QUEM ATIRA A PRIMEIRA PEDRA?
31/01/2014
Não vou mais me
repetir insistindo, como faço há décadas, com o meu discurso repetitivo e
professoral, espalhado aos quatro ventos, insistindo em que a escola tem por
obrigação ensinar como temos nossas mentalidades formadas pela mídia. E que, à
medida em que qual se descobre, em grandíssima medida, assujeitado pela
influência do chamado quarto poder, é que pode partir para suas próprias
escolhas, desanuviado da camada de desinformação que faz-nos sentir como donos
de nossa própria vida (Oh, ilusão!), quando somos, não raras vezes, escolhidos
para fazermos as escolhas que o pensamento hegemônico vêm de fora invadir os
nossos próprios espíritos e induzindo-nos a lhe seguir.
Chega desse
discurso oco que, não o fosse, já teria surtido algum efeito, coisa que não
vejo tão nitidamente como gostaria! Só peço que cada qual avalie o quanto fomos
cumprindo o que os autores da novela que hoje se encerra determinaram.
Estou aqui
justamente para me expor ao açoite alheio e humildemente me confessar, conclamando
os demais para que também se submetam a este simples exame de consciência. Nada
demais. Pouquíssimo esforço requer. Assumo e pronto: Walcyr Carrasco – e demais
autores não explícitos do novelão - fez de mim gato e sapato. O mesmo Félix –
na magistral interpretação de Mateus Solano – que me provocou náuseas e
indignação no início da trama, tamanha a sua perversidade, me trouxe lágrimas
aos olhos, comovidas, de verdade, quando foi expondo as razões de seus traumas
de infância, até chegar ao ápice de hoje ser o mocinho que merece o final mais
que feliz, cheio de afeto e de lições de generosidade, junto ao seu amor, o
também adorável Nico, este, desde o começo, um amor de pessoa. Mais ingênuo que
ele só eu ao fechar um negócio! (Mas isso é conversa para outra hora).
Se esta que vos
fala, senhora que julga saber das coisas subjacentes ao discurso midiático,
está cumprindo fielmente o riscado, que atire a primeira pedra quem não se foi
deixando amoldar pelo que foi sendo tecido para mudar nossos sentimentos e
compreensões, com o passar dos meses. E isso é que está visível. E o que fomos
“aprendendo” quanto ao mais, desde as marcas de carro, os acessórios da moda, a
linguagem, os preconceitos e tudo servido como complemento da história
televisiva, até mesmo o quanto devemos ir nos esquecendo das pedras do meio da
caminho? Para que ter memória?
Que sejamos
generosos, sim! Que compreendamos, com amor, a história de cada qual e seus
efeitos – muitas vezes trágicos – na configuração do caráter de cada um – mas
para tudo tem limites.
E que venha o
beijo do casal! É a Rede Globo quebrando tabus e abrindo caminhos. Ô xente! E
cá entre nós: tudo tem mesmo vários lados. Nada é mesmo uma coisa só todo o
tempo. E vamos em frente que atrás vem gente. Atrás, não, à frente, na segunda
que vem. É Manoel Carlos que chega e mais uma vez estarei com o olho na TV para
os novos "ensinamentos" que dele virão. Não gostasse tanto de onde
vivo, mesmo antes do início da nova novela, já estaria introjetando mais
fortemente ainda o meu sentimento de incompetência por não ter cacife para
viver no Leblon. Oh, céus!
Nenhum comentário:
Postar um comentário