DA ORDEM DE "A SAÍDA
É PELO RISO"
28/04/2016
Esta eu soube agora cedo.
E, como soe acontecer, venho contar pra quem quiser saber. É porque não
adianta, já desisti de lutar contra mim mesma. Não consigo ser diferente. Fazer
o quê? Cismei que meu papel no mundo passa pelo uso das palavras, seja para debater
ideias sérias sobre a política e o cotidiano, seja para rir e fazer rir. E, aí,
escrevo, escrevo, escrevo.
Escrever em minha vida
exerce, como na própria escrita, o papel de uma vírgula, de um ponto e vírgula
ou de um ponto entre um parágrafo e outro. Até a história terminar e chegar o
momento do inexorável ponto final. Vou vivendo, dando conta dos meus dias,
tenham eles a cor que tiverem, mas, de um intervalinho, de uma pausa, maior ou
menor, eu não posso abrir mão. Já é o normal: posso estar no meio da mais
rebuscada ou simples tarefa, quando bate a necessidade de escrever, é parar e
cumprir "a missão". Isso só não vale para momentos totalmente avessos
à possibilidade de dar vida ao desejo, seja por estar acompanhada, no cinema,
na rua,... Aí, é anotar no tablet para não esquecer e, logo que possível,
escrever.
A historinha de hoje não
precisou esperar. Me alcançou ainda na cama, quando começava a dedilhar o
celular para trocar teleafetos com aquelas pessoas com quem converso antes
mesmo de tomar o meu indispensável Tecta. Então, foi viver o diálogo e vir
direto contar aqui.
Quem me contou foi a
sobrinha querida. Uma explicação prévia, no entanto, se faz necessária. A
criatura vive num luto doentio por conta de um antigo amor e todos nós, que gostamos
dela, tentamos de todo modo tirá-la dessa mania de viver deste passado já morto
e enterrado. Mas tem sido difícil. Até o momento, tarefa inglória.
Mas, vamos à historinha.
Ela me conta que uma sua amiga lhe mandou uma destas mensagens inspiradas que
servem de ajuda para quem estiver precisando, seja seu problema de que tipo
for. A mensagem, ela me repassou, trazia um texto bem poético que terminava
exatamente assim: "aprenda que você não pode controlar o que acontece com
você, mas pode treinar a forma de reagir diante do que lhe acontece."
Pois ela não perdeu tempo.
Rindo-se do seu próprio enredo, mais que depressa respondeu ao conselho,
dizendo apenas assim:
"Hoje comecei a
treinar, com fé, a forma de reagir diante do que me acontece. Veja se assim
está bem:
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Hoje não vou pensar em Luiz Eduardo.
Agora é só ficar repetindo
isso o dia inteiro. Creio que desta vez eu me curo. Dará certo? Estou
confiante!"
Tinha eu, com esta mania
de escrever, não registrar esta pérola?