (ou não), dependendo do meu estado de espírito na hora que o verbo imperativo ecoa do outro lado da linha. A última, um dia desses, foi para eu ir o mais rapidamente possível tomar a vacina dos velhos. Fui, estava em estado cordato de existir, protegi-me, mas à custa de mais de uma semana de desconforto no local da aplicação, uma coceirinha pra lá de chata no braço esquerdo. Filho é um ser deveras vingativo: descontam as ordens que demos na infância, e com altos juros, por puro exercício de domínio afetivo.

Hoje, o que quis contar pra ela foi a beleza de programa de ontem à noite e, devo confessar, percebi em seguida, não foi lá uma boa ideia. O relato feito à filhota do quanto gostei da peça PERDAS E GANHOS, com Nicete Bruno, divina, que me tomou por inteiro, não se deu bem com o fato de meus olhos estarem delicadamente pintados nesta manhã de segunda-feira. É que, só a lembrança da peça me fez repetir, de maneira totalmente desnecessária, o triste espetáculo da véspera, quando me vi, do início ao fim da recitação dos textos, em pranto soluçante, daquele que o nariz entope e nada resolve o problema do ar que se vê impedido de transitar pelas vias aéreas, pondo em evidência o mais inoportuno funga-funga de quem é chorão além da conta.

Precavida (ou vaidosa?), desligo rapidamente. "Mari, meu esforço de me embelezar está indo por terra. Depois falamos..."

E agora estou eu aqui, com os olhos espremidos, na sala de espera do setor de passaporte da Polícia Federal retocando a maquillage. Tem jeito, não! É sina! Que miniatura de olhos é esta que me arranjaram? Sou de junho. Não fui feita em verão de Atafona, é isso! Fosse eu obra e graça daquele luar, eu teria olhos de ver estrelas, de ver mares, de ver muitas coisas mais. E, para tanto, um mínimo de dignidade – em milímetros – haveria de existir abaixo dessas pálpebras dorminhocas. Sem exagero: esses olhos estão menores que o par de ervilhas da historinha da princesa...

quinta-feira, 6 de abril de 2017

 

maio/2013

Ontem, já na cama, com o sono já me rondando, num impulso irresistível, saí de baixo do edredom super macio, olhos acesos como de criança, ágil e um tanto excitada, e fui ao quarto de vestir buscar, quase sorrindo, o complemento que viria a tornar a minha noite de sono bem mais completa. Não havia o que pensar. Era apenas abrir o armário maior, nele, a segunda gaveta, e pegar aquela que seria tão reconfortante para os meus pés carentes: a minha meia mais gostosa, de um algodão macio, a listradinha, pura homenagem ao sempre bem-vindo mês de maio.

Claro que, não fossem as meias, algum outro assunto eu iria encontrar para colocar, como de costume, minhas mãos a dedilhar, para atenuar o que vai no peito e na imaginação. Escrever, para mim, sempre é preciso. Vital mesmo. Japoneses fotografam, ou filmam. Eu, brasileira da roça, escrevo.

Mas o fato é que hoje são as meias, as acolhedoras meias que tornaram a minha noite tão mais restauradora. O verão ter ido para escanteio até a próxima temporada me põe face a face com novos prazeres. Se antes era aproveitar o sol e a entrega do corpo às delícias do contato com a água e com o ar livre, agora é a delicadeza do acolhimento por delicados tecidos que enchem de conforto meus pés, sempre tão caminhantes, à espera de um colo quentinho. Mas, a gente não é só pés necessitados de meias... Alguém aí tem um bom agasalho para o meu coração assustado? Estou vinda de receber tão saboroso amor pela vida afora que tem dias – e noites – em que também o corpo – todinho ele, com o cuore em saltos – relembra antigas carícias e grita de saudade. Ser amada por quem ama de verdade e com intensidade é bom – no verão, no outono, na primavera, no inverno. Também mérito meu – que bom reconhecer! – por ter sabido cativar tanta amorosidade em seus tantos rastros deixados. Não é a estação que está em jogo. É o amar e ser amado. Com ou sem meias.

O QUE DÁ PRA RIR ÀS VEZES É PARA RIR MESMO - E MUITO!  
(6/4/2015)
Chego à aula de exercícios leves e alongamento (esse é o apelido daquela hora e um quebradinho que gasto 3 vezes por semana a bem do serviço de meu próprio corpo já um tanto cansado de guerra). Como estou indo amanhã para Atafona para um estágio de um mês para verificar in loco se devo mesmo me mudar para lá (pelo menos até mudar de ideia novamente...), chego para a delicada professora e me explico:" Este mês não virei mais, só hoje, estou saindo de viagem, vou viajar, mas, fique tranquila, vou caminhar muito..." E ela, olhos risonhos, entusiasmados, não me deixa concluir e sai com esta: "Caminhar? Vai a Santiago de Compostela?"
Tempo. Silêncio de palavras.Tempo de rir. Sim, porque o que veio a seguir, não foram palavras, foi minha quase queda ao chão (alongamento bom, sô!!!), tamanha a altura da gargalhada que soltei diante da impropriedade involuntária da mestra. O corpo veio junto, como se tivesse havido aquele tipo de ordem"enroscando, enroscando, até onde der...". Só que eu enrosquei muito rapidamente, e ao som da mais estridente gargalhada de Seu João (como tenho gostado de falar dele, de vez em quando, apaziguamento tem destas coisas...). O santo é outro, cara mestra, aliás é santa. Nada de Santiago, quem dirá de Compostela...é santa é de casa, é Nossa Senhora da Penha mesmo, ela que, com certeza, há de me colocar em lágrimas na próxima segunda-feira, quietinha em alguma esquina lá da praia ao vê-la passar. Tanto por causa dela, como pela comovente e - para mim - inalcançavel fé dos que a seguem naquele estado de vivo entusiasmo.

quarta-feira, 5 de abril de 2017


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13/12/2013

(NÓS, EDUCADORES, NOSSA SINA E NOSSAS DORES)

Realizando o antigo desejo – ir com a minha filha conhecer Mariana – chego àquele miolinho da antiga cidadezinha onde as igrejas se cumprimentam, uma defronte à outra, com um outro prédio da mesma época, bonito também, a compor a pracinha onde paramos o carro para olhar tudo com mais esmero e entusiasmo. Já havia estado ali algumas vezes antes, mas o sabor de agora era bem mais adocicado. A menina que, ainda adolescente, sempre cheia de vontade própria, não se animou a me acompanhar à cidadezinha mineira de nome igual ao seu, agora estava ali, mulher feita, acompanhando-me e ao irmão, na visita por mim tão ansiada.
 
Dela, da minha menina, posso dizer que, desde bem pequena, sempre teve o nariz arrebitado, não só na face, como na maneira de não se submeter às minhas vontades. Tudo tinha que ter um porquê, desde a minha sonhada ida, com ela, à sua cidade homônima, até a coleção que fiz de jornais, do dia em que ela nasceu até completar um ano, para que, mais tarde, pudesse entender, um pouco que fosse, o ano em que veio ao mundo. E olhe que aquele fora um ano de muitos acontecimentos de suma importância – a luta pela anistia, a primeira greve do magistério aqui do Rio pós 64, o ABC fazendo renascer o movimento operário, coisas em que sua mãe estivera engajada e sobre as quais queria que tomasse conhecimento mais adiante... E ela sempre quis saber o motivo das coisas, inclusive dessa tal coleção...
Mas, voltemos à chegada à cidade de Mariana.
Mal o carro foi estacionado, um pobre homem, franzino, negro, com uma gritante camisa amarela, veio em nossa direção, tentando ajudar-nos com alguma informação sobre o lugar, com certeza à espera de que o saber que dominava sobre o lugar pudesse lhe render alguns trocados.
Na verdade, a aproximação do moço me encontrou com o olhar fixo na direção oposta, justo reparando no antigo prédio, o que fica do lado oposto da igreja maior, atraída que fui pelas bandeiras negras, uma em cada uma de suas janelas, numa evidente prova de um luto mais do que severo por aquelas bandas. E, antes que ele pudesse dar início a qualquer negociação a respeito da sua tarefa de guia de nosso olhar por aquele entorno, eu fui logo indagando:
- “Bom dia! Ali é a Câmara Municipal, não é?”
- “Sim, senhora, é, sim.”
- “E por que está com tantas bandeiras pretas caídas de suas janelas? Por que o luto? Quem morreu? O senhor sabe?”
- “Ah, eu não sei o nome, não, dona, mas foi, eu acho, um deputado, gente importante, não daqui, não, acho que de São Paulo...”
- “Nossa, quem terá morrido?” – pensei, e já fui em direção ao tal prédio, em busca da informação de que carecia, onde havia um outro senhor, no alto da escadaria, lendo calmamente o seu jornal. Quem gosta de política não tem jeito – até a morte de um deputado, seja do mais nanico e vendável dos partidecos que temos, dá vontade de saber...”
- “Senhor, bom dia! Por que a Câmara está de luto? Quem morreu? Qual deputado?”
- “Deputado? Não, senhora! Não foi deputado, não. Foi Nelson Mandela.”
Não tive palavras. Emudeci. Nem consegui agradecer ao tal senhor, que retirara os olhos do seu jornal para falar comigo. Em silêncio, desci as escadas que tinha diante de mim, retornando à pracinha onde estavam os demais. Com o olhar turvo pela emoção, escarafunchei com meu olhar ao redor, fazendo-o dar voltas em busca da figura do pobre moço negro. O que não sabia quem era Mandela. E ali estava ele, colaborando para que meu filho estacionasse o carro. O que dizer naquela hora? Nada. Nada. Nada. Apenas, dentro de mim, um sentimento novo em relação a ele. Um afeto, uma muda aproximação, uma impotência desmedida, esta era a verdade. Sobre um homem franzino, pobre e negro que imagina ser Mandela um deputado de São Paulo, sem dele saber nem o nome nem a história – entranhada, como ele nem imagina, na sua própria vida nesta terra – nada há a ser dito. Aliás, cada vez estou mais impotente – eu e minhas palavras – para dar conta do que vivo e sinto neste mundão de Deus, de homens e de mulheres que, ao desconhecerem o caminho até aqui vivido, deixam de construir os instrumentos para a sua liberdade e humanização.
Sempre vivi e senti a escola como profundamente marcada pela desigualdade e pelo contexto socioeconômico. Mas, nas brechas que havia – e as sentia vivamente – atuava e lutava por transformação e justiça.
Hoje, o espaço está se encurtando, meus amigos? O determinismo ampliou suas asas e o poder dos que se perpetuam em privilégios e açoites físicos e simbólicos já não contam com meios de serem contidos?
Onde me refugiar para ir até o final da jornada? Devo me bastar com fugazes encontros com amigos queridos, com o convívio com os filhos, com um grande amor vivido na maturidade, com as palavras com que expulso meus demônios, e seguir adiante? Cancelar as assinaturas de jornal, desligar a TV, alugar filmes românticos na locadora da esquina e seguir adiante? E como faço para esquecer o nosso MANDELA brasileiro, mineiro, meu irmão? Terão bastado os dez reais dados a ele que o fizeram sair correndo pela rua ao lado da Igreja Matriz?

(Texto publicado originalmente no blog dijaojinha.blogspot.com )