ADEUS ÀS ILUSÕES
(26/01/2017)
Foi filme, eu sei. Mas hoje é minha vida, real como
aquela árvore verde que me olha da janela. É que o caminhar da vida é o grande
mestre. Você anda, você vive, você aprende. O pensamento é como um escravo, sem
autonomia alguma, vai seguindo, calado atrás daquele que segue, até dar um
salto à frente do vivente e se fazer ouvir. Num átimo de segundo, sai de seu
papel secundário, invisível, e toma as rédeas do raciocínio explícito, visível,
sistematizado, vamos dizer assim...
Estou aqui pensando... apenas revendo o que tenho
feito há dias... De repente, me dou conta de um comportamento muito
interessante que tenho tido. Não planejei nada. Foi acontecendo e hoje me salta
ao pensamento esta constatação: tenho limpado minhas coisas. Não as coisas do
mundo dos objetos – jogar roupa fora, enfeite inútil ou quebrado, sapato
que não uso, ... não. Isso já faço. Aliás, tenho passado a fazer, como um jeito
recente de caminhar com menos tropeço e mais alcance, creio que vindo da
tentativa de um certo bom senso de olhar e ver o que vale e o que é lixo e
inutilidade. O que sempre fiz, e isso
vem de longe, é aproveitar o que pode ser aproveitado. O lixo é o fim da linha.
Podendo, aproveito.
Mas, do que me dou conta é de que estou limpando o existencial,
não sei como chamar, mas limpando o que não vale a pena em termos de vida, de
relações, daquilo que não é diálogo verdadeiro. Limpando-me de pessoas, de
gente. No jogo do bicho não vale o escrito? Aqui, agora, quero que valha o que é. Verdadeiramente, o que é.
Quero ficar com o que existe de fato. Antes me sentia
ocupada, tamanho o volume que recebia de emails. Verdade. Mas, isso era à primeira vista.
A maioria? Propaganda. Bloqueei tudo que não era coisa para mim mesma. Hoje recebo poucos emails. Fico até meio incomodada, meio “abandonada”.
Mas, o que chega é pra mim e eu fico com o real. Bom assim. Muito melhor assim.
Com os zaps, a mesma coisa. Pra que esta quantidade de
coisicas pra cá e prá lá, pra pessoas com quem pouco falo? Chega de brincar de faz de conta. Faxina! Bom assim. Melhor assim.
Cadê aquela amiguinha, tão minha amiguinha que vivia curtindo
minhas falas e fotos, me achando sempre linda e formosa? Ando sumida e a criatura está mais muda do que o meu criado, o do lado da cama, útil que só ele, mas mudinho, mudinho. Mensagens pra ela não envio há mais de 15 dias... Cadê a figura? Criada muda.
Alegra-me estar olhando para a minha vida como ela é, com
quem está dentro dela de verdade. Em diálogo. Em idas e vindas. No saboroso toma lá/dá cá das trocas.
Tão interessante essa descoberta! E o que me impressiona
é que comigo sempre as ações não são planejadas. Elas vão acontecendo e depois
o escravo assume a condução e coloca a casa em ordem. Surge de dentro de mim –
tanto o ato numa determinada direção como o insight sobre o que está acontecendo
ou aconteceu. Para o poeta, uma parte dele almoça e janta, a outra, sei lá, parece que delira... Pra mim, uma parte de mim age e avança. A outra, espertinha, observa e constata. E eu estou sentindo esse processo higienizador de uma riqueza e genuinidade incalculável!
Chega de ilusões que eu não sou Elizabeth Taylor e
Richard Burton já partiu faz tempo daqui destas bandas de mim!
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