segunda-feira, 7 de agosto de 2017

EU E MINHA LADAINHA DE SEMPRE
(A propósito das escolas fake)

A gente tem o mau costume de culpar um lado, absolvendo o outro, quando há um dilema, uma contenda, algo assim. Há sempre uma tendência nossa a ter um olhar caolho: ou se vê um lado, ou se vê o outro. Ou um é culpado e o outro é a vítima, ou vice-versa. Coisa de quem tem educação na base do “certo” e “errado”, do “céu” e do “inferno”, do “joio” e do “trigo”.

Desde que somos pequenos ouvimos (maus) conselhos,  quase sempre na base de uma análise superficial das relações e das circunstâncias, sem que sejamos estimulados a buscar os vários ângulos de cada situação em que nos envolvemos.

Crescemos colocando sempre a culpa no OUTRO ou nos sentindo culpados. O OU sempre prepondera. O E é raro de ser considerado.

O caso da TV, por exemplo, vejamos. Como é usual se colocar a culpa nesta ou naquela emissora por ter uma programação preconceituosa, vulgar ou condutora da chamada “ideologia dominante”.  Certo. Essa é uma parte, um lado. Mas e o lado de quem liga naquele canal e sinaliza para seus responsáveis que o que eles estão oferecendo está de bom tamanho, está agradando? Sim, porque, se eu acesso aquele canal, estou dizendo, com todas as letras, que estou satisfeita com o que ali está sendo veiculado. Ou não?

O mesmo posso dizer das escolas fajutas, orquestradas, montadas só com os alunos treinados para o esperado bom resultado nos exames nacionais (ou internacionais). Esse é o lado criminoso orquestrado pelos proprietários de escolas que adotam o procedimento de ter turmas só de “bons alunos” para obter resultados louváveis nas avaliações oficiais.  Fingimento no mais alto grau. Mentira deslavada para enganar o público. Pura aula de corrupção e desfaçatez.

Mas, e o outro lado? O dos pais que aceitam esse jogo sórdido, escolhendo ter seus filhos em instituições desse tipo? Matriculou o aluno lá? Ligou no canal de TV que dá IBOPE. Acho que era a isso que na escola primária se chamava de "equivalência de frações"...

Não tem jeito. É vício que venho adquirindo pela vida fora enquanto vou reconstruindo a minha educação: sempre que nos é dada uma situação, temos que analisar os seus vários ângulos. No mais das vezes, ninguém é vítima ou culpado sozinho de nada.  Há uma fração - por menor que seja - de responsabilidade a ser compartilhada entre os envolvidos.  Ou seja: CONTRADIÇÃO é coisa séria quando tentamos entender as coisas do mundo. Sem a ela estarmos atentos, nossa maneira de ver sempre ficará prejudicada e tendente à linearidade, ao dogmatismo e ao simplismo.

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