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AMANHECIDOS – O PRIMEIRO
23/2/2017
Minha instabilidade é tamanha, que até a foto daqui de frente, a
manchete de minha página, a que engana os trouxas sobre o que vem dentro, tem
tempo que finda para ficar em exposição. Se ontem, era cara de garotinha com
chuca, hoje é cara lavada. Virou o tempo emocional, nova foto. Sou isso que aí
está. NEM BATOM! Mas, confesso, porque sou moça honesta: vai nessa, não. Tudo
enganação. No ato do impulso ("Chega desta cara, vamos escolher
outra") e da escolha de qual foto virá me anunciando, aquilo que parece
ser a minha definição para o mundo, logo parecerá um baita equívoco e irá para
o final da fila dos álbuns, até ressurgir como nova verdade que mais uma vez
morrerá por um novo tempo. Fotos como afirmativas e sensações, mudam e são
mudadas.
Como vejo e vê quem quiser, tem jeito, não. Escrevo sobre qualquer
coisa. Vou inventando. Pura tática de mulher sabida. O mundo tá esquisito? O
amor do coração anda vagueando por aí, burramente sem se dar direito a se
entregar a um sentimento que o arrebata e o tira da lógica racional, bobo que
só ele? A pia está com pratos, travessas e taças de vinho de ontem à noite para
serem higienizadas e repostas em sua condição de virem a servir ao nosso prazer
gastronômico um pouco mais tarde? Maya e Noah estão querendo se servir da nova
ração que para eles foi comprada ontem à tarde? Que tudo espere! Vou escrever
sobre a morte da bezerra. Ou sobre o que me apetecer. E que espere o que tiver
que esperar.
Roda tempo, que eu escolho o que fazer com o meu... Tudo pode esperar,
menos o meu prazer e a minha decisão de como gozar meu tempo de maneira fiel à
foto do dia. Calminha, suavezinha, santinha. Quaquaquaquaquá...
E agora, tudo cessa. Daqui escuto que chegou a água do condomínio, e
esta eu não deixo esperar. É ir molhar plantas e o que estiver pela frente,
inclusive meu corpo mal dormido, mas cheio de calor e de amor ao que está à
porta.
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