COM
QUE MEIOS?
(Escrito em 23/08/2014)
Sou das antigas. Do tempo em que Política era coisa séria. Instrumento para se construir um novo tempo – justo e democrático. Tudo era mais nítido, visível, perceptível. O joio era separado do trigo sem grande esforço. Fulano é de qual partido? Quais ideias defende? Quem o apoia? Era olhar a história de cada qual e pronto: cada qual já se habilitava para votar com justeza. Não era por ser amigo ou parente que se conquistava o voto. O voto surgia da afinidade ideológica. E vinha junto com o doce gosto de participação. Com vigor. E não era só votar. Era produzir material, panfletar, ir à luta em defesa das ideias de justiça, de humanização, de democracia, de igualdade! Bandeiras no carro. Camisetas no corpo. Gritos garganta afora. Alegria de sentir-se parte. Cansaço dos bons! “Quase igual”, só para fazer uma gracinha, do jeito que gosto. (Hi, que bom! Consegui fazer uma primeira piadinha!).
Ou era Arena ou MDB. Ou era o conservadorismo e o atraso ou era a possibilidade de mudança. E a gente ia lá e votava. Como votei, dando o meu primeiro voto, ainda morando em Campos, em Roberto Saturnino Braga, grande brasileiro, inigualável, ímpar, até hoje meu candidato para o que for. Tempos em que, em função da escuridão daqueles tempos, permanecia todo mundo embaralhado no único partido de oposição, o PMDB, a grande casa, desde que foi criado, nos idos de 66, eu assinando a ficha, me lembro como se fosse hoje, no Jardim do Liceu, Manel (1) chegando às pressas, nós dois em pé, ali mesmo, bem em frente ao coreto.
Depois, vieram os tempos em que o leque se abriu. Então, já visíveis a olho nu, em suas novas siglas, havia os mais à esquerda, os nem tanto, os revolucionários mesmo. E o bom senso e a necessidade de análise política passaram a ser mais agudos ainda. Votar em Brizola ou ficar com Miro, em nome das questões nacionais? Encontros e mais encontros. Ponderações. Dúvidas. Argumentos. Reconsiderações. Estávamos construindo o Brasil também pelo voto. Seriedade na definição era o mínimo. E nada individual. Construção coletiva de opinião. Era assim. Vocês, os mais jovens, podem acreditar!
Corta. Em cena, o ano de 2014.
As lições de antes hoje estão esvaziadas. Onde é o Norte desta parte do trajeto? Cadê a bússola? Aprendi fazendo Política que sempre há uma escolha. É analisar é ver que força política está um grau que seja mais comprometido com o novo e com a humanização. Mas. o que posso fazer? Meus esquadros e réguas não conseguem aferir. Parece que a escala mudou, criaram-se novos intervalos, ínfimos, que eu, com minha vista cansada, não consigo vislumbrar. Olho e não vejo as diferenças. O 1 está coladinho no 2. Quase trepado (sem segunda intenção, podem crer!). Não enxergo nada entre um e outro.
Se olho para quem acompanha quem, não é por esse critério que posso fazer a minha escolha, e dou com os burros n’água. Tem gente minha na inauguração do Templo de Salomão. Tem gente minha como parceira de foto e de jornada de quem eu aprendi na cartilha da participação política ser meu inimigo de classe. Tem amiga do peito, de antigas lutas, pessoa séria e sempre preocupada com a justiça social, que quase me tomba de susto ao sinalizar a intenção de votar no cara da igreja-empresa que cresce até lá na Patagônia (Eu vi!). Tem de tudo um pouco. Menos clareza e lucidez! Para mim, esclareço.
Quando eu li Cem Anos de Solidão, me vi tentada, lá pelo meio do livro, a fazer uma árvore genealógica da família para poder entender melhor o que ia sucedendo, e com quem. As ciladas do Garcia Marquez de misturar muito nome igual ou parecido estavam dificultando o meu entendimento acerca do enredo. Depois vi que isso era de somenos importância. O essencial estava além dos nomes que tanto se assemelhavam e repetiam. Mas, para esta eleição que vem aí, eu vou partir para fazer o mapa de quem está com quem, algo como um organograma, com todos os cruzamentos que estão traçados pelos diversos partidos, para ver se, assim, enxergo o grau de identidade ou de distanciamento entre cada qual, o que vai me fazer apertar o botão correto quando chegar a hora.
Mas, nem tudo está perdido. Cá do meu canto, fico refletindo que quanto a um aspecto – e fundamental! – eu posso pensar com menos chance de errar: se para o Executivo estou às tontas, tamanha a barafunda reinante, preciso investir mais firmemente numa composição com maior nitidez ideológica para compor o LEGISLATIVO. Até porque, é nesse âmbito que alguns passos podem ser dados numa direção oposta à da mixórdia que aí está.
Será que estou saindo pela tangente?
Sou das antigas. Do tempo em que Política era coisa séria. Instrumento para se construir um novo tempo – justo e democrático. Tudo era mais nítido, visível, perceptível. O joio era separado do trigo sem grande esforço. Fulano é de qual partido? Quais ideias defende? Quem o apoia? Era olhar a história de cada qual e pronto: cada qual já se habilitava para votar com justeza. Não era por ser amigo ou parente que se conquistava o voto. O voto surgia da afinidade ideológica. E vinha junto com o doce gosto de participação. Com vigor. E não era só votar. Era produzir material, panfletar, ir à luta em defesa das ideias de justiça, de humanização, de democracia, de igualdade! Bandeiras no carro. Camisetas no corpo. Gritos garganta afora. Alegria de sentir-se parte. Cansaço dos bons! “Quase igual”, só para fazer uma gracinha, do jeito que gosto. (Hi, que bom! Consegui fazer uma primeira piadinha!).
Ou era Arena ou MDB. Ou era o conservadorismo e o atraso ou era a possibilidade de mudança. E a gente ia lá e votava. Como votei, dando o meu primeiro voto, ainda morando em Campos, em Roberto Saturnino Braga, grande brasileiro, inigualável, ímpar, até hoje meu candidato para o que for. Tempos em que, em função da escuridão daqueles tempos, permanecia todo mundo embaralhado no único partido de oposição, o PMDB, a grande casa, desde que foi criado, nos idos de 66, eu assinando a ficha, me lembro como se fosse hoje, no Jardim do Liceu, Manel (1) chegando às pressas, nós dois em pé, ali mesmo, bem em frente ao coreto.
Depois, vieram os tempos em que o leque se abriu. Então, já visíveis a olho nu, em suas novas siglas, havia os mais à esquerda, os nem tanto, os revolucionários mesmo. E o bom senso e a necessidade de análise política passaram a ser mais agudos ainda. Votar em Brizola ou ficar com Miro, em nome das questões nacionais? Encontros e mais encontros. Ponderações. Dúvidas. Argumentos. Reconsiderações. Estávamos construindo o Brasil também pelo voto. Seriedade na definição era o mínimo. E nada individual. Construção coletiva de opinião. Era assim. Vocês, os mais jovens, podem acreditar!
Corta. Em cena, o ano de 2014.
As lições de antes hoje estão esvaziadas. Onde é o Norte desta parte do trajeto? Cadê a bússola? Aprendi fazendo Política que sempre há uma escolha. É analisar é ver que força política está um grau que seja mais comprometido com o novo e com a humanização. Mas. o que posso fazer? Meus esquadros e réguas não conseguem aferir. Parece que a escala mudou, criaram-se novos intervalos, ínfimos, que eu, com minha vista cansada, não consigo vislumbrar. Olho e não vejo as diferenças. O 1 está coladinho no 2. Quase trepado (sem segunda intenção, podem crer!). Não enxergo nada entre um e outro.
Se olho para quem acompanha quem, não é por esse critério que posso fazer a minha escolha, e dou com os burros n’água. Tem gente minha na inauguração do Templo de Salomão. Tem gente minha como parceira de foto e de jornada de quem eu aprendi na cartilha da participação política ser meu inimigo de classe. Tem amiga do peito, de antigas lutas, pessoa séria e sempre preocupada com a justiça social, que quase me tomba de susto ao sinalizar a intenção de votar no cara da igreja-empresa que cresce até lá na Patagônia (Eu vi!). Tem de tudo um pouco. Menos clareza e lucidez! Para mim, esclareço.
Quando eu li Cem Anos de Solidão, me vi tentada, lá pelo meio do livro, a fazer uma árvore genealógica da família para poder entender melhor o que ia sucedendo, e com quem. As ciladas do Garcia Marquez de misturar muito nome igual ou parecido estavam dificultando o meu entendimento acerca do enredo. Depois vi que isso era de somenos importância. O essencial estava além dos nomes que tanto se assemelhavam e repetiam. Mas, para esta eleição que vem aí, eu vou partir para fazer o mapa de quem está com quem, algo como um organograma, com todos os cruzamentos que estão traçados pelos diversos partidos, para ver se, assim, enxergo o grau de identidade ou de distanciamento entre cada qual, o que vai me fazer apertar o botão correto quando chegar a hora.
Mas, nem tudo está perdido. Cá do meu canto, fico refletindo que quanto a um aspecto – e fundamental! – eu posso pensar com menos chance de errar: se para o Executivo estou às tontas, tamanha a barafunda reinante, preciso investir mais firmemente numa composição com maior nitidez ideológica para compor o LEGISLATIVO. Até porque, é nesse âmbito que alguns passos podem ser dados numa direção oposta à da mixórdia que aí está.
Será que estou saindo pela tangente?
(1) Manoel Luiz Martins
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