PINHA DA MANHÃ
17/2/2017
Sou mais compartimentada do que uma daquelas pinhas suculentas que brotavam lá no quintal da Beira Rio, é, aquelas mesmas que Maninho adorava enquanto eu preferia uma laranja lima, seguida de outra e mais algumas, sempre doces e amarelinhas das dezenas que papai trazia do Mercado.
O porquê da comparação é de fácil explicação, até meio bobinha, pra qualquer criança entender de primeira, sem auxílio dos recursos mais rebuscados do pensamento abstrato. Sou, sim, gominhos mais gominhos, vizinhos fraternos, até serem apartados pelo nosso desejo de aproveitar de seu sabor e gozo. Um simplesmente representa um doce sorriso que deixo escapar ante uma carta de amor endereçada à filha também por mim tão amada; outro, um duro golpe na boca do estômago pelo último gesto cínico de algum representante da banda fétida que faz de conta que nos governa enquanto ganha para si mais poder e benesses dos mais variados tipos; outro, o riso mais efusivo e desgovernado diante da última piada produzida pelo humor incansável e hilário que os brasileiros repartem entre si; mais um gomo, da saudade e das dores e alegrias que compõem nisso percurso pelas trilhas do viver; e por aí vai, ora mordiscando o gomo mais suculento, ora com alguma dificuldade de eliminar o caroço de maior porte, que teima em se apegar ao que de delicioso queremos sorver.
O porquê da comparação é de fácil explicação, até meio bobinha, pra qualquer criança entender de primeira, sem auxílio dos recursos mais rebuscados do pensamento abstrato. Sou, sim, gominhos mais gominhos, vizinhos fraternos, até serem apartados pelo nosso desejo de aproveitar de seu sabor e gozo. Um simplesmente representa um doce sorriso que deixo escapar ante uma carta de amor endereçada à filha também por mim tão amada; outro, um duro golpe na boca do estômago pelo último gesto cínico de algum representante da banda fétida que faz de conta que nos governa enquanto ganha para si mais poder e benesses dos mais variados tipos; outro, o riso mais efusivo e desgovernado diante da última piada produzida pelo humor incansável e hilário que os brasileiros repartem entre si; mais um gomo, da saudade e das dores e alegrias que compõem nisso percurso pelas trilhas do viver; e por aí vai, ora mordiscando o gomo mais suculento, ora com alguma dificuldade de eliminar o caroço de maior porte, que teima em se apegar ao que de delicioso queremos sorver.
Não sei mesmo se a imagem é a melhor - Lulu, a pinha de uma manhã - mas fazer o quê quando me vejo repartida entre a mulher que ri, lamenta, espera, projeta e simplesmente quer escrever estas mal traçadas linhas antes de se por de pé e dar bom dia ao mundo?
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