Vício (meu também)
2/8/2016
Leio numa página daqui, com justíssima razão, um rol de comentários repudiando a candidatura de Marta à prefeitura de SP, como candidata de Cunha e Temer. Centenas de críticas, às quais incluo a minha. Primeiro escrevi uma meio curta, depois outra mais contundente, já que a primeira não satisfez o meu sentimento de revolta pela postura da criatura. A traição dessa senhora, realmente eu considero inominável. Temer perto dela fica devendo, já que sempre foi o que mostra mais claramente ser hoje em dia. Errou quem a ele se uniu e agora vive o problema de estar a morrer na praia, engulido por sua perícia em saber jogar com as armas da política pequena, já quase naturalizada entre nós. ASCO!
Mas, ela, a senhora candidata, fez muito pior – esteve de um lado que continha em si algumas dimensões mais populares e agora se entrega ao mais deslavado entreguismo, conservador e retrógrado. Dona Marta nos enganou. Hoje até temos direito de nos perguntar o motivo de sua antiga coloração política: o que a teria levado a ter estado de um outro lado, tão oposto. Seria moda, tendência?
Mas, o que me faz escrever não é a senhora-vira-casaca. Essa, se algum bom senso prevalecer entre os paulistanos, não chega nem ao segundo turno para a eleição municipal. O que me causou perplexidade foi, após ler centenas de comentários com os quais ia concordando, todos contra a “peemedebização” da candidata, me defrontar com um outro e rejeitá-lo pronta e frontalmente. Dizia o cidadão (ou cidadã, não sei) com palavras similares a estas que “essa puta só serviu para chifrar o senador”. Aí, o fígado doeu e não era por esteatose, era por discordância mesmo.
Que mistura é essa que vez por outra acontece? É como se diz popularmente: na hora agá, a pessoa deixa escapar sua verdadeira face, seus valores e sentimentos. O que tem uma coisa a ver com outra? As questões íntimas de qualquer pessoa apenas a ela dizem respeito, não? Se for problema que envolva a vida de casal , apenas ao casal dizem respeito. A rejeição a Marta não deveria permanecer apenas no âmbito da sua vida pública? Os eleitores têm todo o direito – até mesmo o dever – de ir contra ela em sua postura política. Mas, não! Na hora em que alguém quer dar mostras de seu desprezo, tira do âmago de seu ser os seus preconceitos, suas concepções, suas ideias tortas e ofensivas à moral vigente.
Dona Marta pode ter feito qualquer estrepolia, isso não é da alçada de ninguém. E nem determina a sua atuação política. E digo mais: é porque é mulher que o argumento de ser puta é utilizado. Homem não é xingado de puto, muito pelo contrário! Dele é esperado que use e abuse do maior número de putas possível. ASCO (novamente)!
Enquanto vou falando disso, me recordo de um conhecido que um dia destes defendeu a candidatura daquele rapaz que trabalha para o Eduardo Paes para prefeito do Rio. O argumento era de que não tem nada a ver ele bater em mulher e a sua competência como gestor. Discordei e discordo frontalmente. Essa atitude, mesmo sendo do âmbito da vida particular do moço, demonstra que ele é um criminoso, um covarde. Aí, as coisas se misturam e determinantes. Não é o mesmo caso da Marta. Como pode um prefeito que irá conduzir as políticas – de saúde, de educação, de todas as áreas – achar normal agredir – e fisicamente – uma mulher? Casais que não se dão bem, que vivem relações conflituosas entre si, isso é diferente de um homem que, em consequência desses mesmos conflitos, chega a agredir sua mulher.
Comigo mesma dou de pensar: nem mesmo o meu comentário (o segundo, o mais raivoso) de que “dona Marta deveria guardar o seu latim para convencer seu dermatologista a fazer novas aplicações de botox”, talvez não devesse ser feito. Isso também é da exclusiva conta dela e não vem ao caso em sua ação política. Menos grave do que a questão “moral” de quem a chamou de puta, mas também inadequado. Caso de correção, que farei.
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