quinta-feira, 31 de agosto de 2017

SOBRE AGOSTO
31/08/2017
Hoje mais cedo, recebi esta beleza de declaração de amor ao tão agastado mês de agosto, certamente por ser ele quase sempre lembrado em nuances mais rimadas e perpetuadas em sua parecença com desgosto, distantes, portanto, das belas cores que aqui são inauguradas pela autora. Só agora vim a ler e me surpreender com a linda anunciação do significado deste mês normalmente perdedor para o florido e louvado setembro que lhe sucede. E eu, que fui feita em setembro para chegar a este mundo em meados de junho, o que sempre me fez extremamente afeiçoada ao mês da primavera, passo a olhar para agosto com outros olhos. Olhos de encantamento. Olhos de quem preza a gestação do que vem em acréscimo ao já posto e concebido.
Maravilha quem nos ensina a olhar por novos ângulos, afastando-nos das formas corriqueiras de ver a que estamos acostumados.
Muito obrigada à autora Miryan Lucy.
"SÓ QUEM VIVE BEM OS AGOSTOS É MERECEDOR DA PRIMAVERA.
Lembro-me bem. Foi quando julho se foi, que um vento mais gelado, mais destemperado, que arrastava ainda folhas deixadas pelo outono, me disse algumas verdades. Convenceu-me de que o céu começaria a apresentar metamorfoses avermelhadas. Que a poeira levantada por ele daria lições de que as coisas nem sempre ficam no mesmo lugar e que é preciso aceitar que a poeira só assenta depois que os redemoinhos se vão.
Foi quando julho se foi que a minha solidão me convidou para uma conversa. E me contou de tempo de esperas. E me disse que o barulho das árvores tinha algo a dizer sobre aceitação. E eu fiquei pensando como elas, as árvores, aceitam as estações que, se as estremecem, também lhes florescem os galhos. Mas tudo a seu tempo. Foi em agosto que descobri que os cachorros loucos são, na verdade, os uivos que não lançamos ao vento. São nossos estremecimentos particulares que a nossa rigidez de certezas não nos permite encarar.
O mês de agosto tem muito a ensinar. Porque agosto é mês jardineiro, é dentro dele, berço do inverno, que as sementes dormem. Aguardam seu tempo de brotar. Agosto é guardador da boa-nova, preparador de flores. Agosto é quando Deus deixa a natureza traduzir visivelmente o tempo das mutações.
Mude, diz agosto, em seu recado de sementes. Aceite, diz agosto, com seu jeito frio de vento que levanta poeira e a faz avermelhar o céu. Compartilhe, diz agosto. Agasalhos, sopas quentinhas, cafés com chocolate, abraços mais apertados – eles também aquecem a alma e aninham o corpo. Distribua mais afetos, que inverno é acolhimento, é tempo de preparar setembro. E, de setembro, todos sabemos o que esperar. Esperamos a arrebentação das cores, que com seus mais variados nomes vêm em forma de flores.
Vamos apreciar agosto, recebê-lo com o espanto feliz de quem não desafia ventos. Que ele desarrume e espalhe suas folhas e levante suas poeiras.
Aceite as esperas, mas coloque floreiras na janela.
Só quem vive bem os agostos é merecedor da primavera!"
Miryan Lucy de Rezende
Escritora e Educadora Infantil

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

RECOLHIMENTO
30/08/2016

Para mim, as palavras sempre foram libertadoras, mas essa possibilidade hoje passa ao largo. É que estou a vê -las inutilizadas,  incapazes,  amesquinhadas.  Uma perversa farsa as subjuga e impede seu adentramento ao coração de homens e mulheres cujos tímpanos mostram-se impotentes, cerrados, irremediavelmente defeituosos. Percebendo minha esperança em estado de incapacidade rastejante, protejo-me no silêncio, sem conseguir dar vida a qualquer outro recurso, a não ser ao direito a uma ressaca sem precedentes.

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Azedume
28/8/2015

Quieta no meu canto, revendo mais um texto e ouvindo o ótimo Zeca Baleiro, sou surpreendida com a chegada de Luciélia, nossa empregada, pronta para entabular uma conversa, destas que sempre acabamos por tecer durante um tempinho, enquanto cada qual faz a sua tarefa do dia. Eu que já estou envolta em duas atividades simultâneas, abro a possibilidade de uma terceira, a da conversinha sem compromisso, sempre tão saborosa, sem nenhuma perda ou dano. Dia sim, dia não juntas, acabamos as duas por nos tornar até confidentes, o que é muito agregador e lúdico.

Hoje, nada sério, o assunto era o da mais pura fofoca, boazinha de ouvir e de comentar. Tanto que estou aqui (inventando uma quarta tarefa, a de escrever, diga-se de passagem, passando adiante a fofoca recém ouvida; e,se a amiga telefonar, vamos a ela, será a quinta tarefa, e sigamos em frente, nada demais, é da vida feminina a multiplicidade de ações...).

O que Luci vem contar é que a vizinha, nossa velha conhecida, a mesma que detesta animais e solta bombas para que se calem quando latem, acaba de ser vista na janela batendo palmas para os miquinhos que faziam ruídos (quase inaudíveis) na mangueira do quintal lá atrás. E não é só isso, completa a minha parceira de conversa fiada: outro dia, foram as rolinhas que ciscavam em busca de alimento que foram expulsas pelo ruído humano das mãos avessas às pequenas aventuras e venturas do cotidiano.

Terminando aqui, não tem jeito, vou ter que dar vez a mais uma tarefa: acho que vou jogar pelo muro alguma coisa para a "boa senhora" fazer lá do outro lado. Parece que está faltando coisas a agir do lado de lá.

(E paro por aqui porque vem me dando vontade de escrever um rolzinho de pequenos- grandes prazeres a serem exercidos por casais já de idade avançada. Huuum, paro já, pois a mente dá sinais de rememorações inadequadas a uma senhora distinta como eu. Meus sais!).

Mas, antes de encerrar, permitam-me: PORRA!
Domingo chegando ao fim e eu só pensando num recurso milagroso que se mostrasse capaz de  espichar as tramas do tempo retardando a segunda-feira que está por vir.
Ter consciência de que o dia de amanhã marca o fim de uma ilusão dá este aperto na alma, este  azedume que desagrada o paladar, este incômodo cheiro de umidade narinas adentro,  tudo marcantemente atiçador de péssimos presságios.
Muitos de nós nos pusemos em busca de um futuro menos opaco e mais feliz para o conjunto dos embarcados na nave da ilusão.  Chegamos a alçar voo e voamos um bom trecho. No entanto, alguns erraram ao escolher o tipo de combustível a ser utilizado, na escolha da tripulação e do pessoal de  mando.
A aterrissagem se fez forçada e amanhã é  o dia fatídico de se abandonar o objeto voador que haveria de nos levar ao sonho. A frustração vem do fato de que até tínhamos tomado contato com algumas provas do bem viver que dele se anunciava.
Tristeza ver chegar o momento de retornar ao ponto em que alçamos voo.
Quem dera esta noite tardasse o mais possível.  Ou, melhor: que aportasse entre nós sem destruir nosso castelo de cartas, frágeis e ilusórias.

domingo, 27 de agosto de 2017

 Com que meios?

Como escolher?

27/8/3014

Sou das antigas. Do tempo em que Política era coisa séria. Instrumento para se construir um novo tempo – justo e democrático. Tudo era mais nítido, visível, perceptível. O joio era separado do trigo sem grande esforço. Fulano é de qual partido? Quais ideias defende? Quem o apoia? Era olhar a história de cada qual e pronto: cada qual já se habilitava para votar com justeza. Não era por ser amigo ou parente que se conquistava o voto. O voto surgia da afinidade ideológica. E vinha junto com o doce gosto de participação. Com vigor. E não era só votar. Era produzir material, panfletar, ir à luta em defesa das ideias de justiça, de humanização, de democracia, de igualdade! Bandeiras no carro. Camisetas no corpo. Gritos garganta afora. Alegria de sentir-se parte. Cansaço dos bons! “Quase igual”, só para fazer uma gracinha, do jeito que gosto. (Hi, que bom! Consegui fazer uma primeira piadinha!).

Ou era Arena ou MDB. Ou era o conservadorismo e o atraso ou era a possibilidade de mudança. E a gente ia lá e votava. Como votei, dando o meu primeiro voto, ainda morando em Campos, em Roberto Saturnino Braga, grande brasileiro, inigualável, ímpar, até hoje meu candidato para o que for.  Tempos em que, em função da escuridão daqueles tempos, permanecia todo mundo embaralhado no único partido de oposição, o PMDB, a grande casa, desde que foi criado, nos idos de 66, eu assinando a ficha, me lembro como se fosse hoje, no Jardim do Liceu, Manel  (1) chegando às pressas, nós dois em pé, ali mesmo, bem em frente ao coreto.

Depois, vieram os tempos em que o leque se abriu. Então, já visíveis a olho nu, em suas novas siglas, havia os mais à esquerda, os nem tanto, os revolucionários mesmo. E o bom senso e a necessidade de análise política passaram a ser mais agudos ainda. Votar em Brizola ou ficar com Miro, em nome das questões nacionais? Encontros e mais encontros. Ponderações. Dúvidas. Argumentos. Reconsiderações. Estávamos construindo o Brasil também pelo voto. Seriedade na definição era o mínimo. E nada individual. Construção coletiva de opinião. Era assim. Vocês, os mais jovens, podem acreditar!

Corta. Em cena, o ano de 2014.

As lições de antes hoje estão esvaziadas. Onde é o Norte desta parte do trajeto? Cadê a bússola? Aprendi fazendo Política que sempre há uma escolha. É analisar é ver que força política está um grau que seja mais comprometido com o novo e com a humanização. Mas. o que posso fazer? Meus esquadros e réguas não conseguem aferir. Parece que a escala mudou, criaram-se novos intervalos, ínfimos, que eu, com minha vista cansada, não consigo vislumbrar. Olho e não vejo as diferenças. O 1 está coladinho no 2. Quase trepado (sem segunda intenção, podem crer!). Não enxergo nada entre um e outro.

Se olho para quem acompanha quem, não é por esse critério que posso fazer a minha escolha, e dou com os burros n’água. Tem gente minha na inauguração do Templo de Salomão. Tem gente minha como parceira de foto e de jornada de quem eu aprendi na cartilha da participação política ser meu inimigo de classe. Tem amiga do peito, de antigas lutas, pessoa séria e sempre preocupada com a justiça social, que quase me tomba de susto ao sinalizar a intenção de votar no cara da igreja-empresa que cresce até lá na Patagônia (Eu vi!). Tem de tudo um pouco. Menos clareza e lucidez! Para mim, esclareço.

Quando eu li Cem Anos de Solidão, me vi tentada, lá pelo meio do livro, a fazer uma árvore genealógica da família para poder entender melhor o que ia sucedendo, e com quem. As ciladas do Garcia Marquez de misturar muito nome igual ou parecido estavam dificultando o meu entendimento acerca do enredo. Depois vi que isso era de somenos importância. O essencial estava além dos nomes que tanto se assemelhavam e repetiam. Mas, para esta eleição que vem aí, eu vou partir para fazer o mapa de quem está com quem, algo como um organograma, com todos os cruzamentos que estão traçados pelos diversos partidos, para ver se, assim, enxergo o grau de identidade ou de distanciamento entre cada qual, o que vai me fazer apertar o botão correto quando chegar a hora.

Mas, nem tudo está perdido. Cá do meu canto, fico refletindo que quanto a um aspecto – e fundamental! – eu posso pensar com menos chance de errar: se para o Executivo estou às tontas, tamanha a barafunda reinante, preciso investir mais firmemente numa composição com maior nitidez ideológica para compor o LEGISLATIVO. Até porque, é nesse âmbito que alguns passos podem ser dados numa direção oposta à da mixórdia que aí está.

Será que estou saindo pela tangente?
(1) Manoel Luiz Martins
Advérbios
27/8/2016
(Valendo, de um ano atrás)
Fui comigo dentro de mim, voltei comigo ampliada dentro de mim, sou o que sou, o que desejo ser - e me inspira - e o que fui - e me conforma. Lugar comum, mas futuro, passado e presente são dimensões do meu viver, hoje. Hoje, ontem, sempre, quando, agora.

sábado, 26 de agosto de 2017

PARALELAS
26/8/2016

Nunca se encontram. Nunca mesmo. Uma vai numa direção. A outra, bem sabemos, segue no mesmo rumo, mas num outro nível, numa outra sintonia, sem dar nem uma mirada para a que sobre ela busca seu próprio norte. É como se uma estivesse na altura do fio do poste da rua em frente da casa azul, aqui mesmo, em frente de casa; e a outra, linha também, reta também, mas postada bem mais acima, na altura dos aviões que fazem rota também por aqui, muito mais acima da casa azul e das que estão a seu lado, em sequência. Até da verde, de que tanto gosto da tonalidade.

Uma cá perto, outra mais acima, uma mais visível, quase à altura das mãos, sendo até possível alcançá-la se contarmos com o apoio de uma escada de eletricista, por exemplo. Para a de cima, não, já não é assim tão acessível, dá mais trabalho percebê-la; tocá-la, então, impossível. É bem mais distante para o alcance da visão e se houver árvores pode ser até que fique encoberta por algumas das mais frondosas.

Uma aqui, disponível a olho nu, próxima, quase intrusa, basta que se lance o olhar para a frente e a encontramos; a outra, nem tanto, carece de ser procurada, desvendada, nós nos oferecendo para ir ao seu encontro.

São linhas paralelas. A do poste e a do azul do céu.

Por que penso nelas? Simples. Apenas porque me informo. Se o faço pela paralela mais disponível, a TV e a grande imprensa, sei coisas. Se, insatisfeita, vou à cata de outras informações, menos junto de mim, sei OUTRAS coisas. As notícias não se encontram. São paralelas de verdade. Como aprendi nas aulas de Geometria.

As personagens que insistentemente povoam os jornais são uns, criminalizados e exaustivamente acusados. Já na outra paralela, o mundo e os maus são outros. Parece filme de ficção: as muralhas são intransponíveis entre as paralelas da informação. Bandidos e mocinhos não frequentam as mesmas linhas.  Nem sequer se cruzam. Como nas belíssimas escadas de Chambord, onde quem sobe não cruza com quem desce, sob nenhuma hipótese.

Conjecturo: temos mesmo que ir atrás do difícil, do oculto, do menos à mão, o fácil, me parece, nos aprisiona no senso comum e na impossibilidade de desvendar quem se esconde atrás das muralhas da obviedade.

sexta-feira, 25 de agosto de 2017


CUIDADO! COMÉRCIO NÃO SE COADUNA COM EDUCAÇÃO UNIVERSAL PÚBLICA E GRATUITA!
25/08/2017


Leio hoje num artigo da Folha de SP que a Associação Comercial do Rio de Janeiro criou uma Comissão de Educação para propor uma política educacional a ser apresentada a todos os candidatos a governador do nosso estado. Isso mesmo: a Associação que cuida do COMÉRCIO toma para si uma tarefa que não deveria se vincular a negócios e lucros. Mas toma. E sobre isso, todo cuidado é pouco! O capital está guloso por demais. Banqueiros vêm de longe comprar escolas brasileiras. Escola tem sido um excelente negócio. De todos os lados, de perto e de longe, vem gente querendo fazer da educação mercadoria a ser vendida e, claro, dar lucros. Isso não interessa ao povo brasileiro! O que nos torna uma nação livre e soberana é a educação pública e gratuita que é devida aos brasileiros, numa qualidade que nos faça cidadãos de bem e informados para produzir uma sociedade democrática que viva com dignidade e até ouse pensar em ser feliz.



Um olho no padre e outro na missa
25/8/2016

Glúteos a descansar. Dia inteiro em frente à TV. A História do Brasil ao vivo, em cores e, ao que parece, em frangalhos. Mas, não só isso: na volúpia da produtividade, vários consertinhos de roupas, o acerto do forro de uma bolsa, dois ou três colares refeitos, um novo adereço para o copinho de Luna, ... Na verdade, eu e meu particular apreço pelas "miudezas", como diz meu querido genro.
Síntese do dia: o irrequieto diálogo entre dimensões de minhas porções em estado de viver. E vamos em frente...

Minhas mãos, sempre guerreiras!

O DESAFINAR DA BANDA
25/08/2017


Nos tempos da Ditadura Militar estávamos unidos, nós que sonhávamos com um mundo em que a liberdade nos abraçasse a todos, nela incluída a liberdade de estarmos acolhidos por uma vida digna e universalmente distribuída, indistintamente. Assim como um cobertor de bem estar para todos, até mesmo em respeito a quem produz a riqueza por tão poucos recolhida e usufruída mundo afora. A esquerda tinha, sim, suas divergências quanto a métodos e momentos, mas na hora do imprescindível estávamos unidos contra os generais – e a quem representavam – e contra o mal que nos faziam, cerceando nossos direitos básicos. Contra nós, claro, estavam atentos e fortes os conservadores e a chamada classe média, assistindo a banda passar, sem saber ao certo – ou mais de perto – o que ia pelo Brasil e pelo submundo das arbitrariedades sem fim.
Hoje algo de estranho acontece. E por alguma analogia – estranha? – me lembra os tempos da repressão em que existiam os dois lados bem nítidos – nós e eles. Nós e eles, sim, mas com o recheio daqueles que se mantinham omissos ante a luta ideológica de então. Não fossem os fatos que não me deixam mentir por evidenciarem a pasmaceira geral, poderíamos supor que no atual momento alcançamos uma rara oportunidade, até mesmo impensável hoje em dia. O recheio derreteu e saiu pelas bordas. O brado TODOS JUNTOS SOMOS FORTES está visível, palpável, praticamente universalizado. A obediência rasa e irrestrita dos ocupantes do Planalto aos ditames do deus Mercado / Capital apátrida nos uniu a todos. Dos mais variados cenários e origens surgem vozes contrárias ao que o inimigo de nossa soberania e desregulador de nossa democracia promove com sua ação executiva, autoritária e pérfida. O bando que está no poder nos uniu. Conseguiu praticamente o impossível, dispondo contra si e lado a lado as gentes (quase) todas, nós, eles e os indiferentes: a moça triste que vivia fechada, o homem sério que contava dinheiro, o velho fraco, o faroleiro que contava vantagem, a moça feia, a meninada, a namorada que contava as estrelas – todos em torno de nossa gente sofrida, vendo-se, com certeza, finalmente, também como a própria gente sofrida, em estado de desgosto e revolta diante da destruição da pátria amada, fazendo dela uma pátria como se não fosse...
Momento ideal para mudanças, transformações, sonhos trazidos ao chão da vida? Momento de todos juntos SERMOS fortes? Talvez fosse a primeira e alentadora impressão...
Mas no meio do caminho houve uma pedra. Entre a Ditadura Militar e a de hoje, Civil (mas com armas!), houve os governos do PT. Para o bem e para o mal. O bem, nem preciso repetir e relembrar, pois foi expressiva, marcante e inigualável a realização das políticas sociais que abriram oportunidades antes inalcançáveis para a população mais sofrida do país. Desnecessário bater na mesma tecla. Nossa geração viu, sentiu, avaliou o Brasil de dar orgulho, o Brasil que saiu do mapa da fome, o Brasil que se fez notar fora de suas fronteiras como um exemplo de reorientação de direitos e conquistas fundamentais.
Falo do mal. Do mal que hoje impede que, num momento em que tantos, tantos e tantos estão unidos, não conseguimos ver tal união frutificar em busca de conquistas para todos. O faroleiro estar junto do velho e as moças feias e bonitas estarem unidas contra o desmantelamento da soberania nacional e da ordem democrática não trazem o efeito que poderia advir desse compartilhamento. Todos estão juntos, mas inertes. Contestando, mas sem produção de ação política concreta. O erro crasso do PT em desprezar as ruas e se aliar aos políticos tradicionais, dando prosseguimento aos sórdidos métodos de estar no poder nos leva à descrença, à desorientação, à ausência de direção política. Num momento em que finalmente a chamada classe média se vê como também gente sofrida, o que poderia alavancar ações de avanço democrático e de justiça social, o aparvalhamento é generalizado.
Não desconfio o que virá no pós entrega do Brasil aos interesses do capital transnacional mediante o destroçamento dos trabalhadores, hoje inorgânicos e esfacelados como classe. Não sei, não desconfio, não me atrevo a imaginar. Só sinto vestígios de que a banda está passando. Não soubemos cantar com ela, não estamos sabendo entoar o canto da liberdade. Perdemos, minhas senhoras e meus senhores. A Política tirou férias e nos deu as costas. Estamos sós e sem trilhas a vencer.


QUANTO SOFRER!



quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Resultado de imagem para BALEIA SENDO SALVA




TATUAGEM
24/8/2017

A esperança não esmorece. Às vezes baqueia, quase fica asfixiada, arroxeada, dando ares de despedida da vida que bem que me esforço para lhe injetar, mediante  meu esforço diário por não desistir, eu mesma, neste mundo difícil de tragar com todas as suas mazelas, ampliadas em proporções inimagináveis pela maldade de alguns. Mas quando vejo num jornal da TV a bela imagem de dezenas de pessoas das mais variadas tribos, de pescadores a donas de casa, de jovens a gente de mais idade chorando de emoção por, após inúmeras e exaustivas horas de intenso trabalho, terem conseguido reencaminhar ao mar – e à vida – uma baleia grandona, com certeza pesando além de uma tonelada, vejo que a esperança é renitente, é teimosa, é elemento cravado junto à nossa pele. Esperança que não cessa de nos fortalecer rumo a um outro mundo, de pessoas mais visceralmente ligadas umas às outras.

quarta-feira, 23 de agosto de 2017


O PROCESSO E O POETA
23/8/2017


Nunca me esqueço de um dia, no tempo em que atuei na secretaria de educação, quando uma funcionária que trabalhava na burocracia de lá me mostrou o que encontrou num processo que tinha em mãos e ao qual cabia analisar. O "despacho" que vinha a ela endereçado, fazendo retornar às suas mãos o tal volume, dizia simplesmente assim: "Aqui por engano."
Num mar de idas sempre adiante, que é o costumeiro percurso de processos no interior das burocracias oficiais, aquele inusitado encaminhamento permaneceu em minhas lembranças, certamente por seu caráter desviante. Ao invés de fazer seguir em frente, um freio repentino e um retorno ao posto anterior. Aquilo era novo para mim. E ficou. Os desvios são sempre atraentes.
Hoje, quando uma tia querida, faz chegar às minhas mãos este afetuoso bilhete, com sua letra desenhada e inconfundível, eu queria poder dizer o mesmo AQUI POR ENGANO. Mas não posso nem devo, estaria enganando a mim mesma:

"Carmen Lucia, lembrei-me de você quando li estes versos de Mario Quintana!

'Eu, agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti.
Mas será que nunca deixo
de lembrar que te esqueci?'"

MOMENTO SERIEDADE
ESCULPINDO O BEM COLETIVO
23/8/2016
Muito estranho! Repentinamente, dou um salto do trabalho e venho aqui com uma ideia pronta na cabeça. Michelangelo nos meus ouvidos. Ele mesmo, o imortal escultor. Privilegiada, eu. Me ver interrompida por um artista desse porte, o clássico dos clássicos... O acontecido: é como se escutasse a voz do mestre quando certa feita viu-se indagado sobre como esculpia e simplesmente disse que "a escultura já estava lá, dentro do bloco de mármore; eu só retirei os excessos.”
Mas eu entendo o “recado” que me chega do pai do imponente Davi. Aliás, como entendo! Sua obra está livre e dada ao mundo e eis que a uma necessidade minha, humana, achegou-se, permitindo que minha sensibilidade pegasse por empréstimo a sua fala para elucidar o meu momento. Não há mistério no fato. O padecimento de ver meu país tomando o rumo que está a tomar, as perdas e retrocessos – não bem noticiados, bem sei, mas cada vez mais nítidos quando se buscam fontes alternativas de notícias, aguça em mim a ânsia por uma providência transformadora. Daí, Micheangelo.
Tento ser mais explícita. É realmente hora de retirar os excessos e deixar o que é, tornado visível. Ou, dito de outra forma: é hora de, querendo esculpir um touro, retirar da pedra tudo que não é touro. O touro só. Inteiro. Mostrar o touro ao mundo. A vontade é mesmo esta e vem do canto mais profundo de meu sentir: a de que tudo que não é essencial caia por terra e só fique nítido o que define a essência de um viver com dignidade. Para todos. Que nos seja dada a capacidade, a arte, de limparmos tudo que nos impede de ver o que é, o que vale, o que nos compõe como indivíduos em processo de humanização! Que caia por terra o que nos veda a visão! Que fique apenas a verdade ou o que mais dela se aproxime!
Quase asseguro que o silêncio que se nota de forma quase que generalizada entre as pessoas (à exceção dos insistentes de plantão, onde me incluo) dará lugar a um coro vigoroso em prol da democracia, em direção ao miolo daquilo que verdadeiramente importa. Não para uns e outros. Não para poucos. Não para privilegiados. Mas para todos. Coisa universal.
Tudo isso, talvez, seja efeito do atual momento de minha tão rica e espraiada vida: são tempos onde a taça de vinho convive com perdas, as possibilidades de encontros se cruzam com despedidas, com dores, fins e afins. Hora de ir deixando o palco mais limpo, só essencialidades...

segunda-feira, 21 de agosto de 2017



TOC
20/08/2017
Quem conhece minha mania por simetrias (nem que sejam assimetrias que gerem um mínimo de simetria - e isso tem a ver até com decoração de interiores e de disposição de quadros numa parede) saberá do que estou falando. Fui a um médico que, pelo que me informou a sua recepcionista, marca hora de 7 em 7 minutos. Minha primeira reação foi me espantar com tempo tão exíguo para um atendimento em saúde. Se bem que hoje em dia quem dá o diagnóstico propriamente dito são as imagens. O médico apenas concorda ou caminha um pouco mais adiante ou aquém do que elas demonstram. Mas, passado o primeiro impacto diante dos 7 minutos (número ímpar e primo, ainda por cima!!!), confesso aqui, o que me desnorteou mesmo foi o fato dele não marcar ou de 5 em 5 ou de 10 em 10 minutos. Sete é um despropósito. Não combina com nada. No relógio, então, é tormento puro ir de 7 em 7 minutos! Nunca coincide com os quatro quartos da hora!
Não bastasse o trânsito da roça até o centro da cidade, o preço exorbitante do estacionamento, a demora do elevador pois, dos 4, só dois funcionam, ainda tenho que gastar meu raciocínio com esta operação matemática sem a menor necessidade!?!?!?!
Que moço mais sem nexo, sem juízo, sem regras! Vou começar a desconfiar de seu diagnóstico!
ESCOLHAS HÁ EM TUDO
21/08/2017


Quando respondo “tudo bem” à amiga que indaga como ando passando tem escolha minha. Interna, saída do que sinto. Um sentir não propriamente pensado, mas vindo à tona por conta de alguma ligação já feita qualquer hora destas... Não planejo respostas nem quaisquer palavras que me vêm à boca, mas, sem dúvida elas são tecidas na alma e quando espanto surgem, como se fossem impensadas e frouxas. Não creio nisso! Por dentro, no âmago, a experiência de hoje, com o sonho de ontem, com a ponderação de agora, com a reflexão de um dia destes, mais um tantão de coisas, é que gera o espontâneo “tudo bem” recém pronunciado. O ontem, o futuro e a agoridade mais efêmera são os sais que, misturados, saem ao ar e nos dizem ao outro.
Poderia dizer “como sempre, “mais ou menos” ou “do jeito que dá para ir”. Ou até “vou mal” ou “do jeito que Deus quer”... Mas, não: a resposta é pronta, sem charminho, sem treino: “tudo bem”. Não juro que sempre seja essa, mas que me lembre é bem comum que seja.
Posta porta afora, posso analisar a palavra e tentar dissecá-la em sua intenção, gênese e conteúdo, agora refletivo. O meu “tudo bem” não é uniforme, apenas lado bom da vida, uma coisa só, pérolas, por assim dizer. O “tudo bem” inclui diversidade e tensão. Extirpa monotonia e inclui momentos de dor e alegria, de indiferença e aflição, de ir, esperar, dar a vez ou seguir com uma certa celeridade.
Estar “tudo em” comigo é estar em dia com as forças e manhas de seguir firme sabendo que a vida é árdua e maravilhosa, absorve perdas e ganhos. E me faz sorrir só em olhar a chuva que cai enchendo minhas narinas de cheiro de terra molhada. O sol? Há de brilhar mais uma vez. Mais tarde!


domingo, 20 de agosto de 2017

MÁ DISTRIBUIÇÃO DE APETITES
Ontem falava ao telefone com uma grandíssima amiga, apreciadora de bons pratos, como eu, sobre uma outra, também adorável, mas a quem "odiamos" por seu eterno equilíbrio diante de um saboroso prato, seja ele qual for. Nada a tira do sério e há anos é sempre vítima de nossa permanente reclamação sobre sua capacidade de lidar com seu apetite. A "inimiga comum" é tão disciplinada que irrita qualquer um. Em seu dia-a-dia, é comum sair da mesa ainda com um grau de insatisfação, tamanho o seu comedimento frente a qualquer das delícias que possam nela se apresentar. E ela, sempre que pode, anuncia isso com um certo sorriso nos lábios (à Mona Lisa), impiedosa, sabendo que provoca nossa ira e inveja no mais alto grau.
Na semana passada, a "madame-disciplina-alimentar" fez uma pequena cirurgia, coisa simples, passa bem, felizmente, mas está precisando fazer uma pequena dieta nestes primeiros dias. Hoje ligo para saber notícias e, juro a vocês, se estou viva aqui a contar o fato é por milagre. É que ela quase me provocou um enfarte agudo do miocárdio com o que me anunciou, com sua costumeira voz suave, sem nenhuma intenção de me ofender, absolutamente!
Sabem o que fui obrigada a ouvir? Eu que a imaginava talvez um pouco ansiosa para comer alguma coisinha diferente neste seu pós-operatório, simplesmente, tive que aturar a sua doce afirmação de que "está até gostando de só beber líquidos por uns dias..."
Refeita do golpe mortal, só me resta telefonar para a amiga de ontem para desabafar e contar com seu apoio irrestrito à minha revolta. Justa, sã, irrefutável.
Quanta humilhação! Diversidade tem limites!!!!

sábado, 19 de agosto de 2017

DE IMAGENS

Nunca me esqueço de uma vez em que estava na sala de Nilda, Alves Nilda, então diretora da Faculdade, quando umas alunas, um grupinho delas, entra e indaga: “Lozza(*), sabe de “Fulana”? Ela não passou por aqui? Aquela que se parece com Costinha...?”. Paro de separar a documentação a ser levada para Angra e respondo, espantada:“Coooooostiiiiiiiinha??? Quem, criatura?”. Elas explicam e eu me controlo para não rir e dar asas à minha perversidade. Aluno tem mesmo olhos de lince. Costinha tinha mesmo, de um determinado ponto de vista, uma sósia na Faculdade de Educação. “Vocês, hein? São terríveis... Eu bem queria que me dissessem se fosse eu a estar sendo localizada, quais seriam os adjetivos e detalhes que iriam utilizar para facilitar a minha identificação... Realmente, aluno é bicho danado.... Andem, falem, não me escondam.. Qual a minha síntese?” (E lá foram elas, pelo corredor, aos risinhos, suponho eu, por força de ‘algum detalhe’ a meu respeito que não queriam revelar, assim, de graça...)

Mas, não é? Como as pessoas se referem a nós? O que nos identifica aos olhos dos outros? Não propriamente pela aparência, mas por qualquer aspecto... O que nos resume ao olhar alheio?

Ontem foi um amigo que me fez retomar esta temática comigo mesma, a de quem somos, cada um de nós, perante o olhar alheio. O rapaz, melhor dizendo, o senhor, pois já passa dos sessenta, me confidencia que está numa dúvida atroz em sua vida amorosa: referindo-se ao seu dilema do momento, não sabe se fica com “a de 35” ou com “a de 49”. Duas mulheres resumidas pela idade que já cumpriram.

Meu ouvido não recebeu bem aquele contar. O raciocínio, menos ainda. Fiel à matematização da vida que costuma nos envolver, eu poderia ter ouvido: “a de 1,67m ou a de 1,58?” . Ou, quem sabe: “a de 65 kg ou a de 72?” Tudo esquisito por demais... E pior: ouvi a síntese feita pelo critério idade e logo me imaginei como alvo de uma fala semelhante e não me agradou nem um pouco: “escolho a de 72 ou a de 57?”

Mas, mesmo sem entrar nesta de me autoproteger, por que o critério ser o da idade, meu pai? Por que não: a de olhos tristes ou a de sorriso aberto? A mais tímida ou a mais falante? A que eu adorei beijar ou a que outra, com quem gostei demais de conversar????  Na verdade, se o critério for o de idade, já saio perdendo na comparação. 72 não tem o menor charme! Até provar que libido não tem idade, já fui descartada sem dó nem piedade. Aí dou de pensar em qual seria a mínima expressão que me resume.

Oh, céus! Por que não vou pegar sol ao invés de ficar pensando asnice? Coisa mesmo de “gente de idade”?!?!?!
(*) Lozza, para quem não sabe, era eu mesma, Carmen Lozza.

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

COSTURA
18/8/2017


Resultado de imagem para LINHA E AGULHA

Quando leio, vindo de uma postagem de autor desconhecido, que coração rasgado pela dor deve ser remendado com as linhas do recomeço, treinada que sou em cerziduras, entendo, feliz da vida em ter mãos hábeis e garantidoras de carmear nós e outras tramas, que sempre é de bom alvitre deixar nos tecidos refeitos algumas frestas para entrar luz e ar. Se mais adiante novas linhas virão a ser necessárias, é assunto pra depois, na hora que outros rasgos tumultuarem a experiência do viver. Voilà!
CONFISSÃO
18/8/2017
Gosto que me enrosco de escrever, como sei e como sabem. Se for registro de meus tradicionais equívocos quanto às coisas do mundo prático, melhor. É que insuquiram em minha cabeça que sou engraçadinha e que colocar os outros para rir é como se fosse uma missão para aliviar os males da alma de uns e outros, colocando os amigos para rir de mais uma de minhas inconveniências ou inadequações. Não sei se é crença sem pé nem cabeça, mas a cumpro como um dos mandamentos de meu bom viver. Moisés, por certo, não foi quem me deu tal ordem e quem foi, cá entre nós, também não tem a mais mínima importância, Mais ainda (e é o que importa): eu cumpro minha sina, feliz da vida, e vou adiante. O resto vira esterco.
Mas, há um nó nessa questão e quanto a ela tenho andado preocupada além da conta. Ando descumprindo minha tarefa, até há pouco sempre exercida com tanto prazer e compromisso. É que, nestes últimos tempos poucas vezes tenho me pego contando meus fracassos no exercício de meu cotidiano (tipo, jogar o anel no lixo e tentar colocar o papel da paçoquita no dedo, sugerir deixar a porta da geladeira passar a noite entreaberta já que o panelão de recheio de carne não cabe dentro...). Quase sempre são as amarguras do dia-a-dia que tem ocupado meus dedos dedilhantes. É política e só.
Cadê as minhas graças?
Aí vem o problema travestido de aflição: terei deixado de viver coisas sem nexo ou ando esquecendo delas todas (o que já seria meio triste, meio engraçado?????). Socorro, mamãe! As amarguras no Brasil tomaram proporções alarmantes? Consumiram a minha gaiatice todinha sem dó nem piedade?

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quarta-feira, 16 de agosto de 2017

DETALHES SÃO REVELADORES
16/08/2017
Certa vez, a caminho de uma escola pública em Vila Isabel para uma de minha atividades com professores, e lá se vão pelo menos uns dez, doze anos, pelas redondezas da 28 de setembro, o trânsito estava totalmente engarrafado, com desvios e total lerdeza. Carros buzinando, pessoas a reclamar e ninguém sabia bem o que estava acontecendo. Tempo perdido, fila de carros encompridando e nada da gente saber o que justificava a demora. Mais perto, o alvoroço de crianças uniformizadas começou a delinear o motivo da retenção. O motorista, tão curioso quanto eu, consegue a preciosa informação: desfile escolar, com banda e tudo, pelotões e mais pelotões de estudantes, das escolas do bairro, a desfilar pela avenida, sob os olhares de quem passava. Olhares dos populares, ali aglomerados – e este era o detalhe mais impressionante de tudo – entre surpresos e indagadores – totalmente alheios e curiosos sem saber que comemoração era aquela, em plena dia de semana, sem ser feriado nem dia da independência. Nada. Só quando cheguei à escola Francisco Manuel – lembro-me bem do seu nome e dos seus professores – é que fiquei sabendo que naquele dia, com o tal desfile, comemorava-se o 7 de setembro, já passado de há muito, mas que, sei lá por qual motivo, as autoridades transferiram para aquela manhã de sol. Ou seja: uma comemoração que não comemorava coisa alguma. Ou não são as pessoas e suas almas em festa diante de alguma data especial que saem às ruas para dar mostras do sentimento que lhe vai na alma? Se ninguém sabe do que se trata e apenas olha aparvalhado para crianças uniformizadas em fila, qual o significado do acontecimento? Só atrapalhar o cotidiano de quem vai pela cidade e que, sem ciência e sem sentimento, reclama dos atrapalhos, totalmente injustificáveis. O nada ocupando o lugar do conteúdo. A irresponsabilidade quanto ao sentido das coisas.
Pois é dessa situação que me lembro quando a minha amiga Angela Siqueira postou aqui um dia destes a sua estupefação ao constatar que as medalhas ganhas pelos vencedores de uma determinada competição de natação, esporte em que é exímia e premiada atleta, não vinham com nenhuma inscrição, apenas medalhas anônimas e sem qualquer significado. Para o atleta que ganha uma medalha sem inscrição, o que levará para sua vida quanto ao prêmio recebido? Quantos metros nadou? Em qual modalidade? Onde? Quando? Um conjunto de ausências e silêncios a lhe mostrar a insensibilidade, indicando o prêmio “vale qualquer coisa” ou “entenda e recorde-se como quiser”... Pra quê o faz de conta?
Um faz de conta me lembrou outro faz de conta. A Vila Isabel daquele dia lá atrás, que não comemorava nada e só aporrinhava comerciantes e transeuntes com uma parada sem data cívica, e a premiação inominada de uns dias atrás, numa premiação que carecia de qualquer significado, são momentos geminados de uma mesma falta de sentido. Ou bem se desfila e todos da comunidade sabem do que se trata e agitam bandeiras e cumprem o ritual daquele louvor específico ou bem cada qual fica em seus afazeres sem fazer de conta, um faz de conta abundante de falta de nexo e de valor. E o mesmo em relação ao prêmio: ou estou entregando uma medalha para que o ganhador tenha um registro de seu mérito num dado acontecimento esportivo, ou ... por que e para que mesmo a medalhinha apócrifa? Vale nada, não! Um dia, por total inutilidade, seu destino será a lata de lixo...
Ou bem se é ou bem se tenta ser. Fazer de conta não leva a lugar nenhum, apenas nos objetifica. Ensinamento equivocado sobre o sentido das coisas, da vida e dos seus valores.
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segunda-feira, 14 de agosto de 2017

UMA TARDE NUM POSTO DE SAÚDE

Quatro horas num posto de saúde é tempo suficiente para termos cenas a observar das mais interessantes... Muita coisa a nos fazer pensar na vida e em seus circunstantes...
No geral, no quesito saúde mesmo, foi tudo bastante louvável:  ambiente no geral limpo, pessoal da limpeza ágil, parecendo trabalhar num clima leve, o banheiro mais junto à porta de entrada bastante sujo, mas, a meu pedido, foi logo limpo e voltou a ficar utilizável.

O atendimento, de modo idêntico, bastante bom. Um pouco da Argentina ou de um pequeno país da Europa ao nosso dispor. Estados Unidos, claro quer não, onde tudo é pago, obrigando o sujeito a pensar algumas vezes antes de ir a um hospital em busca de ajuda para um simples corte no pé. Aqui, ao contrário, no popular Largo da Batalha (preciso pesquisar o porquê deste nome), um baita exemplo de bom funcionamento do nosso SUS: exames de sangue e de urina feitos na hora, com uma espera razoável para se ter o resultado, diagnóstico feito em seguida, com entrega da medicação indicada, dando mostras de um entendimento certeiro quanto às reais necessidades da população: consulta com viabilidade de tratamento, no mesmo pacote oriundo dos nossos impostos pagos para tal. Enfim: horas de boa surpresa quanto ao nosso serviço público de saúde.

Mas, o genuinamente delicioso – que me fez não sentir as horas passarem, enquanto o filho vivia as fases do atendimento –, foi observar o povo em seu comadrio, em seus rostos, em seus trajes, em suas manifestações espontâneas e no que deixam de transparecer de seus jeitos de ser e viver. Isso tudo, aos olhos de uma maníaca por gentes e por observações a olho nu...

Num canto, pero da porta, três mulheres conversavam às gargalhadas, mais ou menos estridentes, sem se importar com quem estivesse ao lado e pudesse tomar ciência das trocas que, com jeito tão faceiro, trocavam entre si, num ar malicioso, que me deu cólicas de não estar perto para ouvir.  Tive que me ater às minhas suposições que, claro, passaram por imaginar alguns homenzinhos sendo alvo de futricas, um ou outro triângulo amoroso sendo motivo de troça, e coisa e tal. Com certeza, o chão da vida e os casos do coração sempre emblemáticos e dignos de atenção de nossa parte eram parte da inspiração para aquela "hilária  conspiração"... Se é fato, não tem a menor importância. Imaginei, tá imaginado...

Chamando minha atenção de maneira rasgada, o cabelo das inúmeras mulheres, maioria dos que buscavam atendimento. Não importava a cor da pele ou das madeixas, nove entre dez moçoilas, até de mais idade, a zanzar da porta ao balcão e dele  aos bancos, no conjunto do espaço da Recepção, eram portadoras de algum tipo de tratamento destes que alisam a cabeleira de maneira abrupta e radicalizada. Fios que vieram ao mundo mais – ou menos – crespos, louros, castanhos ou negros, estavam ali diante de meus olhos totalmente artificiais e com as pontas em geral esvaídas, imagino que pela força do produto a que foram submetidas. Mais artificiais do que flores de plástico em lojinha de 1,99. Uma verdadeira febre! Fico até tentada a generalizar e imaginar que Nossa Senhora dos Cabelos Lisos tem mais adeptos do que Cosme e Damião ou Santo Expedito (de quem tenho, por sinal, ouvido falar muito bem ultimamente).  E não deu pra não pensar: como ainda impera a hegemonia dos cabelos lisos da raça ariana (ou nem tanto)! Quanto fascínio pelos cabelos não autênticos! Felizmente, pude me deparar com um ou outro turbante colorido e com a soltura de cabelos enroladinhos, lindamente assimétricos ou, então, presos num baita rabo de cavalo de onde saíam livres altos cachos  dos mais legítimos cabelos afro. Menos mal! Deu para minha estatística não sair tão criminosamente contra a natureza de cada qual!

Perceber a soltura de muitos dali me pôs a rir aos potes... Mas quem não riria? Casos e mais casos a contar. Alguns sumiram da memória. Ficaram lá mesmo com minha risada entre dentes e marota...  Mas, me lembro de alguns:  o de quando um paciente saiu lá de dentro e o rapaz da farmácia lhe entregou o benzetacil receitado pelo médico, anunciando em alto e bom som o nome do medicamento. Pra quê? Quase em coro, uns dois ou três cidadãos que estavam por ali, foram animadores, sem que ninguém houvesse lhe perguntado nada: “Benzetacil??? Isso dói!!!”; “”Hi, cara, prepare-se! Vai doer pra c$%#@c!!!”.

Um outro caso, pândego: o do senhor, ao meu lado, que, ao ver um rapaz novinho passar de jaleco com uma identificação que parecia ser de “médico”, não se conformou e, sem me conhecer, me lançou a grande questão: “Novinho assim, médico? Não pode ser. Será? A senhora conseguiu ler?” Ao meu sinal negativo, levantou-se e, mal disfarçando sua intenção, foi até o lado do moço, percorreu com os olhos atentos o que estava registrado em seu crachá e veio, feliz pro meu lado”: “Logo vi, não poderia ser. É maqueiro”. Sua curiosidade foi satisfeita e isso fez seus olhos sorrirem para mim, com profundo agrado!

E foi este mesmo senhor que me fez “cometer” um de meus tropeços... A partir da história do “eme”  do crachá ser de médico ou de maqueiro, entabulou uma conversa sem fim comigo. Falou mal de todos os políticos brasileiros e, a cada comentário, queria localizar um vídeo em seu celular para me mostrar alguma denúncia contra A, B ou C. E, o melhor, só envolvendo golpistas de primeira hora: Temer, Renan, Moreira, o menino do Cesar Maia, Cunha, a mulher desse, só gente fina... Quando eu vi que na lista dos perversos não havia ninguém que fosse “do meu lado”, animei-me toda para aferir o que aquele “representante” do povo anda pensando sobre 2018, e me saí com esta, não sem antes me aproximar um pouco mais do meu interlocutor: “E em 2018? Será que Lula volta?”.  Tadinha de mim! A resposta veio quente , e apoiada enfaticamente por um vizinho do banco da frente: “Lula? Este é o pior! Tem que ser preso!”

Vã esperança! Prontamente me dei conta do aprendizado – este, bem sério! – de toda aquela tarde: ao que parece, são tempos de terra arrasada – o PT no governo pôs em prática políticas sociais louváveis, mas ter jogado o jogo do inimigo, em seu campo e mediante suas regras, coloca para muitos e muitos e muitos a pior perspectiva para quem antes acreditava que podia haver alguma coisa diferente na política e que zelasse pelo interesse da população. Hoje, é mais do que visível o entendimento de que são todos farinha do mesmo saco e de pouco adiante nossa interferência para alguma coisa mudar. Ou seja: a curto prazo, uma melhora, a médio e longo prazo, doloroso retrocesso em termos democráticos e de justiça social...

A tarde, enfim, deu pra rir (no varejo), mas também deu pra chorar (no atacado).

domingo, 13 de agosto de 2017

O dia está lindo, mas o ar está quase irrespirável. Liberdade encurtando-se. A poluição não vem apenas das fumaças das fábricas, mas da irresponsabilidade dos homens e mulheres quanto à preservação da democracia.

Momento de abrir os pulmões e as janelas. Ou apenas descansar um pouco ao sol, com pessoas amigas em torno e, claro!, buscando o ar que resta nos pulmões meio cansados...

Fonte: Flyingmouse365
Uma tarde com o sabor amargo de se sentir  ínfimo

Não se trata de ser ou não simpatizante do candidato morto. No contexto geral da tragédia esse é um detalhe mais do que insignificante. Trata-se, sim, do mais profundo abatimento diante da nossa total, ampla e apavorante falta de poder em dominar o segundo seguinte ao de agora. Somos nada.  O poder sobre o que virá antes que eu digite a próxima palavra não vem de mim. Sou nada.  Sabe-se lá de onde surgem as determinações para que hoje 5 filhos estejam órfãos de pai e um país continental como o nosso,  tão sofrido quanto alegre, tão esperançoso quanto frustrado, tão corajoso quanto assujeitado, esteja, a 50 dias das eleições presidenciais com um quadro sucessório totalmente posto abaixo e à mercê do imponderável.

Talvez por isso e por isto, ao nosso redor, a luta pelo poder seja tão insana: para disfarçar a fragilidade dos humanos diante de seu próprio destino.

sábado, 12 de agosto de 2017

No ônibus,  como soe acontecer às terças,  a caminho da terapia,  eis que uma mãe,  eu sentadinha do lado do corredor, uma mãe com dois filhos, lindinhos, uniformizados,  certamente a caminho da escola,  passam por mim, que lanço um sorriso em direção ao menor, simpático por demais. A mãe,  talvez em agradecimento ao meu olhar para seu rebento, vira-se para ele e diz " cuidado com a avozinha". Pois é,  meus amigos, essa avozinha sou eu.  Como rir sozinha foi pouco, dei de dedilhar estas linhas. Creio que vai me aliviar, de uma certa forma, da gargalhada que seria o meu mais legítimo recurso, eu que vivo de fazer troça (hi, termo de avó!) de mim mesma.

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

EU E MINHA LADAINHA DE SEMPRE
(A propósito das escolas fake)

A gente tem o mau costume de culpar um lado, absolvendo o outro, quando há um dilema, uma contenda, algo assim. Há sempre uma tendência nossa a ter um olhar caolho: ou se vê um lado, ou se vê o outro. Ou um é culpado e o outro é a vítima, ou vice-versa. Coisa de quem tem educação na base do “certo” e “errado”, do “céu” e do “inferno”, do “joio” e do “trigo”.

Desde que somos pequenos ouvimos (maus) conselhos,  quase sempre na base de uma análise superficial das relações e das circunstâncias, sem que sejamos estimulados a buscar os vários ângulos de cada situação em que nos envolvemos.

Crescemos colocando sempre a culpa no OUTRO ou nos sentindo culpados. O OU sempre prepondera. O E é raro de ser considerado.

O caso da TV, por exemplo, vejamos. Como é usual se colocar a culpa nesta ou naquela emissora por ter uma programação preconceituosa, vulgar ou condutora da chamada “ideologia dominante”.  Certo. Essa é uma parte, um lado. Mas e o lado de quem liga naquele canal e sinaliza para seus responsáveis que o que eles estão oferecendo está de bom tamanho, está agradando? Sim, porque, se eu acesso aquele canal, estou dizendo, com todas as letras, que estou satisfeita com o que ali está sendo veiculado. Ou não?

O mesmo posso dizer das escolas fajutas, orquestradas, montadas só com os alunos treinados para o esperado bom resultado nos exames nacionais (ou internacionais). Esse é o lado criminoso orquestrado pelos proprietários de escolas que adotam o procedimento de ter turmas só de “bons alunos” para obter resultados louváveis nas avaliações oficiais.  Fingimento no mais alto grau. Mentira deslavada para enganar o público. Pura aula de corrupção e desfaçatez.

Mas, e o outro lado? O dos pais que aceitam esse jogo sórdido, escolhendo ter seus filhos em instituições desse tipo? Matriculou o aluno lá? Ligou no canal de TV que dá IBOPE. Acho que era a isso que na escola primária se chamava de "equivalência de frações"...

Não tem jeito. É vício que venho adquirindo pela vida fora enquanto vou reconstruindo a minha educação: sempre que nos é dada uma situação, temos que analisar os seus vários ângulos. No mais das vezes, ninguém é vítima ou culpado sozinho de nada.  Há uma fração - por menor que seja - de responsabilidade a ser compartilhada entre os envolvidos.  Ou seja: CONTRADIÇÃO é coisa séria quando tentamos entender as coisas do mundo. Sem a ela estarmos atentos, nossa maneira de ver sempre ficará prejudicada e tendente à linearidade, ao dogmatismo e ao simplismo.

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Simplicidade como "onda"
2/8/2014
Ando com saudade de amar e ser amada por meu amor. Mas isso não representa nada além do que estar viva e já ter aprendido o limite de cada um no encaminhamento de sua própria história. E a simplicidade no viver é um santo remédio, faz milagres. Acordar, ver uma colchinha limpa para Mel deitar, postar-me ao delicioso sol deste inverno dos deuses, ler, reler, pensar, escrever, falar com os filhos, abrir uma cervejinha na mais perfeita temperatura para agradar ao paladar, fritar alguns bolinhos de aipim manteiga, deixados prontos por Zelinha ontem, buscar a melhor pimenta na bandeja da cozinha, sentar, e com a calma de quem quer viver cada prazer a seu tempo, usufruir o prazer deste momento, sorrindo, é estar crescidinha, brindando à vida, sentindo-se plena em seus limites e possibilidades. Bem me falou o Claudio Duarte: a simplicidade é a meta. Salud!
Vício (meu também)
2/8/2016
Leio numa página daqui, com justíssima razão, um rol de comentários repudiando a candidatura de Marta à prefeitura de SP, como candidata de Cunha e Temer. Centenas de críticas, às quais incluo a minha. Primeiro escrevi uma meio curta, depois outra mais contundente, já que a primeira não satisfez o meu sentimento de revolta pela postura da criatura. A traição dessa senhora, realmente eu considero inominável. Temer perto dela fica devendo, já que sempre foi o que mostra mais claramente ser hoje em dia. Errou quem a ele se uniu e agora vive o problema de estar a morrer na praia, engulido por sua perícia em saber jogar com as armas da política pequena, já quase naturalizada entre nós. ASCO!
Mas, ela, a senhora candidata, fez muito pior – esteve de um lado que continha em si algumas dimensões mais populares e agora se entrega ao mais deslavado entreguismo, conservador e retrógrado. Dona Marta nos enganou. Hoje até temos direito de nos perguntar o motivo de sua antiga coloração política: o que a teria levado a ter estado de um outro lado, tão oposto. Seria moda, tendência?
Mas, o que me faz escrever não é a senhora-vira-casaca. Essa, se algum bom senso prevalecer entre os paulistanos, não chega nem ao segundo turno para a eleição municipal. O que me causou perplexidade foi, após ler centenas de comentários com os quais ia concordando, todos contra a “peemedebização” da candidata, me defrontar com um outro e rejeitá-lo pronta e frontalmente. Dizia o cidadão (ou cidadã, não sei) com palavras similares a estas que “essa puta só serviu para chifrar o senador”. Aí, o fígado doeu e não era por esteatose, era por discordância mesmo.
Que mistura é essa que vez por outra acontece? É como se diz popularmente: na hora agá, a pessoa deixa escapar sua verdadeira face, seus valores e sentimentos. O que tem uma coisa a ver com outra? As questões íntimas de qualquer pessoa apenas a ela dizem respeito, não? Se for problema que envolva a vida de casal , apenas ao casal dizem respeito. A rejeição a Marta não deveria permanecer apenas no âmbito da sua vida pública? Os eleitores têm todo o direito – até mesmo o dever – de ir contra ela em sua postura política. Mas, não! Na hora em que alguém quer dar mostras de seu desprezo, tira do âmago de seu ser os seus preconceitos, suas concepções, suas ideias tortas e ofensivas à moral vigente.
Dona Marta pode ter feito qualquer estrepolia, isso não é da alçada de ninguém. E nem determina a sua atuação política. E digo mais: é porque é mulher que o argumento de ser puta é utilizado. Homem não é xingado de puto, muito pelo contrário! Dele é esperado que use e abuse do maior número de putas possível. ASCO (novamente)!
Enquanto vou falando disso, me recordo de um conhecido que um dia destes defendeu a candidatura daquele rapaz que trabalha para o Eduardo Paes para prefeito do Rio. O argumento era de que não tem nada a ver ele bater em mulher e a sua competência como gestor. Discordei e discordo frontalmente. Essa atitude, mesmo sendo do âmbito da vida particular do moço, demonstra que ele é um criminoso, um covarde. Aí, as coisas se misturam e determinantes. Não é o mesmo caso da Marta. Como pode um prefeito que irá conduzir as políticas – de saúde, de educação, de todas as áreas – achar normal agredir – e fisicamente – uma mulher? Casais que não se dão bem, que vivem relações conflituosas entre si, isso é diferente de um homem que, em consequência desses mesmos conflitos, chega a agredir sua mulher.
Comigo mesma dou de pensar: nem mesmo o meu comentário (o segundo, o mais raivoso) de que “dona Marta deveria guardar o seu latim para convencer seu dermatologista a fazer novas aplicações de botox”, talvez não devesse ser feito. Isso também é da exclusiva conta dela e não vem ao caso em sua ação política. Menos grave do que a questão “moral” de quem a chamou de puta, mas também inadequado. Caso de correção, que farei.