sábado, 29 de outubro de 2016





AMOR EM TEMPOS DE IRA 
(Escrito em 2014, mas valendo pra hoje)

Vocês se lembram de uma frasezinha que se repetia, creio que num jornal do Rio, durante um bom tempo, que afirmava AMAR É ... e que ia sendo completada com alguma expressão que fazia sentido aos olhos de seu criador? Pois a minha máxima de hoje, de agora, deste instante, inspira-se na tal seção, mas não tem a ver com o amor, e, sim, com um agudo mal-estar de que me vejo acometida repentinamente.

Fiel ao sentimento que me acompanha, saio com esta: ATORDOAMENTO É ... desembarcar aqui na rede e tomar conhecimento de que Sarney votou num candidato usando o bóton de outro. Putz! Como a política vem se reduzindo à falta de caráter e a um vale tudo em defesa de interesses escusos e individualistas!

Sou de um tempo em que udenistas protegiam amigos comunistas em momentos de risco à sua liberdade. O que valia lá atrás eram valores que parecem ter caído em desuso. Entre amigos, as divergências se mandavam para outras bandas e davam lugar ao respeito e à solidariedade. Vivi isso em casa, na vizinhança, na minha cidade. Viva "seu" João! Viva "seu" Evaldo!

Hoje escuto - e engulo em seco - que um fulano desejou e decidiu ser candidato com receio de se aposentar com os parcos recursos que sua profissão poderiam lhe garantir. Querem que eu repita? Isso mesmo que escrevi. (E se elegeu, o danado! E tem um mandatinho fraquinho, fraquinho...).

O compromisso com o outro deixou de ser critério para uma ação política formal. O tal do bem comum nem mais aparece nos discursos que se enfrentam num determinado pleito. Quase creio que se a tal seção voltasse a ser introduzida num matutino de hoje em dia, forçosamente haveria de ganhar a forma reflexiva: AMAR-SE É...


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