Alma
partida
(Escrito
em 3/10/2015)
Que
a vida é um poço de contradições, eu sei desde antes de ser loura, creio mesmo
que é descoberta vinda desde antes, quando era tão morena que até de PRETINHA
eu era chamada. É mais do que sabido e sentido que nossas carnes e ideias têm
que cotidianamente se digladiar entre risos e lamentos, num dia-a-dia que nos
embaraça entre momentos que individualmente nos alegram e circunstâncias
sócio-históricas marcadas pela descrença e pelo egoismo. Mal temos um momento
leve com um filho ou filha e já nos vemos em estado de perplexidade diante da
crueldade de um acontecimento. Um sorriso franco e largado descomprometidamente
ao sabor do vento é comumente interrompido por mais uma informação que revela
mais uma selvageria do mundo dos homens, tornando-nos instáveis, indecisos,
falsos. Ou bem valorizamos o nosso próprio umbigo e o solzinho que lhe aquece a
pele frágil, ou bem nos envolvemos com o último fracasso de uma ação no âmbito
social que retarda ainda mais a esperança na possibilidade de um mundo mais
humanizado. É a ambivalência impondo -se todo o tempo dentro de nós.
Pois
lá vinha eu contar a conversa que tive com meu filho no caminho Itaipu-Niterói,
e que mais uma vez me fez rir diante de seu humor reconhecidamente refinado, e
me deparo com o noticiário que fala da morte de médicos e enfermeiros do
MÉDICOS SEM FRONTEIRAS num hospital do Afeganistão.
Nem
o que dá pra rir dá pra chorar nem dá para se tratar de risos quanto se quer
mesmo é chorar. A história gaiata há de esperar. Há que se cuidar com zelo de
tamanhas contradições em franco embate. Caso contrário, a esquizofrenia vem e
nos toma por inteiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário