SEMPRE ELE, MEU RISO...
13/9/2017
Componente 1 da historinha de hoje – O VIZINHO - Tenho um vizinho que é um entojo. É do tipo que não deve ter o que fazer a partir de sua própria vida interior e tome de estar atento ao que vai na casa dos outros. Cria problemas com todos. Já o pegamos até fotografando nossa casa, tem horror a cães, a passarinhos, a tudo que este nosso ambiente silvestre e recôndito nos coloca à mesa a cada manhã. É um vigia da vida alheia. Esconde-se e observa. Um doente, realmente detestável. Diria uma destas minhas conhecidas bem religiosas: "Só Deus na causa" para aguentá-lo. Eu, de minha parte, já o entreguei à minha parcela de desagradabilidades com que tenho que conviver nesta minha vida aqui na terra. Nada é perfeito neste canto abençoado da natureza. Dou de ombros e vou adiante...
Componente 2 da historinha de hoje – O GALÃO - Temos um galão daqueles enormes, foi comprado por meu filho e pintado e ressignificado, ganhou uma nova função, uma muito interessante mesa de apoio, estando lá fora como peça de decoração sob o telheiro. O galão é bem bonito e nós todos gostamos de tê-lo ali no canto da parte coberta em que nos protegemos em horas de boas conversas e fugas do sol. Mas a nossa peça de decoração, sabe-se lá por qual motivo, guarda um segredo com o qual nos acostumamos a conviver: vez por outra, nem desconfio do motivo, ele faz um barulho de gongo, sem hora para ser emitido e que no começo até nos assustava um pouco, quando ele morava aqui dentro de casa. Não é um barulho alto, mas é marcante e, sendo sempre inesperado, guarda um mistério quando se anuncia.
Componente 3 da historinha de hoje – EU - Tenho a minha conhecida mania de juntar coisas, circunstâncias, pessoas, memórias – e, se possível, rir dos efeitos da alquimia que promovo com os pensamentos que construo diante das peças da vida que comigo esbarram e que faço por encaixar. Sempre sou surpreendida com alguma nova associação diante do que vai surgindo no meu cotidiano – juntam-se inesperadamente em meu cérebro os fenômenos ou pessoas os mais desconexos e eu brinco de quebra-cabeças que, como falei, se trouxer como resultado algo para rir, melhor. Rir é uma permanente salvaguarda que conservo diante das mazelas do mundo. Dele mesmo, o vasto mundo, que anda tomando rumos bem piores do que poderíamos supor.
A HISTORINHA - No caso de hoje as peças aparentemente sem rima são o vizinho espião mais o galão. E conto já, já no que deu. Estava desde a madrugada agarrada na máquina às voltas com um extenso trabalho de revisão. De repente, não mais que de repente, o gongo do galão ecoou no ar. Poderia passar despercebido, já faz parte dos sons com os quais meus ouvidos estão acostumados sem susto nem vontade de perquirir do que se trata. Mas, não! Minha mente em busca do riso, faz e fez das suas. Estouro numa boa gargalhada, eu, sozinha, ela inesperada. É que dei de imaginar o fofoqueiro, anos a fio ouvindo a gongada do tonel sem saber do que se trata. Da casa dele não há como bisbilhotar o dito cujo, o gongador fica bem resguardado de voyers indesejáveis. A esta altura, dando asas à minha imaginação prodigiosa, penso que o sacana já até subiu em cadeiras e arvoredos, tudo para tentar descobrir a origem do barulho estranho. E vai morrer curioso. Deixe-me rir! Não é engraçado demais? Uma vingancinha imaginária. Mas, ótima! A alquimia de hoje deu riso. Final feliz!
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