AULA DE HISTÓRIA
23/3/2017
(Uma versão plausível para os meus netos)
Era uma vez um país que estava se
tornando mundialmente reconhecido, até provocando um certo alvoroço junto aos
elementos centrais do capitalismo mundial, por criar mecanismos alternativos de
integração econômica (os BRICS) frente aos tradicionais imperadores dominantes,
e até gerando um certo incômodo por seu enorme potencial frente ao mercado
mundial. Internamente, a sua população, que convivia, historicamente, com
inúmeras dificuldades, notadamente em relação aos atendimentos de saúde e de
educação, sempre bastante precários, neste novo tempo, por força de algumas
políticas sociais que passaram a ser adotadas pelos governantes de então, obteve
proezas de grande vulto: teve a sua parcela mais sacrificada excluída da zona
de miséria mais aguda, deixando de estar na Zona de Pobreza Extrema, índice aferido
pela ONU, o que se constituiu num feito admirável; segmentos carentes da
sociedade passaram a ser beneficiados e algumas mudanças passaram a ser visíveis
em termos de acesso aos bens culturais, antes exclusivos das camadas mais
abastadas – o acesso à Universidade, por exemplo, a saúde descentralizada a seu
alcance, o usufruto de viagens dentro e fora do país, a realização de viagens
de estudo para fora do país em centros de excelência acadêmica, dentre outros.
O seu governante, um operário de
pouca instrução, passou a ser internacionalmente aclamado como um líder de rara
competência política e dezenas de Universidade e outras instituições similares a
ele atribuíram títulos e honrarias jamais atribuídos a quaisquer outros
presidentes em todos os tempos.
De repente, tudo começou a mudar e o
país entrou numa crise sem precedentes, trazendo consequências inimagináveis
para seu povo e suas lideranças que, mesmo que ainda aclamadas por grande parte
da população, caíram em desgraça. Cientistas, chamados dos mais afamados centros
de pesquisa foram reunidos, passaram a estudar o fenômeno e passaram a
desenvolver esforços amplos e profundos para compreender o ocorrido.
Empiricamente, o renomado grupo reuniu
os seguintes dados e sobre eles tem-se debruçado para buscar alguma explicação
plausível para o ocorrido e já começa a especular a possibilidade de ter havido
uma ação de âmbito internacional para desestabilizar o país, enfraquecendo seu
moral e economia internos, abrindo suas portas para o grande capital, num gesto
maquinado pelo Império em seu desejo de garantir e ampliar seu espaço no mundo globalizado
dos negócios, até mesmo pelo crescimento que a China nas últimas décadas. São
eles:
·
O primeiro – a PETROBRAS,
destacadíssima empresa do ramo petrolífero em termos mundiais, passou a contar
com uma campanha jamais vista de desmoralização, em função da qual enfrentou
uma difamação por força da denúncia de antigos e enraizados processos de
corrupção que passaram a ser divulgados ininterruptamente, como se fosse um
processo iniciado no governo que promoveu as mudanças no país. Tal estratégia abriu
à opinião pública o aceite de que empresas estrangeiras passassem a explorar o
pré-sal, riqueza inestimável que vinha sendo saudada internacionalmente como um
capital de valor incalculável, recém descoberto pela empresa. E o capital
internacional passou a explorar as riquezas petrolíferas do país, já que a
PETROBRAS estava moralmente desqualificada e indefensável perante quem que quer
fosse.
·
O momento seguinte trouxe a desmoralização das
maiores empresas de engenharia do país, que passaram a ser destruídas, também
por força de denúncias de corrupção que as obrigou praticamente interromper
suas atividades, demitindo milhares de funcionários. Obras foram interrompidas
e tais empresas viram suas atividades paralisadas, deixando regiões e mais
regiões em estado de abandono e famílias em situação de extrema precariedade,
com a elevação dos índices de desemprego a níveis alarmantes. O país ganha
destaque em todo o mundo pela corrupção que grassa em seu interior e sua
credibilidade cai, não só perante organismos financeiros internacionais como
perante a opinião pública mundial. Importantes filhos de seu solo o abandonam e
passam a entender que o lugar em que nasceram é intrinsecamente desonesto e
genuinamente incapaz de ser um bom abrigo para os seus. A entrega dos bens
nacionais a estrangeiros passa a ser vista até como desejável, já que
internamente não há capacidade nem de gestão nem de produção eficaz.
·
Recentemente, um ataque inesperado e injusto teve
por foco as maiores empresas exportadoras de carne do país, que passaram por um
vexame em rede nacional, de imediata e drástica repercussão planetária, sendo
acusadas de corrupção e imundícies sem precedentes, na produção de seus
produtos, fazendo com que o mercado internacional passasse a cancelar
encomendas dos frigoríficos nacionais. O mercado externo se beneficia, os
competidores internacionais crescem diante da infame propaganda anti-nacional
que a todos surpreendeu, dentro e fora do país.
Não sei se faz sentido, mas de minha
parte eu recomendaria aos cientistas que desistissem de ir adiante. Só esses
três acontecimentos parecem gerar uma versão bastante lógica para se pensar que
há uma orquestração vinda de outras bandas, com cúmplices dentro do próprio
país para fazê-lo vir ao chão. Afinal de contas, o que lá sucedeu é mais inexplicável,
inconcebível mesmo, do que a construção das pirâmides do Egito e a existência das
Linhas de Nazca, no Peru.
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