ADEUS, RIGIDEZ!
4/9/17
Tenho uma amiga de infância que tem uma peculiaridade jamais
vista por mim no tocante ao mecanismo que adota para registrar seus contatos em
agenda de telefone. Ela tem uma baita
coleção de irmãos, coisa típica de família mais antiga que tinha filho meio à
moda da periodicidade dos planos de desenvolvimento – bienalmente. E isso tornava a irmandade repleta de rebentos
os mais variados. Pois a maneira como ela registra cada um em seu caderninho é
singular: todos na letra I, de Irmãos. Não importa se exista um cujo nome
comece que H, outro com R ou um terceiro com E. Ela não perde tempo de folhear.
Juntou tudo no I e resolveu seu problema. Claro que a página do I de está
superlotada, rabiscada e quase invadindo a do J, mas aí é outro problema e não
é este o caso que agora me ocupa.
O meu problema nesta manhã – e por isso me lembro dela – é ter
que localizar o nome de um médico para marcar uma consulta para rever meu pé.
É, o pé direito, este que anda dando sinais de cansaço de tanto andar errado.
Era muito bonitinho ser chamada de “patinha”, quando era adolescente e ser acarinhada
com o apelido pelo namoradinho apaixonado. Blablablablabla... Agora estou aqui com dor no
metatarso para caminhar da cama à estante de livros. Mais que isso já desisti
faz tempo. “Patinha” – querem que eu fale? – é o cacete!
E, aí, onde estará o nome do figurão? Na letra da
especialidade (O, de ortopedia), na letra de seu próprio nome (E qual é o nome
do danado?) ou no local mais óbvio, no M de médico? Vá saber...
Procuro, procuro, procuro e, graças!, achar já achei, agora é
ligar e marcar. Mas, como a minha cabeça é destas que passeiam enquanto tomo qualquer
providência, não resisti a fazer este pequeno registro, após encerrar minha
busca. Vai me dizer que ser humano não é gente engraçada? Gente de tudo quanto
é jeito? Cada qual com seu livre arbítrio – seja para o que for – da maneira de
cortar cabelo, de amar o próximo ou de escrever nome de gente amiga em
cadernetinha de endereço. Mas, isso é o
de menos. Já deveria estar no nosso contrato de “aceite geral da vida” a
aceitação deste óbvio ululante: somos diferentes e ponto final. Mas, cadê? Por
que a gente não aprende a lição do respeito ao outro e deixa de querer
enquadrar cada qual à nossa própria forma de lidar com o mundo?
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