sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

QUEM ATIRA A PRIMEIRA PEDRA?
31/01/2014

Não vou mais me repetir insistindo, como faço há décadas, com o meu discurso repetitivo e professoral, espalhado aos quatro ventos, insistindo em que a escola tem por obrigação ensinar como temos nossas mentalidades formadas pela mídia. E que, à medida em que qual se descobre, em grandíssima medida, assujeitado pela influência do chamado quarto poder, é que pode partir para suas próprias escolhas, desanuviado da camada de desinformação que faz-nos sentir como donos de nossa própria vida (Oh, ilusão!), quando somos, não raras vezes, escolhidos para fazermos as escolhas que o pensamento hegemônico vêm de fora invadir os nossos próprios espíritos e induzindo-nos a lhe seguir.  

Chega desse discurso oco que, não o fosse, já teria surtido algum efeito, coisa que não vejo tão nitidamente como gostaria! Só peço que cada qual avalie o quanto fomos cumprindo o que os autores da novela que hoje se encerra determinaram.
Estou aqui justamente para me expor ao açoite alheio e humildemente me confessar, conclamando os demais para que também se submetam a este simples exame de consciência. Nada demais. Pouquíssimo esforço requer. Assumo e pronto: Walcyr Carrasco – e demais autores não explícitos do novelão - fez de mim gato e sapato. O mesmo Félix – na magistral interpretação de Mateus Solano – que me provocou náuseas e indignação no início da trama, tamanha a sua perversidade, me trouxe lágrimas aos olhos, comovidas, de verdade, quando foi expondo as razões de seus traumas de infância, até chegar ao ápice de hoje ser o mocinho que merece o final mais que feliz, cheio de afeto e de lições de generosidade, junto ao seu amor, o também adorável Nico, este, desde o começo, um amor de pessoa. Mais ingênuo que ele só eu ao fechar um negócio! (Mas isso é conversa para outra hora).

Se esta que vos fala, senhora que julga saber das coisas subjacentes ao discurso midiático, está cumprindo fielmente o riscado, que atire a primeira pedra quem não se foi deixando amoldar pelo que foi sendo tecido para mudar nossos sentimentos e compreensões, com o passar dos meses. E isso é que está visível. E o que fomos “aprendendo” quanto ao mais, desde as marcas de carro, os acessórios da moda, a linguagem, os preconceitos e tudo servido como complemento da história televisiva, até mesmo o quanto devemos ir nos esquecendo das pedras do meio da caminho? Para que ter memória?

Que sejamos generosos, sim! Que compreendamos, com amor, a história de cada qual e seus efeitos – muitas vezes trágicos – na configuração do caráter de cada um – mas para tudo tem limites.
E que venha o beijo do casal! É a Rede Globo quebrando tabus e abrindo caminhos. Ô xente! E cá entre nós: tudo tem mesmo vários lados. Nada é mesmo uma coisa só todo o tempo. E vamos em frente que atrás vem gente. Atrás, não, à frente, na segunda que vem. É Manoel Carlos que chega e mais uma vez estarei com o olho na TV para os novos "ensinamentos" que dele virão. Não gostasse tanto de onde vivo, mesmo antes do início da nova novela, já estaria introjetando mais fortemente ainda o meu sentimento de incompetência por não ter cacife para viver no Leblon. Oh, céus!



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