quarta-feira, 15 de março de 2017

Que bobagem!

15/03/2016

Quando vi a foto de Glória Maria com suas duas filhas e duas babás, em continuidade ao debate sobre o casal branco de domingo a babá negra, não caiu bem, o fígado pensante reagiu mal.

Dividindo minha dúvida ...

Para mim estamos nos perdendo em detalhes nesta discussão sobre carrinhos de bebês e quem os empurra. Babá negra com pais brancos não pode? E pais negros e babá branca, pode? O aceitável há de ser por cor da pele - babá branca com mãe branca; babá negra com pais negros? E se o pai for branco e a mãe negra? Ou vice-versa? Pode ou vira meme?

Será necessário fazer aquela tabela de "pares ordenados" que aprendemos na Matemática para estabelecermos previamente as combinações politicamente corretas entre pais e babás? O que que é isso, gente?

É bem verdade que o berço onde se nasce (e o carrinho no qual se passeia) associado ao que se acumula de grana pela vida dá muito o tom de nossos ideais e posição frente ao mundo: boa vida só para alguns ou vida digna para todos. Costuma ser assim, mas será assim, tão estrito, tão dentro das gavetinhas os valores e práticas de cada um?

Babá de branco dá status, sem dúvida. Empregada de uniforme, também. Carro 4X4, se for blindado, então!, claro que sim! E sempre haverá degraus a galgar, mais e mais altos, do ponto de vista dos prazeres, modismos, confortos e inovações para classificar as pessoas na escala social.

Nenhum texto alternativo automático disponível.

Aqui com minhas caraminholas, acordei - cedíssimo, por sinal, pois tenho compromisso bem cedo - com a ideia (concretizada na foto que exponho) de buscar a foto de Mari em seu carrinho de bebê: um arremedo de coisa que anda que eu mesma fiz, juntando a base de um resto de carrinho que ganhei de alguém e uma cadeirinha de carro, também ganha de um outro alguém. Na época nem me dei conta da feiúra do novo meio de transporte. E o que podia parecer pior: amarrado um resto no outro com cordinhas que tinha em casa, resto de alguma outra "construção" anterior. O que eu queria era levar minha linda filha para passear pela praia de São Francisco. Isso diz de minha vida concreta na ocasião, meus apertos e consequentes prioridades. Eram tempos em que a professorinha mal dava conta das contas básicas no final do mês.

Quem visse - e muita gente deve ter visto e viu - deve ter me julgado uma mãe totalmente sem noção, até pouco cuidadosa, sei lá, por expor minha filha naquele objeto não identificado, do qual me recordo com tanta poesia (e prosa, claro!). Elas, sempre, as aparências...

Mas, o carrinho de Mari é só a brecha que saquei de minha história de vida para debatermos o tema - nós mesmos e nosso aprisionamento a visões fechadas e classificatórias quanto às coisas - e pessoas - que estão no mundo.

NÃO CREIO DEVA SER A COR DA PELE O FOCO DA NOSSA CONVERSA.

A babá - branca ou negra - de branco é simbólica. É marca de uma proposta de vida e de um mundo, para quem a expõe, pagando ou não hora extra e mais agrados e gorjetas no domingo. Os pais, brancos ou negros (além de Glória Maria, poucos outros, concordam?) que a têm ao lado, na função de verdadeiros pais de seu filho, quase com certeza são pessoas que querem manter o mundo assim, divididinho entre quem paga e quem recebe salário.

Hi, creio que falei muito e não fui ao ponto. Posto assim mesmo. Este "primeiro gole" da manhã já é vicio. Mas, tenho que sair. Fica como está. Depois releio e repenso. Não há que se ter medo de errar. É do jogo.

E vamos ao dia 18!

"NÃO TÁ MORTO QUEM PELEIA"

Nenhum comentário:

Postar um comentário