sábado, 8 de abril de 2017




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RODOVIÁRIA DE CAMPOS




HISTORIETA COM SABOR DE CANA DE AÇÚCAR
RECEPÇÃO AMIGA
78/4/2015
Parece que minha terra natal me reconheceu e já me deu as boas vindas com um entusiasmo muito acima do esperado. E olhe que quando eu me fui daqui, há sei lá quantos anos, eu não fui muito contente com a dita cuja, em tempos em que mais valia uma falsa moral posta em evidência do que uma atitude sincera, mas questionável, ante os valores que aqui faziam seu ninho.
A grata surpresa chegou com o primeiro contato da sola de meu sapato macio e claro com o rústico piso da rodoviária local. Ali mesmo, de pronto, a Planície me recebeu fazendo-me um agrado de fazer gosto. O caso é que, como vim para um par de dezenas de dias, trouxe comigo uma bagagem um tanto volumosa. Como vim para trabalhar, caminhar e dar uns bons mergulhos, variados itens enchiam a mala e a frasqueira, sem falar do material do trabalho a ser concluído, que deixou repleta uma valise vermelha, já meio antiga, também grandota. Descendo, então, do ônibus, saio em busca de um carrinho. Sem ele, parecia-me impossível chegar até o ponto de táxi. Muito peso.
Dirijo-me ao primeiro funcionário que passa e pergunto onde posso conseguir o tal carrinho que solucionaria o meu problema de não ser uma centopeia. Dois braços, aliados ao meu pouco preparo físico, exigiam aquele recurso. O moço olha pr'um lado, olha pro outro e decepcionado, me diz: "Hi, minha senhora, nós temos, sim, mas é só um, e deve estar ocupado, pois não o vejo por aqui." "Um, só um?" - indago, espantada. Mas pra que ter um?" Mais não disse, mas pensei que mais adequado seria não ter nenhum. Pra que um único carrinho? Expectativa por parte da administração, de instigar alguma briga de foice entre 2 ou 3 passageiros, de preferência no meio da noite, puxa pra cá, puxa pra lá, o carrinho é meu, não, é meu, eu vi primeiro, antes mesmo do ônibus estacionar... Seria isso?
Nada disso importa! Todo o mérito da história está em que tudo isso se fez apenas para a minha terra de nascença me colocar para fazer uma forcinha inesperada logo de saída. Estava ali o álibi - só quem ama muito para criá-lo - e perfeito!, para que eu fique pelo menos dois dias sem realizar nenhum esforço, por menor que seja. O peso que carreguei ali, até um jovem senhor vir em meu auxílio, me deixa sem nenhum compromisso com nada que me obrigue a ficar ofegante nem por um segundo.
Obrigada, Campos!

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