sábado, 28 de janeiro de 2017


LIBERDADE PARA AS BORBOLETAS

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Euzinha, imaginária

(28/01/2017)

Providência preliminar indispensável: definir um dos termos – no caso, borboleta, trazido para o singular. Não o fazendo, o texto certamente cairá no vazio por falta de referência. Preciso facilitar pro leitor. É uma questão de respeito por ele e por mim. Quero dizer e quero ser entendida.
Ah, sim, e faço isso porque reivindico igualdade de direitos. Se havia um conhecido senhor de negócios em minha cidade do interior sobre quem se contava que não tinha muita palavra nos negócios, tendo por hábito dizer “a palavra é minha, eu dou e tiro a hora que quiser”, se ele podia realizar tal proeza, com direito até a ter virado lenda urbana, eu exijo isonomia e quero que se entenda, pelo menos neste texto, o termo borboleta como simplesmente o monosssílabo MIM. Dá pra se substituir por euzinha que também dá certo.
Temos, então, por força de minha vontade (escrevendo sou dona do mundo), o aproveitamento que faço de um título bastante conhecido de um filme – LIBERDADE PARA AS BORBOLETAS – e liberdade aqui significa simplesmente MIM. Simplificando, o título desta minha conversa fiada (ou afiada) pode ser lido simplesmente como LIBERDADE PRA EUZINHA. É isso.
É que a liberdade que me dou vem-se fazendo ilimitada. Vantagem (cobertor curto) da idade: a boca está mais frouxa, deixa escapulir o que dá na telha. Até posso me esforçar para mudar, mas só se me derem uma, uma que seja, vantagem para eu perder a minha espontaneidade, estando já na esquina de entregá-la, junto com o resto da borboleta (Lembram-se? Borboleta = mim) às ondas douradas e tíbias de Atafona, quando a voz sumir de vez cá na terra onde piso cada vez menos firme. Na verdade, terra firme está virando ficção – anda escassa tanto emocionalmente quanto no mundo das caminhadas no chão mesmo por onde passo com os pés de carne e osso (e vontade de seguir).
Pois ontem o meu fisioterapeuta esteve aqui a me acarinhar com a desculpa de que é para colocar no lugar devido a minha coluna, cheia de entorses de nomes estranhos. Conversa mole para boi dormir. Ou, para ser mais exata, para senhora de fino trato ser apertada por poderosas mãos que trazem conforto muito mais do que cura para o que já foi além de um lugar de onde possa ter retorno.Qualquer coisa diferente disso é puro detalhe sem a menos importância. 
Estava tão delicioso que a certa altura eu me virei pra ele, hoje já meu amigo do coração, e indago: “Você faz massagem em sua mulher? Se quer tê-la pra sempre, nunca deixe de fazer, pois ela não viverá sem. Nunquinha abrirá mão deste prazer. Agora, se quer que ela vá embora, pare rapidinho de fazer antes que ela se vicie nesta maravilha e não deixe mais você em paz.”
Rimos um bom tempo e ele me prometeu intensificar o trato massagístico-terapêutico que vem dando àquela que gosta de ter por companheira...
Mas, com um detalhe, arrematei: "Só não pode me abandonar, meu médico recomendou como totalmente indispensável, bla bla bla bla bla bla e eu já estou viciadinha". A cada sessão, tudo continua dolorido como antes, melhora mesmo não vem, não, é coisa pouca. Do que não abro mão pra valer é dessas duas horas de carinho explícito. E conversando junto? Tem melhor, não!

Até semana que vem, mãozinha santa!



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