quinta-feira, 30 de março de 2017


ERRO DE LUGAR
30/03/2015
(Rapidinho porque tenho que sair e estou com o horário apertado).

Hoje durante os exercícios matinais, só me lembrava daqueles alunos de quem só ouvia falar quando era adolescente, que os pais iam tentando de tudo diante da sua alergia à escola e aos estudos. Começavam trocando de escola, para uma mais facinha, depois desistiam do rebento e o colocavam para trabalhar no negócio de algum amigo ou parente próximo. Pelo menos isto: “não quer estudar, vai trabalhar”. E assim iam...
Aquele salão em que rebolo prum lado, rebolo pro outro - alongando não sei por que motivo cada parte de meu corpo, totalmente avesso e indiferente a esse tipo de estímulo -, a qual frequento 3 vezes por semana, NÃO É O MEU LUGAR. Cadê mamãe ou papai, pelo menos Uzinha, que era quem cuidava de nossos estudos, para dar a ordem necessária para que eu seja encaminhada COM A MAIOR BREVIDADE POSSÍVEL para a papelaria mais próxima para fazer embrulhos, que era o que desejava fazer profissionalmente quando ainda era pequena?
Huuuum, pensamento (absurdo) de última hora: quem sabe eu só virei normalista, embrenhando-me apaixonadamente pelos caminhos da educação, por não terem me enviado para A NORMALISTA para fazer os embrulhos os mais criativos e enfeitados possíveis naqueles tempos de outrora?
Deixem-me ir! ME TIREM DAQUI!!!!!

quarta-feira, 29 de março de 2017

AMOR AMADO
27/03/2017


O entardecer me trouxe você. Bobagem. Puro disfarce. Poderia ser o amanhecer. Sempre seria você a se achegar sem pedir licença ante toda e qualquer circunstância: seu porte, suas mãos, sua boca, sua voz, você. Você todo. Até mesmo sua fragilidade tão bem protegida (não de mim!) por sua verve e postura tão altiva.
Meu amor é heróico, forte, potente. Nada o abate nem detém. Se abro um e-mail e há alguém com sua inicial a me escrever, você me vem, inteiro, como se a letra de seu nome fosse exclusividade sua e alguém a houvesse usurpado só para trazer a sua imagem ao meu pensamento. Se ouço o hino do seu time, me vem você, sua imagem, seu sorriso contagiante de torcedor apaixonado. Se um seu amigo me escreve, “faceiro”, é em você que penso e ele passa a ser um mero elemento de ligação entre nós. Se vejo um carro com a placa de sua cidade, ah... é a sua cidade. Não o sendo, ah, bem que este carro poderia ser de lá... Se vejo um casal sem amorosidade à vista, desprezando o gozo de seu encontro em vida, só me vem à mente a sua incapacidade de me atingir com qualquer indelicadeza, pois de você só tive gentilezas e mimos. Se vejo um político falar asneiras ou outro lançar propostas humanizadoras, lembro-me de nossa afinidade na Política e do quanto sempre nos identificamos no essencial da vida...  Se... se... se... como essas, muitas e diferentes situações poderiam ser aqui relembradas para dar conta do tanto você nunca se afasta de mim. Noite e dia, dia e noite.
Pelo direito ou pelo avesso, a referência é você. A qualquer coisa que acontece, você é quem me chega, sem tirar nem por. Inteirinho. Presente nas tantas e tantas histórias que vivemos juntos. Uma história até certo ponto curta, para o que foi, é, significou e significa. Inesgotável. Na verdade, você está todo o tempo em mim, habitando-me, preenchendo-me, sendo parte de mim mesma, uma fração poderosa, intensa, carregada de sentido e de saudade.
Sou inteiramente só e incompreendida nesse sentimento e na luta inglória – já abandonada - de escorraçá-lo de meu coração. Amigos servem para todos os momentos, menos para os de minha necessidade de escuta sobre você. Não há meios de convencê-los de que o conheço e às suas manhas e sei de sua necessidade de se fazer forte, sem conseguir se dobrar ao amor que o liga a mim. Isso não passa pela razão, mas pela sensibilidade e esta é só minha, foge ao domínio de qualquer outra pessoa.
Pois é isto: nem panos quentes nem compressas geladas. Nem conselhos nem divã. Tentativas vãs. Nada o tira de mim. Hora alguma. Eu o amei um dia. Eu o amo agora. Eu o amarei sempre - é a pressuposição diante das evidências. Essa é uma verdade, a bem dizer, não das melhores, pois envolve ausência e impossibilidade, mas, por outro lado, por que escamoteá-la? Minha vontade é tecer palavras em torno de meu/nosso amor. E eu as digo, respeitosa e triste. Sem me importar com nada além de minha própria necessidade de, pelo menos neste relato, curto mas intenso, ter você junto de mim e nosso lindo amor de volta. 
Mas, a escrita é apenas uma ilusão e, como num sonho, eu acordo e apenas resta a saudade.



A imagem pode conter: planta, árvore e atividades ao ar livre                                            A imagem pode conter: planta e atividades ao ar livre

A MÃE E SEUS FILHOS
(Pequeno comentário a partir de duas pequenas fotos)
29/03/2016


Foi só abrir a janela do quarto para ver o sol que encontrei esta lição: a mais perfeita intimidade entre a Natureza e o Homem. Raciocinem comigo. A caramboleira(*) estava ali, dada, disponível, todinha entregue à sua missão de dar prazer - e alimento - ao companheiro, sim, àquele mesmo que tem o polegar opositor, que pensa e cria.
O homem, no caso, um homem simples, também veio e cumpriu sua missão - juntou uma vara que buscou no quintal, a ela deu uma ponteira de um metal flexível e, pronto, estava feita a ligação entre ambos, Natureza e Homem. A carambola poderia, por sua ação, ser vinda às suas mãos e, logo em seguida, ser mordida, fazendo escorrer pelo canto da boca o líquido sobrante do doce gosto.
O que me ocorre de imediato?
Inventar, o Homem sabe e inventa. Falta colocar-se um pouco mais em silêncio e dar vida a uma sociedade justa e fraterna. Do mesmo modo que a Natureza nos dá seus bens tão preciosos, a História, a Politica e a Ciência, toda ela, nos dá meios de fazermos nossa parte em favor da Humanidade, sem a abundância ofender tão frontalmente a escassez.
Bom dia! Bom de verdade, sem desistir da vareta, feita por nossas mãos milagreiras que hão de construir a ampla e sincera humanização. Se não as colocarmos nessa direção, sinto que não estaremos construindo, em nós mesmos, a nossa humanidade. A Natureza nos deu a carambola para todos. Estamos devendo a nossa parte.

(*) A caramboleira mora na casa de Anê e Cassi (dois grandes amigos).

segunda-feira, 27 de março de 2017

DE TRÁS PRA FRENTE

27/03/2015

Até que foi bom a tal senhora – super agradável – encarregada da burocracia exigida para efetivar meu atual contrato, me pedir cópia do meu diploma. Sou organizada - até demais -, não me custaria nada de mais, mas, de todo modo, de saída me pareceu perda de tempo. Eu não queria era parar o que estava fazendo para abrir gavetas e localizar o troço, inútil a esta altura do campeonato. Mas, para receber meu suado pro-labore, tive que cumprir a exigência e cedi à ordem dada, simpaticamente, por e-mail. Ordem que, diga-se de passagem, num primeiro momento, foi cumprida pela metade. Incompetente, depois de recolocar o original de volta em seu lugar, tive que buscá-lo mais uma vez, pois faltava enviar cópia do verso, onde estão os carimbos que autenticam o documento, gerando o indispensável poder de me habilitar perante o ordenador da despesa a se ter comigo.

Alívio! Pronto! Enviei! Em termos de papéis, de escrita oficial atestatória de um mérito, tal qual o infeliz copiloto de um dia desses, estou em ordem. Ele apto, eu apta."Em nível de vale o escrito", tudo como manda o figurino. A vida dirá o resto. No caso dele (COMO PRECISAVA DE AJUDA O POBRE RAPAZ!), nem papel, nem nada nem ninguém - falou o que seria necessário dizer. Pelo menos, que se saiba, por enquanto. (Triste episódio que não me sai da cabeça*).

Sobre minha possível competência para revisar o texto que tenho em mãos, algo mais adequado haveria de ser pensado. Meu diploma de Pedagogia não me parece ser o caso. Mas, também, o que seria? Não sou, nunca fui e nunca serei professora de Língua Portuguesa! Só tenho gosto - até mania - de remexer com palavras e brincar de encontrar lugares mais bonitinhos e acolchoados para que se estabeleçam. Às vezes é só sair de uma ponta e se sentar ao meio da frase que um simples vocábulo já dá outro ritimo e leveza ao escrito já posto. Do meu ponto de vista, pelo menos...

O fato, amigos, é que não é de nada disso que eu quero falar. O problema é repetitivo. Quem me lê já sabe. Espero que não se cansem: começo sempre abrindo um assunto e acabo adentrando por um ramal deficitário que me leva para outros trilhos, a tal ponto, que custo a voltar para a linha central que me fez começar a escrever. O ponto de hoje não tem nada a ver com tudo que já rabisquei acima.

Eu disse que foi bom cumprir a tal tarefa porque, no que abri a gaveta dos documentos, encontrei junto com o diploma e seus aparentados uma coleção de jornais, registrando algumas de minhas peripécias por tudo quanto é canto, em atividades profissionais. Aí me veio à memória o filme sobre Benjamin Button, aquele em que o cidadão nasce velho e vai voltando, numa lógica inversa à nossa cronologia etária, até ficar bebê. Não que vá acontecer comigo "à vera". Mas, como me senti mais velha, sisuza, com pose de quem sabe das coisas, em muitas fotos que visitei, perdendo, com isso, meu tempo tão precioso!

Fiquei foi bem contente, esta é a verdade, em ver que, à medida que vou perdendo as certezas e o medo, mesmo com as visíveis marcas do tempo em meu semblante, vou caminhando em direção a um novo tempo de busca de leveza. Muitas lágrimas gastas, mas libertadoras...

Vejam se não tenho razão. E lá se vão mais de 15 anos desta viagem ao interior do Paraná. A senhorinha risonha abaixo está bem mais jovem. Também do meu ponto de vista...
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*refiro-me ao jovem piloto que jogou o avião rumo à morte com todos os seus passageiros.




sábado, 25 de março de 2017

Resultado de imagem para DENTE



O DENTE MAIS DO QUE TARDIO
                                         (sem data, encontrada aqui, perdida...)                    

Numa certa medida me alegrou saber que havia aquele último dente, temporão, embutido lá embaixo, por trás da gengiva, adormecido, impassível, sabe Deus desde quando. A satisfação vinha de saber que também nisso, Maninho e eu tínhamos afinidade, pois esse também era o caso dele, meu ídolo da infância. Nem sei por que sei isso, mas a minha memória tem mesmo uma forma estranha de existir: na maioria das vezes nada registra, nada traz à consciência, em outras vem com força, trazendo informações inesperadas. Um dente a mais, inútil, é bem verdade, tanto em Maninho como em mim. A verdade é que, já adulta, numa daquelas radiografias, dente por dente (Aliás, dente por dente, só conheço em se tratando de radiografias mesmo...), quando de um tratamento dentário mais detalhado, foi constatada a anomalia – um dente a mais na arcada inferior, à direita, junto ao osso. Orientada pela dentista da ocasião, tranquilizei-me, imaginando que ele prosseguiria em seu descanso, valendo-se de um inimaginável uso capião de parte do território de minha boca. E assim viveríamos para sempre, ele quieto lá dentro, eu viva cá fora sem nem me lembrar de sua existência despropositada. Era o caso do dente de Maninho, que seguiu com ele, não sei bem pra onde... Mas, o mundo e todas as coisas se movem. Passaram-se alguns anos e o belo adormecido começou a despertar. Nem suponho qual príncipe encantado veio beijá-lo para lhe provocar a saída de seu esconderijo, até então tão bem guardado. Vez por outra, fazia deslizar a língua pelas bandas internas da gengiva e começava a constatar a presença do novo ser vindo à luz. E pior: com aquela serrinha típica dos dentes infantis a perturbar a paz do recinto bucal, provocando incômodo e arranhando, vamos dizer assim, aquela que teimava em vistoriar, dia após dia, o local do parto que se fazia cada vez mais à vista – a minha pobre língua, que, sem dúvida, foi quem mais sofreu com a novidade. Agora, vejam se não é para escrever sobre o assunto... A esta altura da vida, ter dente de serrinha nascendo, é coisa não só para divã de psicanalista como para tema de novas escrevinhações. Não é que eu queira. Impõe-se. Faz pensar. Até me lembra o Xexéo, quando Rosinha governadora reclamou, ou quis processá-lo, algo assim, porque ele sempre estava a comentar sobre atitudes dela, ao que ele respondeu mais ou menos assim: “Eu apenas olho e vejo o que a senhora faz...”
Com uns e outros, já cansei de reclamar de meus sonhos adolescentes, de meu romantismo exacerbado, de minha incapacidade para um tipo de vida sem graça e rotineira, da minha impossibilidade para virar adulta no sentido do conformismo diante do mais fácil ou mais comum. Mas daí a aceitar tamanha explicitação de minha criancice vai uma grande distância. É até revoltante ter que passar por este vexame que expõe, sem dar margem a dúvidas, a minha alma perpassada por dúvidas e incertezas extemporâneas. Como coisa de gente miúda, que ainda não cresceu. O dentista foi o primeiro a rir de mim. Filhos, os dois, também não deixaram passar em branco o simbolismo da situação. Só falta eu apostar de vez na crença de uma infância presente ainda hoje de maneira desmedida a povoar meu ser inteiro, colocar o danado do dente embaixo do travesseiro e fazer um pedido à fadinha. É, talvez seja o caso: se nada me coloca confortável naqueles quefazeres adultos, que roubam ilusões e enquadram cada qual em certezas e doses desmedidas de conformismo, quem sabe está nas mãos da tal fada interceder por meu amadurecimento?
Nossa! Que conflito! É, mas pedir, não peço, não. Vou adiante do jeito que sei ir. Isso, para mim, seria pedir para piorar. O que me alimenta e me faz feliz são os resíduos de minha meninice e juventude que me salvam, não do endurecimento das artérias, mas da petrificação das ideias. E ainda tenho que ir tirar os pontos, como que para não me deixar esquecer a situação infantil que se instalou em minha boca que tantos sabores e dissabores já provou durante tantos e tantos anos de vida. Vá entender! Vocês, aí, que me leem, façam lá suas leituras. Que cada qual dê o nome que quiser ao significado esdrúxulo do que acabo de viver. De minha parte, continuo firme no meu entendimento de que esta é mais uma daquelas coisas que estão no mundo, só que eu preciso aprender... E viva Paulinho da Viola, que, com sua música, nos ajuda a entender muito mais do que apenas dentes!


quinta-feira, 23 de março de 2017


AULA DE HISTÓRIA

23/3/2017

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(Uma versão plausível para os meus netos)

Era uma vez um país que estava se tornando mundialmente reconhecido, até provocando um certo alvoroço junto aos elementos centrais do capitalismo mundial, por criar mecanismos alternativos de integração econômica (os BRICS) frente aos tradicionais imperadores dominantes, e até gerando um certo incômodo por seu enorme potencial frente ao mercado mundial. Internamente, a sua população, que convivia, historicamente, com inúmeras dificuldades, notadamente em relação aos atendimentos de saúde e de educação, sempre bastante precários, neste novo tempo, por força de algumas políticas sociais que passaram a ser adotadas pelos governantes de então, obteve proezas de grande vulto: teve a sua parcela mais sacrificada excluída da zona de miséria mais aguda, deixando de estar na Zona de Pobreza Extrema, índice aferido pela ONU, o que se constituiu num feito admirável; segmentos carentes da sociedade passaram a ser beneficiados e algumas mudanças passaram a ser visíveis em termos de acesso aos bens culturais, antes exclusivos das camadas mais abastadas – o acesso à Universidade, por exemplo, a saúde descentralizada a seu alcance, o usufruto de viagens dentro e fora do país, a realização de viagens de estudo para fora do país em centros de excelência acadêmica, dentre outros.

O seu governante, um operário de pouca instrução, passou a ser internacionalmente aclamado como um líder de rara competência política e dezenas de Universidade e outras instituições similares a ele atribuíram títulos e honrarias jamais atribuídos a quaisquer outros presidentes em todos os tempos.


De repente, tudo começou a mudar e o país entrou numa crise sem precedentes, trazendo consequências inimagináveis para seu povo e suas lideranças que, mesmo que ainda aclamadas por grande parte da população, caíram em desgraça. Cientistas, chamados dos mais afamados centros de pesquisa foram reunidos, passaram a estudar o fenômeno e passaram a desenvolver esforços amplos e profundos para compreender o ocorrido.

Empiricamente, o renomado grupo reuniu os seguintes dados e sobre eles tem-se debruçado para buscar alguma explicação plausível para o ocorrido e já começa a especular a possibilidade de ter havido uma ação de âmbito internacional para desestabilizar o país, enfraquecendo seu moral e economia internos, abrindo suas portas para o grande capital, num gesto maquinado pelo Império em seu desejo de garantir e ampliar seu espaço no mundo globalizado dos negócios, até mesmo pelo crescimento que a China nas últimas décadas. São eles:

·       O primeiro – a PETROBRAS, destacadíssima empresa do ramo petrolífero em termos mundiais, passou a contar com uma campanha jamais vista de desmoralização, em função da qual enfrentou uma difamação por força da denúncia de antigos e enraizados processos de corrupção que passaram a ser divulgados ininterruptamente, como se fosse um processo iniciado no governo que promoveu as mudanças no país. Tal estratégia abriu à opinião pública o aceite de que empresas estrangeiras passassem a explorar o pré-sal, riqueza inestimável que vinha sendo saudada internacionalmente como um capital de valor incalculável, recém descoberto pela empresa. E o capital internacional passou a explorar as riquezas petrolíferas do país, já que a PETROBRAS estava moralmente desqualificada e indefensável perante quem que quer fosse.
·        O momento seguinte trouxe a desmoralização das maiores empresas de engenharia do país, que passaram a ser destruídas, também por força de denúncias de corrupção que as obrigou praticamente interromper suas atividades, demitindo milhares de funcionários. Obras foram interrompidas e tais empresas viram suas atividades paralisadas, deixando regiões e mais regiões em estado de abandono e famílias em situação de extrema precariedade, com a elevação dos índices de desemprego a níveis alarmantes. O país ganha destaque em todo o mundo pela corrupção que grassa em seu interior e sua credibilidade cai, não só perante organismos financeiros internacionais como perante a opinião pública mundial. Importantes filhos de seu solo o abandonam e passam a entender que o lugar em que nasceram é intrinsecamente desonesto e genuinamente incapaz de ser um bom abrigo para os seus. A entrega dos bens nacionais a estrangeiros passa a ser vista até como desejável, já que internamente não há capacidade nem de gestão nem de produção eficaz.
·        Recentemente, um ataque inesperado e injusto teve por foco as maiores empresas exportadoras de carne do país, que passaram por um vexame em rede nacional, de imediata e drástica repercussão planetária, sendo acusadas de corrupção e imundícies sem precedentes, na produção de seus produtos, fazendo com que o mercado internacional passasse a cancelar encomendas dos frigoríficos nacionais. O mercado externo se beneficia, os competidores internacionais crescem diante da infame propaganda anti-nacional que a todos surpreendeu, dentro e fora do país.

Não sei se faz sentido, mas de minha parte eu recomendaria aos cientistas que desistissem de ir adiante. Só esses três acontecimentos parecem gerar uma versão bastante lógica para se pensar que há uma orquestração vinda de outras bandas, com cúmplices dentro do próprio país para fazê-lo vir ao chão. Afinal de contas, o que lá sucedeu é mais inexplicável, inconcebível mesmo, do que a construção das pirâmides do Egito e a existência das Linhas de Nazca, no Peru.



terça-feira, 21 de março de 2017

UMA PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR
21/3/2015

DESDE QUANDO DELAÇÃO É ATITUDE MERECEDORA DE PRÊMIO?

Para uma geração que cresceu, desde bem criança, ouvindo que um colega nunca deve ser apontado como culpado, que o correto para gente de boa índole é todos se unirem e nunca se delatar um companheiro, que mais vale o silêncio de todos do que o menor indício de que se sabe quem foi o autor da última bagunça em sala de aula, é chocante estarmos todos nós, TODA A NAÇÃO BRASILEIRA, à mercê de delações premiadas. Tal conduta, me parece, é um desvio de tal ordem que talvez nem tenhamos nos dado conta, na exata medida, da espúria situação que é inerente à sua natureza.


De Norte a Sul, de Leste a Oeste, nós, brasileiros, nestes tempos marcados pela perplexidade, temos como os indivíduos mais prestigiados do momento - como se todo o futuro do Brasil deles dependesse - aqueles que com dedo em riste estão a indicar um por um dos criminosos – seus cúmplices – que devem ser punidos com o rigor da lei. Isso, enquanto eles se safam em alguma medida das possíveis punições. E isso, previsto em lei, fazendo parte das regras do jogo.


O que antes aprendemos como sendo um desvio de caráter, uma prova de covardia e de ausência de senso de coletividade e de coleguismo – a delação – é hoje motivo de prêmio para aqueles que estiveram e/ou estão envolvidos em desvios de recursos públicos, de uma tal monta que não sabemos calcular nem de longe suas dimensões, seja em metros cúbicos, seja em serviços essenciais devidos à população.


O mau caráter tem seu prêmio. Nós temos o espanto. O Brasil tem a conta. O futuro tem suas penas. E A HISTÓRIA PRECISA DE CADA UM DE NÓS!

O RISCO DE SER ABERTA A PORTEIRA DO ARBÍTRIO
(sem fazer prosa bonitinha, só pensando alto)

21/3/2016

Se por um acaso nós, brasileiros, permitirmos que a Constituição Federal, a nossa Carta Magna, seja desrespeitada, em qualquer de suas determinações, estaremos chancelando, avalizando, autorizando as seguintes situações como totalmente possíveis, razoáveis, aceitas:
- o vizinho neurótico pretender mudar a convenção do prédio para impedir crianças, em plena luz do dia, de transitarem pelos corredores, fazendo ruídos, como crianças que são;
- a mãe preconceituosa sugerir à diretora de escola que "dê um jeitinho" para não matricular crianças "diferentes" para não atrapalhar o ritmo da maioria, os ditos "normais";
- a vizinha de porta dar queixa ao síndico porque teve que dividir o elevador com a diarista negra que chegava ao trabalho e tinha ares de "metida";
- a mãe moralista ir pedir mudanças na escola de sua filha de 3 anos pelo fato de a professora ter brincado com a turma, dando um gostoso banho de mangueira, com os pequenos de calcinha e cueca, quando o calor mostrava-se insuportável no meio da manhã;
- a síndica, arbitrariamente, ter a si própria e a seus próprios valores e crenças, como referência para determinar o que pode e o que não pode no cotidiano da comunidade;
- o diretor de escola dividir as turmas por aproveitamento, sem "misturar" quem quer que seja, para "dar no couro dos melhores" e estes terem sucesso no ENEM e serem propaganda viva e gratuita da instituição...


Se a Lei Maior é desrespeitada, o vale-tudo se instala. As regras, quaisquer delas, em qualquer espaço coletivo, poderão ser manipuladas, contornadas, adaptadas para agrado de uns e outros. E aí, não serão apenas os pobres que perderão (estes quase sempre já perdem), mas é o neto autista do cunhado, a prima de meu colega, a minha filha, o seu afilhado, todos nós: eu, tu, ele, nós, vós, eles.

E ATENÇÃO! EM CADA HIPÓTESE QUE EU LEVANTEI, VOCÊ PODE SER O LADO FRACO DA HISTÓRIA (a mãe do menino autista, o pai do menino que não foi selecionado para a turma dos "bons", ou seja, o lado prejudicado da história...)



quinta-feira, 16 de março de 2017



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TRÊS PEDRINHAS-APOIO ENCONTRADOS NA SAÍDA DO POÇO
16/3/2015
FORMAS DE AMAR?
O cara, conhecido de longa data, cujo contrato matrimonial é daquele tipo tradicional “me sirva sempre em gestos que eu te agrado de vez em quando em palavras” – e lá se vão décadas em que o rito é cumprido à risca, sem desvios –, ao me ouvir dizer, um ano depois de haver encerrado um relacionamento amoroso, que naquela manhã eu estava triste além da conta, de saudade, por força de gratas e intensas recordações, com a maior cara de espanto, deixando evidente como me percebia inadequada, volta-se pra mim e diz: “Ainda?” Lógicas, quanto ao amor e à vida, diametralmente opostas.

APROXIMAÇÕES
Finalzinho da aula, o colega do exercício físico, um senhorzinho com carinha de bom, vira-se para a companheira ao lado e afirma, convicto: “Viu quanta gente querendo dar um jeito no país? São Paulo bombou! Essa bolsa-família é que elege essa tal de Dilma. Isso só forma preguiçoso e tem que acabar!”. Eu permaneci onde estava, fazendo-me de surda. Já faz tempo, quase que na totalidade das vezes, silencio  ante as discordâncias desse tipo. Mas não deixei de ponderar: São Paulo está aqui em Itaipu. Recife em São João da Barra. Jundiaí em Torres. Tal e qual. E as manifestações todas, até a que repudia Paulo Freire, está, um pouquinho que seja, pertinho de nós. Quem sabe, dentro do coração de algum professor. E de alfabetização.

TECLA DE SEMPRE
"Meu território é outro... faço parte da manada que corre para o impossível!" – Lia Luft



A TAL HISTÓRIA DE QUE OS OPOSTOS SE ATRAEM...

16/03/2017)

Tenho uma amiga que já foi de todos os dias, de todas as horas, de todas as confidências. Em certo ponto da vida, nossas diferenças – que sempre existiram – numa comparação talvez mal feita, parece que viraram calos, mais endurecidas e deixamos de estar juntas com tanta frequência. As circunstâncias também ajudaram, não vivíamos mais próximas e passamos a quase nunca nos encontrar.  Passada a ressaca de que a nossa alma necessitou para novamente nos entendermos já numa outra dimensão de entendimento – sabendo das diferenças e nos gostando apesar delas, retomamos nossas conversas, sem deixarmos apenas o acaso nos colocar uma junto à outra. Hoje, retomamos nossos encontros, num outro formato, bem mais saudável, creio eu. Há um limite a nos separar e vale o que uma passou a ser em sua história de vida e o que a outra passou a ser em sua história de vida. Parece haver uma certa cerimônia diante do que nos separa, um certo zelo pelo que nos aproxima e um certo compromisso em nunca tomar uma coisa por outra. O bom é que tínhamos e temos todo um passado a amparar nossos encontros. Muita coisa é dispensável de ser dita. Cada qual sabe o que a outra viveu e como chegamos até aqui. Os prolegômenos são inteiramente dispensáveis. Mal nos vemos e o prato principal já pode ser servido. Sem pressa, mas é ele que vem à mesa e não o que pode retardar a sua degustação com todo o gosto e apuro.

A última vez que nos vimos foi num lanche curto, coisa de nem 3 horas, o que para amigas de tão longa data é um átimo, e teve como local numa deliciosa padaria aqui de Niterói. Não deu pra muito, mas foi muito bom e do encontro saí com uma sensação visível, palpável, quanto a nós duas. É muito interessante e de efeitos humanos bastante fortes, a gente ter tempo em vida para arrumar o coração e seus "enquadramentos", ainda mais para quem, como eu, mais quis e quer viver do que fazer sistematizações sobre o vivido. A intuição me guia e raramente a razão tem tempo de criar qualquer atalho mais pensado para que seja tecido um caminho com maior ponderação e longo alcance. Os ferimentos da alma parecem conduzir o comportamento de cada agoridade. Aquilo que minha história produziu na alma de bons e maus sentimentos – frustrações, expectativas, rejeição ou apreço – são determinantes para cada escolha feita no calor de cada passada. É quase como uma manivela automática, que dispara ações momentâneas sem grandes ou pequenas elucubrações. Não raras vezes, algum sujeito que cruze meu caminho tem grandes responsabilidades acerca do que provoca em mim, de aceitação ou rejeição. A sensação que tenho é a de que é o que ele representa, onde ele bate no fundo de minha alma com uma sua atitude, que provoca uma dada reação. Para o outro, sem lógica, para mim, tendo todo o sentido. Até marido já foi deixado dessa forma e o fator determinante era muito mais do passado do que dali, daquela hora.

Mas, sobre minha amiga... retomando...Nossos caminhos foram bem distintos na vida. Já éramos diferentes no trato com as coisas do viver e hoje – é o valor deste escrito – parece que eu consigo arrumar a impressão sobre nossas trajetórias.  A minha sensação é de que eu sempre me mostrei meio (ou bastante) romântica, imediatista, e fui amolecendo cada vez mais, a ponto de hoje viver frouxa de dor, chorosa na espera do impossível e aparvalhada frente à dura realidade dos fatos. Quase incapaz. Desanimada. Perdedora. Sugando do mundo alguma força que a faça seguir adiante. A amiga, diferentemente de mim, mesmo também profundamente marcada pelo sofrimento, foi cada vez mais ficando endurecida diante do que pôde viver, mostrando-se desesperançada, descrente, mas com uma proteção contra o mundo que a ajuda a seguir. Como se sem uma armadura simbólica a cobrisse inteira.

É como sinto. O bom é que um elo nos ata e nos traz uma viva e recíproca possibilidade de colaboração afetiva. Sinto que nos enlaçamos mutuamente em nossas diferenças. É isso é profundamente enriquecedor.  Numa síntese, parece que nos gostamos muito e o fato de nos ver faz com que cada uma abrace um pouquinho o jeito de viver da outra: eu menos escancarada para o lado de fora, ela com um pouquinho menos freio diante do mundo. Talvez por isso gostemos bem uma da outra. 

quarta-feira, 15 de março de 2017

POR QUE ESTOU COM DILMA?

15/3/2016
Uma amiga me pergunta aqui mesmo pelo Face se de fato eu acredito que o atual governo quer mesmo a humanização das pessoas. E completa me perguntando se eu não tenho lido sobre a roubalheira desmedida dos atuais governantes (mais ou menos assim).
Transcrevo aqui minha resposta, pois sempre é hora de troca e de crescimento pela mútua influência saudável entre todos. E o faço, aguardando novos comentários... ( se não, não vale):
"[...] essa conversa é longa. Por aqui é quase impossível. Só um comecinho de conversa, mesmo sabendo que é muito precário. Mas não posso deixar vc sem resposta.
Minha posição é de apoiar quem está, por menos que seja, em direção à humanização de todos, à vida digna de todos, numa hipótese mais utópica, à igualdade entre todos. Desejo, como projeto de vida uma sociedade colaborativa, generosa, fraterna.
Buscar o enriquecimento ilícito, aproveitando-se do Estado, não é privilégio do atual governo. Penso, inclusive, que o ex-presidente Lula, ao que eu saiba e se o provarem, não conseguiu acumular nem a sombra do que seus antecessores (desde o início de nossa colonização). Só a casa de Roseana Sarney, numa praia de São Luís, eu levei um bom tempo para contornar o quarteirão onde se situa. Uma enormidade.
Por outro lado, as forças que estão em torno da presidente Dilma pretendendo que ela possa cumprir o seu mandato, são forças desiguais, é verdade, com sonhos diferenciados, é verdade, mas que englobam grupos que têm essa perspectiva de humanização e igualdade.
Por isso, tenho votado no Parlamento em candidatos do PSOL e no Executivo Federal nos candidatos do PT. É o que dá, por enquanto.
Além do mais, considero a presidente Dilma uma pessoa honrada, de luta, com um passado que a coloca como exemplo de mulher e de figura pública. Se ela (e Lula) tiveram que se unir a bandidos - os corruptos de sempre - para governar (estamos num regime presidencialista que sem aliados, por piores que sejam, não chega ao poder), essa era única possibilidade de chegarem ao Planalto.
Saí do PT até antes do chamado mensalão. Realmente sonhava - ingenuamente - que o PT poderia fazer política sem sujar as mãos. Parece que não foi o caso. Estou feliz com isso? Não, de jeito nenhum.
Mas o lado representado pro Dilma é melhor do que o outro. Sem comparação.
Num raciocínio meio simplista, se os bolsonaros estão do outro lado, esse não pode ser o meu lado. É meio por exclusão, entende?
Sem falar das políticas sociais, que foram inauguradas nos governos do PT, na criação dos BRICs, no incentivo à integração latino-americana, na política de pagamento da nossa dívida histórica com os negros e com os famintos...
Muita coisa. Lutar por um mundo melhor não é simples. É sofrido, árduo, pesado. Não é apenas separar o joio do trigo. Essa separação é artificial, abstrata. Para mim é olhar e tentar ver quem se aproxima mais do que a gente almeja para a Humanidade, com todas as suas imperfeições.
UFA! O ideal é uma conversa de perto. Beijos.  

Que bobagem!

15/03/2016

Quando vi a foto de Glória Maria com suas duas filhas e duas babás, em continuidade ao debate sobre o casal branco de domingo a babá negra, não caiu bem, o fígado pensante reagiu mal.

Dividindo minha dúvida ...

Para mim estamos nos perdendo em detalhes nesta discussão sobre carrinhos de bebês e quem os empurra. Babá negra com pais brancos não pode? E pais negros e babá branca, pode? O aceitável há de ser por cor da pele - babá branca com mãe branca; babá negra com pais negros? E se o pai for branco e a mãe negra? Ou vice-versa? Pode ou vira meme?

Será necessário fazer aquela tabela de "pares ordenados" que aprendemos na Matemática para estabelecermos previamente as combinações politicamente corretas entre pais e babás? O que que é isso, gente?

É bem verdade que o berço onde se nasce (e o carrinho no qual se passeia) associado ao que se acumula de grana pela vida dá muito o tom de nossos ideais e posição frente ao mundo: boa vida só para alguns ou vida digna para todos. Costuma ser assim, mas será assim, tão estrito, tão dentro das gavetinhas os valores e práticas de cada um?

Babá de branco dá status, sem dúvida. Empregada de uniforme, também. Carro 4X4, se for blindado, então!, claro que sim! E sempre haverá degraus a galgar, mais e mais altos, do ponto de vista dos prazeres, modismos, confortos e inovações para classificar as pessoas na escala social.

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Aqui com minhas caraminholas, acordei - cedíssimo, por sinal, pois tenho compromisso bem cedo - com a ideia (concretizada na foto que exponho) de buscar a foto de Mari em seu carrinho de bebê: um arremedo de coisa que anda que eu mesma fiz, juntando a base de um resto de carrinho que ganhei de alguém e uma cadeirinha de carro, também ganha de um outro alguém. Na época nem me dei conta da feiúra do novo meio de transporte. E o que podia parecer pior: amarrado um resto no outro com cordinhas que tinha em casa, resto de alguma outra "construção" anterior. O que eu queria era levar minha linda filha para passear pela praia de São Francisco. Isso diz de minha vida concreta na ocasião, meus apertos e consequentes prioridades. Eram tempos em que a professorinha mal dava conta das contas básicas no final do mês.

Quem visse - e muita gente deve ter visto e viu - deve ter me julgado uma mãe totalmente sem noção, até pouco cuidadosa, sei lá, por expor minha filha naquele objeto não identificado, do qual me recordo com tanta poesia (e prosa, claro!). Elas, sempre, as aparências...

Mas, o carrinho de Mari é só a brecha que saquei de minha história de vida para debatermos o tema - nós mesmos e nosso aprisionamento a visões fechadas e classificatórias quanto às coisas - e pessoas - que estão no mundo.

NÃO CREIO DEVA SER A COR DA PELE O FOCO DA NOSSA CONVERSA.

A babá - branca ou negra - de branco é simbólica. É marca de uma proposta de vida e de um mundo, para quem a expõe, pagando ou não hora extra e mais agrados e gorjetas no domingo. Os pais, brancos ou negros (além de Glória Maria, poucos outros, concordam?) que a têm ao lado, na função de verdadeiros pais de seu filho, quase com certeza são pessoas que querem manter o mundo assim, divididinho entre quem paga e quem recebe salário.

Hi, creio que falei muito e não fui ao ponto. Posto assim mesmo. Este "primeiro gole" da manhã já é vicio. Mas, tenho que sair. Fica como está. Depois releio e repenso. Não há que se ter medo de errar. É do jogo.

E vamos ao dia 18!

"NÃO TÁ MORTO QUEM PELEIA"