sexta-feira, 1 de setembro de 2017

PERDAS

Quando se trata de uma morte física, os dias que se associam à pessoa que partiu reavivam o luto e abrem as feridas da saudade.  Sofrimento com data prevista, até mais seguro de ser suportado por quem sobrou pelas bandas de cá. Mas tem pior. Bem pior. É quando a morte é de um amor ou de uma amizade cujos indivíduos ainda pairam no terreno dos vivos. De onde menos se espera, sem data determinada nem qualquer aviso prévio, pode surgir o mais profundo sentimento de dor ou de lamento a corroer nossas forças, revelando despudoradamente a existência concreta de algum ausente que teria tudo para estar definitivamente jogado em algum poço inalcançável de armazenamento daquilo que ficou pra trás. Mas, não. Quando a falta ou a mágoa tem a ver com gente viva, a invasão ocorre insubordinadamente e é corrosiva.

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