sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

MEU DIREITO À ALEGRIA
23/2/2017
De tal modo estou entristecida com o que vejo e suponho como tendência sobre o que nos alcançará a nós, brasileiros, que até as piadas que circulam incessantemente sobre as artimanhas e maquiavélicas manobras e acertos proporcionados pelos golpistas não me têm encontrado aberta para divulgar e fazer circular pela rede. As graças que se fazem são incessantes e criativas além do esperado, sempre se superando, mas é como se eu não devesse brincar com coisa tão séria.
Acerca das postagens de uns dias para cá e das de ontem, principalmente, é como se uma força interna ralhasse comigo por eu estar sendo pouco séria em compartilhar gracinhas quando o assunto é de uma gravidade muito além do suportável. E é verdade. Como a sensação de desconforto vem crescendo notavelmente, não sei como vou continuar lidando com o humor que se produz sobre o inferno em que se transforma o Brasil a cada dia.
Uma voz interna vem em condenando por estar brincando com assuntos tão graves e de consequências tão nefastas. Eu que vivo de estudar os crimes ideológicos do jornalismo, sempre me detive em analisar o conflito ético, por exemplo, de um repórter fotográfico quando este, ao invés de dar um prato de comida ou um abraço a uma criança prestes a virar alimento de um abutre que a circunda, simplesmente a fotografa, espalhando pelo mundo a imagem daquele momento em que a humanidade se descredencia como tal, ao permitir tamanha crueldade. Mas o fotógrafo exerce o seu ofício, certo de que precisa informar ao mundo aquela maldade, até por amor à raça humana, para que coisas assim deixem de acontecer.
Pois o meu dilema ético do momento é o de me deixar levar pelo riso. A criatividade e o humor do brasileiro navegam em céu de brigadeiro, a toda velocidade, lindos, inigualáveis. Mas, como me deixar levar pelo riso diante deste outro tipo de abutre que nos ronda - o conjunto de maldades que este governo provisório (E VIVA RADUAN NASSAR que assim o classificou!) vem produzindo contra o trabalhador brasileiro?
Sinto-me torta, em dívida, estranha. Sem certezas sobre como agir. E para quem o humor é tão entranhado na derme, meu caso, é bem difícil ficar só com as paredes cinzas. As cores do riso sempre trazem um alento restaurador à caminhada.
Até isso nos caçam. Bem ao gosto do capitalismo que até nossa aliança com a alegria nos quer afanar. Pelo que padre Gabriel nos ameaçava. com a imagem do inferno, nos meus tempos de missa lá no Convento (Virgem Santa! Que meda!), ele está nos alcançando é aqui mesmo, na Terra. Cruzes, Silvinha Silvia Salgado!
Na foto, Luna e eu em um momento de alegria e bom humor no Carnaval passado.

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