quinta-feira, 19 de janeiro de 2017


MODUS VIVENDI
(Escrito em 20/01/2017)
Eu sei que não virá. Como sabia ontem quando tampouco veio. De maneira idêntica aos dias de antes em que nunca veio. Amanhã não trairei meu hábito e também esperarei mesmo não vindo. Não virá, nunca virá, não é pra vir, não, mesmo, mas sou toda espera. E esperarei indefinidamente, até o dia em que me esquecer o significado do que seja esperar. Se é que virá... E explico bem: não esquecer quem eu espero, reafirmo com todas as letras de minha espera, pois que o objeto de minha espera é como que uma tatuagem cravada no coração e dela não me livro nem me livrarei jamais. Por ela acordo, abro os olhos, vivo o dia. E o faço, vivendo o que não é espera para dar conta do que de fato me move, me justifica e me sustenta. E, com todo o esmero e zelo, me visto de espera. 

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