terça-feira, 9 de agosto de 2016

ALTÍSSIMO RISCO

Estado de pavor (Imagem buscada no Google)
(Escrito em 9/8/2016)

(Estamos percebendo o tamanho do perigo?)

Como disse minha amiga Nilda Alves, como pode um país precisar de um juiz arbitrar e vir a garantir o que já é garantido pelo texto constitucional?
Desde sábado, estamos assistindo - como se fosse natural - à repressão, e até prisão - de quem se manifesta politicamente durante a Olimpíada do Rio. Ou seja: há cerca de 100 horas, a nossa Constituição está sendo ultrajada e tal desrespeito, ilegalidade mesmo, vinha sendo visto como possível, natural, aceitável. Um grita daqui, outro dali, os de sempre protestam, denunciam, principalmente aqui pelas redes sociais, mas o conjunto da população continuava e continua tomando o seu café com leite sem se importar com o que vai além da sua vontade - individual - de tomar café com leite. Ou chá. Ou champagne. Ou
vinho. Ou água. Cada um por si e a nossa lei maior jogada ao brejo. O OUTRO sendo vilipendiado, e cada qual no conforto de seu lar, zelando por si próprio e pelos seus. Tudo certo. Umbigos protegidos, que siga o baile!
E se a polícia estivesse invadindo nossas casas para procurar nosso filho que tem cabelos crespos porque os donos do poder não gostam de
cabelos crespos? E se nos parassem na rua porque não gostam de carros blindados e consideram que eles pesam mais do que deveriam? Ou carros usados com mais
de 5 anos de uso? E se fosse porque o jardim de nossas casas têm mais flores do que se considera agradável aos olhos? Ou menos? E se fosse porque só tenho um casal de filhos e deveria ter mais? Ou porque só deveria ter um? E se fosse porque minha casa não poderia estar pintada de amarelo ouro porque é uma cor tida como de mau gosto por quem manda no país? Ou verde? Ou azul? Ou branca? E se fosse...
Em 100 horas se destrói um país, uma nação ou o que quer que seja...
Aí não dá para não nos lembrarmos de Brecht e Maiakovski quando nos alertaram:
“Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.”

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