Domingo chegando ao fim e eu só pensando num recurso milagroso que se mostrasse capaz de espichar as tramas do tempo retardando a segunda-feira que está por vir.
Ter consciência de que o dia de amanhã marca o fim de uma ilusão dá este aperto na alma, este azedume que desagrada o paladar, este incômodo cheiro de umidade narinas adentro, tudo marcantemente atiçador de péssimos presságios.
Muitos de nós nos pusemos em busca de um futuro menos opaco e mais feliz para o conjunto dos embarcados na nave da ilusão. Chegamos a alçar voo e voamos um bom trecho. No entanto, alguns erraram ao escolher o tipo de combustível a ser utilizado, na escolha da tripulação e do pessoal de mando.
A aterrissagem se fez forçada e amanhã é o dia fatídico de se abandonar o objeto voador que haveria de nos levar ao sonho. A frustração vem do fato de que até tínhamos tomado contato com algumas provas do bem viver que dele se anunciava.
Tristeza ver chegar o momento de retornar ao ponto em que alçamos voo.
Quem dera esta noite tardasse o mais possível. Ou, melhor: que aportasse entre nós sem destruir nosso castelo de cartas, frágeis e ilusórias.
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