quinta-feira, 6 de abril de 2017

 

maio/2013

Ontem, já na cama, com o sono já me rondando, num impulso irresistível, saí de baixo do edredom super macio, olhos acesos como de criança, ágil e um tanto excitada, e fui ao quarto de vestir buscar, quase sorrindo, o complemento que viria a tornar a minha noite de sono bem mais completa. Não havia o que pensar. Era apenas abrir o armário maior, nele, a segunda gaveta, e pegar aquela que seria tão reconfortante para os meus pés carentes: a minha meia mais gostosa, de um algodão macio, a listradinha, pura homenagem ao sempre bem-vindo mês de maio.

Claro que, não fossem as meias, algum outro assunto eu iria encontrar para colocar, como de costume, minhas mãos a dedilhar, para atenuar o que vai no peito e na imaginação. Escrever, para mim, sempre é preciso. Vital mesmo. Japoneses fotografam, ou filmam. Eu, brasileira da roça, escrevo.

Mas o fato é que hoje são as meias, as acolhedoras meias que tornaram a minha noite tão mais restauradora. O verão ter ido para escanteio até a próxima temporada me põe face a face com novos prazeres. Se antes era aproveitar o sol e a entrega do corpo às delícias do contato com a água e com o ar livre, agora é a delicadeza do acolhimento por delicados tecidos que enchem de conforto meus pés, sempre tão caminhantes, à espera de um colo quentinho. Mas, a gente não é só pés necessitados de meias... Alguém aí tem um bom agasalho para o meu coração assustado? Estou vinda de receber tão saboroso amor pela vida afora que tem dias – e noites – em que também o corpo – todinho ele, com o cuore em saltos – relembra antigas carícias e grita de saudade. Ser amada por quem ama de verdade e com intensidade é bom – no verão, no outono, na primavera, no inverno. Também mérito meu – que bom reconhecer! – por ter sabido cativar tanta amorosidade em seus tantos rastros deixados. Não é a estação que está em jogo. É o amar e ser amado. Com ou sem meias.

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