REFLEXÃO SOBRE AS PARECENÇAS
(Escrito em
7/10/2013)
Tenho vivido um treinamento
intensivo, dia sim, outro também, para pacificar meu coração, valorizar a vida,
entender a felicidade como a arte de procurar estar bem em qualquer
circunstância. Difícil pra burro! Tadinho do burro! Acho mesmo que é difícil
para elefante (que, pelo menos, aparece aqui na minha oração por ser grande,
não por qualquer possível preconceito)!.
O abrandamento do olhar enturvado e
duro é atitude a ser revivida a cada manhã, meio como mantra, meio como
bússola. Aquela mansidão exemplar de algumas pessoas - meu exemplo mais
contundente é o de Conceição Muniz - não faz parte naturalmente de minha
personalidade. Negocio com as circunstâncias e com os meus pares, troco
aconchegos e ponderações, mas sinto o quanto é penoso aceitar, de alma limpa, a
diferença do outro, aquilo que dele não faz parte minimamente de minha forma de
lidar com o mundo. Abandonar o olhar julgador e dar a volta para acolher outros
ângulos daquela personalidade que contraria meu jeito de viver a vida é tarefa
que exige exercício e teima. Mas, o amor e a admiração são a senha para se
prosseguir.
Para tecer a ponte da tolerância, o
exemplo de bons amigos - que sabem melhor que eu negociar com a vida e com seus
pares a eles antagônicos - tem me servido muito mais do que pensado. E não se
trata de alienação, de fazer de conta que um dado "defeito" de uma
pessoa querida não exista. O esforço é para estar junto apesar de. Se há
carinho, se há confiança mútua, que vá às favas algum caráter dissonante do
outro! Ampliar o diálogo entre as identidades e ser tolerante com os
descompassos - essa é a vontade em ação. E de parte à parte.
Nesse processo de refazer modus
vivendi de amar, cortes de relações só surgem em minha vida por questões de
princípios. Aí, nem o afeto dá conta de sustentar a amizade.
Há que se suportar o sofrimento da
perda!
Há que se viver o luto pelo
desencontro!
Há que se ir além, pela
impossibilidade instalada!
Não se nega a história que se viveu
junto. Mantém-se a gratidão pelo trajeto partilhado em comunhão. Mas,
encerra-se um ciclo de entrega e afetividade, tornado incompatível.
Aí, um dia, não se sabe o motivo, a
gente pensa nisso com tristeza, vê que a amizade ruiu, mas segue adiante.
Princípios são - e creio que sempre serão - inegociáveis!
Nenhum comentário:
Postar um comentário