COM POLÍTICA E COM AFETO
Minha família, em meus 70 anos, 2015 |
Com tanta gente se pronunciando sobre os ódios entre os eleitores de um e de outro candidato, eu quero agradecer aos meus amigos e, principalmente, aos meus familiares mais próximos (não me lembro de nenhum que tenha votado comigo!) por termos deixado prevalecer a amizade e o entendimento, sem que se estabelecesse nenhuma guerra entre nós por conta de nossa visão de mundo oposta e exposta mais nitidamente ainda neste processo eleitoral. Até fui – e na véspera da eleição – a uma festa de família e não havia nem um (assim mesmo, separado) nem unzinho eleitor – e éramos muitos... – que simpatizasse com o meu voto. Pois, brincamos com o assunto, que, aliás, pouco frequentou nosso bate-papo, e tratamos mesmo foi de matar nossa saudade, bem à nossa moda (ou será mais minha que dos demais?), alisando os rostos de um e de outro, sentindo falta e relembrando os que não puderam estar junto, acariciando as mãos dos que moram mais longe, beijando, abraçando e trocando sorrisos e conversas, no pouco tempo que tínhamos para nos entregarmos uns aos outros. E digo até mais, para além do aconchego familiar: até de um amor de adolescência, recebi uma singela mensagem, na manhã de domingo, dizendo que “esperava que vencesse o melhor para os brasileiros”, ao que eu respondi que: “antes, durante e depois dessa eleição, que nos colocava em lados opostos, nossa união afetiva vale até que a morte nos separe”.
Na verdade, nada ofusca um sorriso iluminado pelo bem-querer! E como custei a aprender isso! Não deve ser à toa que ando sonhando com situações em que estou reaprendendo coisas. Na semana passada foi uma situação de grande aflição onde eu estava por dar uma palestra, já no local, as pessoas esperando as minhas “sábias palavras” e nada me vinha à mente, completamente vazia de conceitos ou categorias a expor aos ouvintes. E esta noite, com Dilma já eleita, eu sonhei que estava para fazer um exame escrito numa Faculdade (o professor era um japonês – e sobre esse detalhe devo dizer que nem com muita terapia vou entendê-lo...) e eu, simplesmente não tinha lido o livro que seria a base do tal exame. Não me restou ir ao japonês e pedir que adiasse a minha apresentação para uns dias depois. Ele consentiu, mas isso não me atendeu de todo. Eu fiquei foi em dúvida se valeria a pena obter outro diploma de Pedagogia. Não seria melhor eu largar de mão esse novo curso de Pedagogia que eu havia voltado a frequentar?
Maluquices à parte, o principal é encontrar, a esta altura da vida, o sentido de família que sempre foi tão distanciado de mim. Vivendo e aprendendo, nem que seja pelo aflorar de sonhos ao amanhecer... E pelo convívio com as novas gerações pessanhísticas que ocupam o mundo nestes tempos de agora, quando a minha já está com poucos representantes por aqui. Bom como um chuvisco! Ou como um tronco bem molhadinho lá da minha terra... Que delícia!
Eu e meus irmãos com mamãe, na década de 80. |
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