Quando a Marcha é lenta, de longo alcance e PARA a Família
4/3/2016
Em 1964, a Marcha DA Família com Deus pela Liberdade foi a chave que abriu as travas para o Golpe. Toda a pressão política que vinha então sendo posta em ação contra as reformas do governo Jango, diante do apoio de parcelas significativas das famílias brasileiras, acumulou as forças necessárias para o que veio a seguir, a Ditadura Militar, ou Civil-Militar, como querem alguns.
Por mais que se fizesse presente a imprensa na oposição ao governo, o movimento era DA família, estimulada às claras pelo conservadorismo da Igreja Católica. Dela, da família brasileira, veio o empurrão, o apoio, a sustentação para a voz dos conservadores inconformados com as frestas que se abriam em direção a mudanças. Pífias, aliás, todas elas dentro do próprio sistema, sem nada de comunismo em jogo, como se apregoava.
Em 2016, o deus é bem outro e a Marcha é PARA a família. Coisa de sensibilização diária, convencimento subliminar, adubação perene para o solo se tornar propício a um novo golpe. A ação vem do deus-mercado-midia PARA a família brasileira. Em tempos de novas mídias e do alcance incalculável da TV, a Marcha foi planejada e posta em prática por quem tem poder de voz e como formadora de opinião PARA quem ouve e se deixa influenciar.
Nunca na história deste país se viu a mídia com tamanho poder, diversidade e alcance para criar a História de acordo com seus próprios interesses. Dela é que veio e vem a linha de raciocínio estruturada para submeter as famílias brasileiras a pensar como pensam. Boatos viram certezas, personalidades, muitas, caem por terra.
Não sou mais PT e discordo frontalmente da maneira como o partido deu continuidade e aprofundou a política viciada e corrupta com a qual sempre convivemos. Mas, assistir ao espetáculo de hoje, que veio sendo preparado pela mídia brasileira faz tempo - e com esmero - dá náuseas.
Quanta COMPETÊNCIA! Do lado de lá, todos unidos para a destruição de um sonho. A lamentar, o fato do PT ter dado combustivel a rodo para o inimigo. Do lado de cá, de tudo um pouco. Até mesmo para quem percebe o maquiavelismo dos seus opositores, o que vigora é a perplexidade e a angústia de não ter um lado pelo qual lutar. Só mesmo num confronto definitivo, para se escolher o partido que alimentou o nosso irrefreável desejo de construirmos um mundo melhor. Até lá, luto. Seja em que sentido for. ..
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